Os resultados da Embraer no quarto trimestre de 2014 e as projeções da empresa para este ano ficaram abaixo do esperado pelo mercado, que reagiu provocando forte queda nas ações da empresa. Pouco depois das 11 horas, as ações caíram 13,40% e entraram em leilão. Os papéis terminaram o dia cotados a R$ 24,50, queda de 4,48%.
No quarto trimestre a companhia fechou com lucro líquido de R$ 242 milhões, o que representou uma queda de 60,2% ante igual período de 2013. As receitas do segmento de aviação comercial, carro chefe da empresa, recuaram 13% na comparação anual, com menor volume e mix mais fraco, o que levou à queda da margem bruta, de 22,7 % em 2013 para 19,8% no ano passado. No último trimestre a margem bruta ficou em 17,4%, ante 24,6% em 2013. O Bank of America Merrill Lynch (BofA) destacou a queda na margem Ebit (lucro antes de encargos financeiros, pagamento de juros e impostos) decorrente dos maiores custos de produção e também do maior volume de entregas do jato E-175 (o menor avião da família de jatos comerciais), que representaram 73% da receita total no segmento de aviação comercial.
No segmento executivo, a receita diminuiu 12% e na área de defesa, 3%. O BTG informou esperar que os resultados mais fracos sejam compensados com o real desvalorizado e melhoria no segmento de aviação executiva. Para o Credit Suisse, no entanto, havia a expectativa de que a depreciação de cerca de 20% do real mais do que compensaria o enfraquecimento do mix de jatos comerciais e o crescimento mais lento nas ordens da aviação executiva, que teve receita 48% abaixo do esperado.
A previsão da empresa para 2015, segundo o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Embraer, José Antônio Filippo, é de uma geração de caixa negativo menor que US$ 100 milhões. Para o Credit, o número mostra melhora na comparação com o fluxo de caixa negativo de US$ 404 milhões em 2014, mas ainda é decepcionante, já que a expectativa era que a Embraer conseguisse normalizar seu capital de giro durante o ano.
O executivo disse que a área de defesa não é a única responsável por este resultado. “É uma combinação de fatores que inclui também o maior montante de investimentos a serem realizados pela companhia durante o ano”, explicou. Em 2014 a Embraer investiu US$ 433 milhões e este ano estão previstos US$ 650 milhões.
A fabricante aguarda definição do governo sobre o novo orçamento para definir o andamento dos programas na área de defesa e segurança. Em teleconferência com jornalistas, Filippo disse que os programas de desenvolvimento do jato de transporte militar KC-390, bem como a modernização dos caças AMX e F-5 continuam ativos, apesar da indefinição quanto ao pagamento dos atrasados. O atraso no repasse de verbas para os programas de defesa da Embraer foi um dos fatores que levaram a empresa a uma revisão na sua projeção de fluxo de caixa livre em 2014.
A Embraer atribuiu à menor geração de caixa operacional no quarto trimestre de 2014 à combinação de um aumento nas contas a receber de clientes e nos estoques, bem como um declínio no adiantamento de clientes. As contas a receber de clientes tiveram um aumento de R$ 513,8 milhões em relação ao final de 2013 e encerraram 2014 em R$ 1.8 bilhão.
Segundo o Valor apurou, o projeto do jato de transporte militar KC-390, por exemplo, acumulou no ano passado um atraso superior a R$ 500 milhões. Os programas de modernização dos caças AMX e F-5, avaliados em R$ 2,1 bilhões, também foram afetados e a FAB pretende reduzir o número de aeronaves AMX modernizadas de 43 para 30.
Apesar das dificuldades enfrentadas neste setor, o faturamento da Defesa & Segurança alcançou 22,9% de participação na receita total da companhia. A expectativa da companhia é que a área de defesa tenha uma receita entre US$ 1,1 bilhão e US$ 1,25 bilhão este ano. A carteira de pedidos firmes encerrou o ano com um crescimento de 15% no último trimestre em comparação com o mesmo período de 2013, atingindo US$ 20,9 bilhões.
FONTE: Valor Econômico / Poder Aéreo
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