Castelos no ar no Kaganato de Nuland - Noticia Final

Ultimas Notícias

Post Top Ad

Responsive Ads Here

Post Top Ad

domingo, 15 de março de 2015

Castelos no ar no Kaganato de Nuland

Victoria Nuland
Há um país das maravilhas onde príncipes e princesas mágicos resgatam pessoas das garras e sortilégios maléficos de bruxas horrorosas. Chama-se Kaganato de Nuland.

No Kaganato reinam, claro, a Secretária–Assistente de Estado para a Europa, Victoria Nuland, e o marido dela, Robert Kagan, autores, respectivamente, da mais completa imbecilidade jamais registrada nos anais da política externa dos EUA (“Foda-se a União Europeia”); e do pior livro sobre política externa surgindo numa década que, no geral, só produziu livros péssimos.

Comentei a horrorosa peça que Kagan produziu, quando do lançamento, há três anos, com a tal tese dele, de contos de fadas, sobre o triunfo inevitável da democracia liberal.

É possível na Primavera Árabe que estamos vendo, uma continuação de Terceira Onda, ou talvez mesmo uma quarta. A explosão de democracia está entrando já na quinta década sem interrupção, a mais longa e mais ampla dessas expansões na história – escreveu Kagan.

E Nuland teve seus 15 minutos de fama quando alguém, presumivelmente a inteligência russa, vazou para o Youtube o seu palavreado rastaquera, ridículo, em conversa, em 2013, com o embaixador dos EUA na Ucrânia. Vídeo legendado a seguir:  


Kagan e Nuland sinceramente creram que a derrubada do governo de Yanukovich pelo movimento da Praça Maidan inspiraria um movimento na Rússia que acabaria por depor Vladimir Putin, assim como creram que a Primavera Árabe inauguraria uma grande onda democrática no Oriente Médio. Danaram-se.

A popularidade de Putin alcançou os píncaros de toda a sua longa carreira política (86%); e a hostilidade russa contra os EUA ultrapassou até os níveis da era soviética.

Mais de 80% dos russos têm hoje concepção negativa dos norte-americanos, segundo o independente Levada Center, número que mais do que dobrou durante o ano passado e é, de longe, o mais baixo pico negativo em toda a série histórica que o Centro acompanha desde 1988,  como noticiou o Washington Post dia 9/3/2014.

Popularidade de Putin após o golpe em Kiev
Os europeus – em cuja porta foi deixada aquela descomunal trapalhada ucraniana – estão compreensivelmente furiosos. Der Spiegel, maior empresa-imprensa alemã, reclamou, dia 6/3/2014, de que Nuland e outros norte-americanos querem “mudança de regime” em Moscou. Eu também quero mudança de regime em Moscou, e também quero a restauração dos sacrifícios no Templo em Jerusalém. Nem por isso estou esperando que aconteça semana que vem. Temos de conviver com Putin ainda por muito tempo, e a conversa de forçar “mudança de regime” a torto e a direito é equivalente a todos os dias disparar balas de papel e cuspe, com estilingue, no focinho do leão do zoológico: só serve para aumentar a probabilidade de o leão devorar o tratador.

A política dos EUA produziu resultado que é o perfeito inverso do que queria produzir: nunca nos passou pela cabeça que a maioria dos russos consideraria péssima notícia que a Crimeia, província russa desde a fundação, passasse a integrar o sistema da aliança ocidental; ou que os russos protestariam furiosamente, se o ocidente se pusesse a mandar em seus assuntos políticos. Nunca consideramos a ideia de que China e Rússia poderiam dar jeito em suas diferenças, e alinhar-se contra nós. Não demos nenhuma atenção ao alerta aberto, claro, da Rússia, de que se aliaria ao Irã, para retaliar contra a política norte-americana na Ucrânia. Somos como jogador de xadrez que pensa uma jogada à frente. Mas Putin pensa três, quatro jogadas à frente. Pode nos encurralar num canto e, movimento seguinte, nos despachar para bem longe do tabuleiro.

Agora, os Republicanos meteram-se numa situação tal que estão obrigados a se posicionar contra Putin e a culpar Obama pelo espantoso, vergonhoso resultado. Obama, verdade seja dita, deu-nos o pior de dois mundos: a descarada provocação (da Sra. Kagan), combinada com fraqueza. As opções dos EUA na Ucrânia são limitadas. Podemos mandar para a Ucrânia quantas armas nos dê na telha; os russos podem até ser muito mais fracos que nosso exército; mas lá, no quintal deles, sempre serão mais eficazes que nós.

Putin joga xadrez com o "OCIDENTE"
Putin não quer controlar a Ucrânia. Está convertendo a Ucrânia, isso sim, num abcesso supurado de instabilidade – como eu previ, há um ano, que ele faria. Putin não é dado a surtos e chiliques. Suas ações são refletidas, calculadas e cheias de segundas intenções, e ele está alcançando exatamente o resultado que queria. Como Jakub Grygiel observou em American Interest, Putin “não tem medo de estados zumbis”.

A grande vantagem de Putin sobre os EUA – apesar da fraqueza da Rússia – é a capacidade para empurrar todo o peso da incerteza para as costas do adversário. Se se ouvem as sandices de Nuland no YouTube... é de doer! A noção que tem essa senhora do que seja o governo na Ucrânia soa como garotinha de seis anos arrumando as bonequinhas para brincar de comidinha.

Putin pensa como o grande anti-herói norte-americano, o Agente Continental [orig. Continental Op], detetive sem nome de Dashiell Hammett:

Às vezes, tudo bem planejar muito... Mas às vezes, tudo bem dar uma agitada – se você se segura e continua a saber o que quer, mesmo quando o agito chega à cabeça (Red Harvest, 1929; Seara Vermelha).

Contra esse Putin-Continental Op, os EUA são o Cavaleiro Solitário (Lone Ranger).

Entrementes, a perspicaz chanceler alemã Angela Merkel já nos disse, em fórmula compacta:

Nós?! Nós quem, cara pálida?!

S-400 - Sistema anti-aéreo de mísseis  de defesa
(clique na imagem para aumentar)


Que ninguém espere que a realidade brote do chão, no reino mágico do Kaganato de Nuland; essa gente acredita na marcha da democracia liberal com fervor de apóstolos milenaristas. É a religião deles. Nenhum fato-efeito na vida real sequer faz cócegas na intensidade da fé.

Vencemos a União Soviética durante a Guerra Fria, porque persuadimos os líderes russos de que eles nunca conseguiriam suplantar a geração seguinte da tecnologia bélica dos EUA. Muitas coisas ajudaram, mas esse foi o fator decisivo. O esforço massivo dos EUA em Pesquisa e Desenvolvimento na produção de mísseis de defesa e outras tecnologias convenceu os russos de que nunca nos derrotariam em guerra.

O único modo que há agora para pôr Putin no lugar dele, é lançar programa gigante, descomunal, massivo, que torne obsoletos, o mais rapidamente possível, os formidáveis sistemas de defesa russos (inclusive o sistema S-400 que Putin está vendendo à China). Putin ficará sem suas mais fortes capacidades e deixará de receber atenção total, concentrada, da China. 

Redecastorphoto

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Top Ad