(06-03-2015) Cientistas da Comissão Nacional de Energia Atômica estão montando um acelerador de partículas que pode matar tumores difusos e infiltrantes minimizando efeitos adversos. Esta nova tecnologia pode instalar-se em hospitais e reduzir custos frente a terapias com reatores nucleares.
Em muitas oportunidades, a energia nuclear é vítima da má imprensa, mas sua potência é muito utilizada, entre outras coisas, para combater a um dos inimigos mais temidos: o câncer. Prova disto são a conhecida radioterapia, que pode eliminar tumores com radiação gama, e os reatores nucleares, utilizados para combater células tumorais disseminadas. Para elevar ainda mais sua eficácia e abaratar custos, cientistas argentinos constroem uma nova ferramenta. O investigador Superior do CNEA-CONICET, físico e responsável do projeto, Andrés Kreiner, explicou a Agência CTyS que “não é possível instalar um reator num hospital porque é muito complexo e têm um inventário permanente de radioatividade. Um acelerador, em troca, deixa de produzir radioatividade quando é desligado e ademais, é muitíssimo mais simples, mais barato e mais fácil de licenciar”.
Hoje, em todo o mundo, só existe um acelerador de partículas funcionando para este tratamento no Japão, mas se trata de um dispositivo construído com outra finalidade e que foi adaptado não sendo a máquina apropriada. Além da Argentina, o Reino Unido, Japão, Israel, Itália e Rússia se encontram gerando protótipos para este tipo de procedimento.
A particularidade desta terapia é que pode ser utilizada em tumores muito agressivos como melanomas e outros tumores infiltrantes, minimizando os efeitos adversos aos tecidos sãos. “Houveram ensaios clínicos para curar estes melanomas na Argentina e deram muito bons resultados. O controle local é muito bom, mas como estas são doenças que se disseminam, só podem controlar-se se forem atendidas a tempo”, alerta o físico.
Por meio desta poderosa ferramenta terapêutica podem eliminar-se todas as células tumorais que afetam a um tecido, mas como funciona? A resposta não é simples. Em primeiro lugar, é necessário aplicar por vía intravenosa ao paciente um medicamento que contenha o elemento Boro 10 (o isótopo de massa 10 do Boro), para logo expô-lo aos nêutrons produzidos pelo acelerador de partículas. Sim, é necessário explicar.
“O Boro 10 é um elemento químico que existe na natureza e não é tóxico nem radioativo. Pode ser injetado no paciente que não vai lhe acontecer nada. O Boro se injeta com uma droga que têm a particularidade de ser absorvida.
Uma vez que o paciente é colocado frente ao tubo de saída do acelerador de partículas, os nêutrons ingressam em seu organismo e o Boro 10, que já está dentro do tumor, entra em ação. Este é um dos poucos elementos com uma grande capacidade de capturar nêutrons, então, atua como uma espécie de imã que atrai a todos os nêutrons ao interior das células afetadas, onde se produz a reação nuclear.
Quando o Boro 10 captura ao nêutron, se libera uma partícula alfa e uma de lítio7 dentro de cada célula tumoral. “Estas são partículas altamente ionizantes que destroem o ADN dos tumores, que já não podem reproduzir-se. Ademais, estas têm uma energia tal que se freiam dentro da própria célula, pelo que não produzem nenhum efeito no tecido são circundante”, sublinha o doutor Kreiner.
No momento, o protótipo fabricado pela equipe de investigação da CNEA está sendo testado com resultados satisfatórios. Instalado no Centro Atômico Constituyentes, é uma das provas do potencial nuclear argentino. “Argentina está no pelotão dos países mais avançados na terapia por captura neutrônica em boro”, conclui o doutor Kreiner. (Gaspar Grieco – Agência CTyS).
Fonte: misionesonline.net
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