Decisão causa forte apreensão entre empresários suecos da indústria de armamentos, que temem que a medida venha a afetar os negócios com os demais países do Oriente Médio, além de colocar em cheque a capacidade da indústria de defesa sueca em honrar seus compromissos ao redor do mundo.
O governo sueco, liderado do Primeiro Ministro Stefan Löfven, está sendo severamente criticado, tanto por políticos, quanto por empresários locais, depois da decisão de seu governo em suspender unilateralmente um acordo estratégico com a Arábia Saudita.
Os principais empresários da Suécia afirmam que a medida é potencialmente prejudicial às relações comerciais do país com as demais nações árabes, além de levantar dúvidas a respeito da credibilidade da indústria de defesa sueca em todo mundo.
Em um posicionamento conjunto, os mais proeminentes empresários da indústria de defesa e setor financeiro da Suécia pediram ao governo que revisse esse posicionamento, a fim de salvaguardar as exportações e interesses comerciais suecos entre nações árabes.
A motivação do governo sueco para tal deve-se à postura da Arábia Saudita diante de questões internas de direitos humanos.
Em retaliação, e reagindo ao que definiu como sendo um grande prejuízo no, até então, diálogo construtivo entre os dois países, a Arábia Saudita impediu que a Ministra das Relações Exteriores da Suécia, Margot Wallström, discursasse numa reunião de cúpula da Liga Árabe, realizada no Cairo, em 9 de março.
Wallström já havia descrito a Arábia Saudita como sendo uma ditadura, denunciando o tratamento dado às mulheres, além da falta de processos legais e sistemas democráticos transparentes. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores saudita descreveu as críticas de Wallström como uma “interferência flagrante” em seus assuntos internos, tendo chamado de volta, no dia 11 de março, o seu embaixador na Suécia, Saad bin Ibrahim al- Brahim.
A reação de setores políticos e os principais líderes da indústria da Suécia foi rápida e afiada.
“A decisão de suspeder unilateralmente os acordos comerciais atualmente em vigor na área de defesa prejudicou a reputação da Suécia e sua credibilidade como parceiro contratual. Essa credibilidade é importante para um país relativamente pequeno como a Suécia”, afirmou Carl Bildt, proeminente político sueco e ex Ministro de Comércio Exterior.
Nas palavras de Leif Johansson, ex-Presidente do Grupo Volvo e atual Presidente do gigantesco conglomerado sueco na área de telecomunicações de eletrônica LM Ericsson, “a decisão do governo Löfven trará sérias implicações para o comércio sueco e relações políticas com os países da Liga Árabe. Vai demorar alguns anos até que possamos medir a extensão dos problemas causados com a medida e como isso vai repercutir mundo a fora.”
As exportações de defesa da Suécia caíram 33% em 2014. Desse montante, 14% deve-se a acordos comerciais celebrados com a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar e Omã.
Numa indicação de que a postura do governo sueco será mantida, e até ampliada, uma comissão parlamentar foi estabelecida para avaliar todos os contratos em andamento no setor de defesa, celebrados com os chamados “Estados não democráticos.” Um relatório deve ser apresentado até meados de abril.
A Arábia Saudita é o maior importador de armas em todo mundo, superando a Índia. De acordo com o Instituto de Pesquisa para a Paz Internacional de Estocolmo, os sauditas, em 2010, receberam 200 unidades do sistema de mísseis antitanque Bill 2, que foram encomendados em 2005, quando os dois países assinaram acordo de cooperação militar de 10 anos.
Em 2013, a Arábia Saudita comprou duas aeronaves de Alerta Aéreo Antecipado e Controle SAAB E-2000 (Saab 2000 Erieye AEW&C), no valor de US$ 670 milhões, das quais, apenas uma foi entregue em dezembro de 2014.
Forte aliado dos sauditas, os Emirados Árabes Unidos, entre 2007 e 2013, compraram dos suecos quatro lanchas de desembarque L-22, doze lanchas rápidas de ataque tipo Ghannatha II, seis radares de vigilância de médio alcance Giraffe AMB, sete veículos aéreos não tripulados CybAero APID-55 e duas aeronaves de Alerta Aéreo Antecipado e Controle Saab 340 AEW&C.
Também em 2005, a Arábia Saudita comprou para o Paquistão uma grande quantidade de sistemas de armas de origem sueca, que incluiu quatro unidades da aeronave Saab 2000 Erieye AEW&C.
Apesar da ampla variedade de sistemas de armas adquiridos pelos sauditas, nunca houve interesse do país no caça sueco Saab JAS 39 Gripen. A Real Força Aérea Saudita (RSAF) emprega em sua aviação de caça/ataque aeronaves produzidas nos EUA e Reino Unido, nomeadamente os Boeing F-15, Eurofighter Typhoon e Panavia Tortado IDS
FONTE: DefenseNews, SABQ Online, AIRheadsFLY – EDIÇÃO: Cavok
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