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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Combates tornam principal porto do Iêmen em ‘cidade-fantasma’

Tanque de milícia leal ao presidente iemenita em confrontos em Áden (EPA)
À medida que conflito se intensifica, aumenta o número de mortos, feridos e deslocados em Áden
A batalha pelo porto iemenita de Áden tem feito do local uma “cidade fantasma”, disse à BBC o responsável pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Robert Ghosen.

Segundo ele, há uma demanda urgente por ajuda médica em Áden, onde um grupo rebelde xiita está combatendo forças leais ao governo.

Agências humanitárias dizem que mais de 540 pessoas foram mortas e 2 mil ficaram feridas no país apenas nas duas últimas semanas de combate, e mais de 100 mil foram forçadas a se deslocar.

Aeronaves da coalizão liderada pela Arábia Saudita e apoiada pelos EUA estão bombardeando os rebeldes, em apoio ao governo.

O presidente iemenita, Abdrabbuh Mansour Hadi, fugiu no mês passado para a Arábia Saudita, diante do avanço dos rebeldes em Áden, ao sul da capital do país, Sanaa.

Áden, agora, convive tanto com o avanço dos rebeldes quanto com os bombardeios das forças sauditas.

Leia mais: Mergulhado em violência sectária, Iêmen vive ‘vácuo de poder'; entenda

Os combates escalaram na cidade portuária nesta semana, e há relatos de superlotação em hospital, sequestros de ambulâncias e corpos largados nas ruas.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha diz estar pronto para enviar duas aeronaves ao Iêmen com suprimentos médicos, mas até o momento não pôde fazê-lo.

Na última segunda-feira, um dos voos foi suspenso por conta de problemas logísticos.

Segundo o Unicef, há ao menos 74 crianças entre os mortos.

Falta de equipamentos

O conflito no Iêmen envolve o grupo xiita huti, do norte do país, que tomou o controle de Sanaa no ano passado e desde então tem expandido seus domínios, e também a Al-Qaeda na Península Arábica, (AQAP na sigla em inglês) visto pelos EUA como o mais perigoso braço da rede extremista.

A AQAP se opõe tanto aos hutis como ao presidente Hadi.

Ao mesmo tempo, emergiu por ali também uma filial iemenita do grupo autodenominado “Estado Islâmico”, que tenta eclipsar a AQAP.

Em meio aos combates entre os grupos e os bombardeios sauditas, “vemos muitas pessoas chegando mortas aos hospitais ou morrendo ali”, disse Robert Ghosen ao programa Today, da BBC. “Os hospitais não têm equipamentos ou equipes adequadas (à gravidade da situação).”

A população, por sua vez, está escondida, e a economia está parada, ele agregou. As ruas de Áden estão repletas de lixo e destroços dos edifícios destruídos.

“(A cidade) está repleta de pessoas armadas de diferentes grupos, combatendo. É uma cidade grande e nada está funcionando.”

A estudante Nizma Alozebi, que é de Áden, disse à BBC que a violência se espalhou a áreas residenciais e à maioria do comércio.

“As pessoas estão temerosas por sua segurança e seus bens. É uma insanidade.”

Cessar-fogo

A Cruz Vermelha havia pedido um cessar-fogo de 24 horas em Áden, enquanto a Rússia instou o Conselho de Segurança da ONU a apoiar uma “pausa humanitária” nos bombardeios aéreos.

Nesta terça-feira, aeronaves sauditas bombardearam uma base militar no centro do Iêmen, perto da cidade de Ibb.

O ataque foi direcionado a forças leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, que combatem junto aos hutis. A ofensiva parece ter ocorrido ao lado de uma escola, e uma emissora ligada aos rebeldes afirmou que três crianças foram mortas.

Ao mesmo tempo, os EUA disseram que vão acelerar o envio de armas à coalizão saudita, para mostrar aos hutis e seus aliados que “eles não conseguirão tomar o Iêmen à força”, nas palavras do vice-secretário de Estado americano, Antony Blinken.

Os hutis, por sua vez, dizem que o objetivo é substituir o governo de Hadi, que acusam de corrupção.

A Arábia Saudita alega que os rebeldes têm apoio militar do rival regional Irã (país de maioria xiita), que nega a acusação.

Fonte: BBC Brasil
Plano Brasil

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