O primeiro-ministro macedônio, Nikola Gruevski, anunciou o fim do assalto contra os terroristas.
Thierry Meyssan
A Macedônia acaba de colocar fora combate um grupo armado, impossibilitando-o de causar danos, do qual ela vigiava os comanditários, desde há pelo menos oito meses. Ela preveniu, assim, um novo golpe de Estado, planejado por Washington para 17 de maio. Tratava-se de expandir para a Macedônia o caos já instalado na Ucrânia, de modo a impedir a passagem de um gasoduto russo para a União Europeia.
O caso de Kumanovo
A polícia da Macedônia lançou, ao alvorecer de 9 de maio de 2015, uma operação para deter um grupo armado, que se tinha infiltrado no país e que ela suspeitava preparar diversos atentados.
A polícia evacuou a população civil antes de lançar o assalto.
Tendo os suspeitos aberto fogo, seguiu-se uma feroz batalha que causou 14 mortos do lado dos terroristas e 8 no lado das forças da ordem. Foram feitos prisioneiras 30 pessoas. Há muitos feridos.
Não é ação terrorista, mas sim uma tentativa de golpe Estado
A polícia da Macedónia estava manifestamente bem informada antes de lançar a sua operação. De acordo com o ministro do Interior, Ivo Kotevski, o grupo preparava uma operação muito importante para 17 de maio (quer dizer, logo aquando da manifestação convocada pela oposição albanófona em Skopje).
A identificação dos suspeitos permitiu estabelecer que eles eram quase todos antigos membros do UÇK (Exército de Libertação do Kosovo) [1].
- O Refúgio do grupo armado em Kumanovo
Entre estes encontram-se :
• Sami Ukshini dito «Comandante Sokoli», cuja família desempenhou um papel histórico no UÇK.
• Sami Ukshini dito «Comandante Sokoli», cuja família desempenhou um papel histórico no UÇK.
• Rijai Bey, antigo guarda-costas de Ramush Haradinaj, (ele próprio traficante de droga, chefe militar do UÇK, depois Primeiro-ministro do Kosovo. Foi julgado duas vezes, pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, por crimes de guerra, mas absolvido porque 9 testemunhas cruciais foram assassinados durante o decorrer do processo).
• Dem Shehu, actual guarda-costas do líder albanófono e fundador do partido albanês BDI, Ali Ahmeti.
• Mirsad Ndrecaj dito «Comandante da Otan», neto de Malic Ndrecaj comandante da 132ª Brigada do UÇK.
• Mirsad Ndrecaj dito «Comandante da Otan», neto de Malic Ndrecaj comandante da 132ª Brigada do UÇK.
Os principais chefes desta operação, entre os quais Fadil Fejzullahu (morto durante o assalto) são próximos do embaixador dos Estados Unidos em Skopje, Paul Wohlers.
- Fejzullahu Fadil, um dos líderes do grupo armado morto durante o assalto, com seu patrão, o embaixador dos Estados Unidos em Skopje, Paul Wohlers.
Este último é filho de um diplomata norte-americano, Lester Wohlers, que jogou um papel importante na propaganda atlantista e dirigiu o departamento cinematográfico da U.S. Information Agency (Agência de Informação dos E.U.- ndT). O irmão de Paul, Laurence Wohlers, é actualmente embaixador na República Centro-Africana. O próprio Paulo Wohlers, antigo piloto da Marinha, é um especialista de contra-espionagem. Foi director-adjunto do Centro de operações do Departamento de Estado (ou seja, o serviço de vigilância e proteção de diplomatas).
- Embora a Macedónia não faça parte da Otan, Jens Stoltenberg «seguiu» a operação policial em Kumanovo.
Para que não reste qualquer dúvida sobre os comanditários, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, interveio antes do final do assalto. Não para declarar a sua condenação do terrorismo e o seu apoio ao governo constitucional da Macedónia, mas para transformar o grupo terrorista numa oposição étnica legítima: «É com viva preocupação que sigo os acontecimentos que se desenrolam em Kumanovo. Eu envio as minhas condolências ás famílias dos mortos ou feridos. É importante que todos os dirigentes políticos e líderes da comunidade se empenhem, em conjunto, a restabelecer a calma e lancem uma investigação transparente para determinar o que se passou. Eu apelo, veementemente, a todos para mostrarem moderação e evitarem qualquer nova escalada, no interesse do país e do conjunto da região.»
Será preciso ser cego para não compreender.
- Quando era governador da região de Stroumitsa, Zoran Zaev foi acusado de ter favorecido a construção de um centro comercial e preso por corrupção. Para o apoiar o seu partido retirou-se do Parlamento. No fim, ele foi agraciado pelo Presidente da República, Branko Crvenkovski, que presidia então o seu partido. Ele foi eleito presidente do SDSM em junho de 2013.
Em janeiro de 2015, a Macedónia frustrou uma tentativa de golpe de Estado em favor do líder da oposição social-democrata Zoran Zaev. Quatro pessoas foram presas e Z. Zaev viu o seu passaporte confiscado, enquanto a imprensa atlantista começava a denunciar uma «deriva autoritária do regime» (sic).
Zoran Zaev é publicamente apoiado pelas embaixadas dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Alemanha e da Holanda. Mas, até agora, não há nenhum vestígio na tentativa de golpe de Estado senão o de responsabilidade dos EUA.
A 17 de maio, era suposto o Partido Social-Democrata (SDSM) [2] de Zoran Zaev organizar uma manifestação. Ele devia distribuir 2.000 máscaras de modo a impedir a polícia de identificar os terroristas no seio do cortejo. Durante a manifestação o grupo armado, disfarçado por estas máscaras, devia atacar várias instituições e lançar uma pseudo- «revolução» comparável à da Praça Maidan, em Kiev.
Este golpe foi coordenado por Zechevich Mile, um antigo funcionário de uma das fundações de George Soros.
Para compreender a urgência de Washington em derrubar o governo da Macedónia, é preciso voltarmos à guerra dos gasodutos. Porque a política internacional é um grande tabuleiro de xadrez, onde cada movimentação de uma peça provoca repercussões sobre as outras.
A guerra do gás
- O gasoduto Turkish Stream deverá passar através da Turquia, da Grécia, da Macedônia e da Sérvia para fornecer a União Europeia com gás russo. Por iniciativa do Presidente húngaro, Viktor Orbán, os ministros dos Estrangeiros dos países envolvidos reuniram-se em 7 de Abril, em Budapeste, para se coordenarem face aos Estados Unidos e à União Europeia.
Desde 2007, os Estados Unidos tentam cortar as comunicações entre a Rússia e a União Europeia. Eles conseguiram sabotar o projeto South Stream, forçando a Bulgária a anular a sua participação, mas a 1 de dezembro de 2014, para surpresa geral, o presidente russo Vladimir Putin lançou um novo projeto conseguindo convencer o seu homólogo turco Recep Tayyip Erdogan a estabelecer um acordo com ele, muito embora a Turquia seja membro da Otan [3]. Foi acordado que Moscou iria fornecer gás a Ancara e que esta a forneceria, por sua vez, à União Europeia, contornando assim o embargo anti-russo de Bruxelas. A 18 de abril de 2015, o novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, deu o seu acordo para que o gasoduto atravesse o seu país [4]. O primeiro-ministro macedônio, Nikola Gruevski, tinha, entretanto, discretamente chegado a acordo em março último [5]. Finalmente, a Sérvia, que já fazia parte do projeto South Stream, tinha indicado ao ministro russo da Energia, Aleksandar Novak, aquando da sua recepção em Belgrado, em abril, que estava pronta a mudar para o projeto Turkish Stream [6] .
Para parar o projeto russo, Washington multiplicou as iniciativas:
na Turquia, apoia o CHP contra o Presidente Erdoğan, na esperança de fazê-lo perder as eleições ;
na Grécia, enviou, a 8 de maio, Amos Hochstein, diretor do Gabinete de recursos energéticos, para instar o governo Tsipras a renunciar ao seu acordo com a Gazprom;
previu –em relação a todas as hipóteses possíveis— bloquear a rota do gasoduto, colocando um de seus fantoches no poder na Macedônia ;
e na Sérvia, relançou o projeto de secessão da ponta de território, a Voivodina, permitindo a junção com a Hungria [7].
na Turquia, apoia o CHP contra o Presidente Erdoğan, na esperança de fazê-lo perder as eleições ;
na Grécia, enviou, a 8 de maio, Amos Hochstein, diretor do Gabinete de recursos energéticos, para instar o governo Tsipras a renunciar ao seu acordo com a Gazprom;
previu –em relação a todas as hipóteses possíveis— bloquear a rota do gasoduto, colocando um de seus fantoches no poder na Macedônia ;
e na Sérvia, relançou o projeto de secessão da ponta de território, a Voivodina, permitindo a junção com a Hungria [7].
Última notas e não das menos importantes : o Turkish Stream alimentará a Hungria e a Áustria, pondo fim ao projeto alternativo negociado pelos Estados Unidos com o Presidente Hassan Rohani, (contra o conselho dos Guardas da Revolução), de aprovisionamento com gás iraniano [8].
Tradução Alva
Oriente Mídia
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