O Pentágono se prepara para uma confrontação prolongada com a Rússia.
Em vez de construir pontes e ter em conta a posição da Rússia, os EUA e a Aliança do Atlântico Norte escolheram preparar-se para um confronto prolongado com Moscou.
Este confronto pode durar por muitos anos, de acordo com o chefe do Pentágono. Ashton Carter defende os jogos de guerra dos EUA e da OTAN, a presença militar nas fronteiras com a Rússia e uma retórica cada vez mais beligerante.
“As adaptações de que eu estava falando são especificamente na expectativa de que a Rússia pode não mudar sob Vladimir Putin, ou mesmo depois dele. Eu chamo a isso de uma abordagem forte mas equilibrada em relação a Moscou “, disse o secretário de Defesa dos Estados Unidos aos jornalistas, durante o voo para a Europa.
O chefe do Pentágono também observou que ele não tem a certeza se Putin irá mudar sua política, referindo-se a esta como “retrógrada”.
“Os Estados Unidos, pelo menos, continuam mantendo a perspectiva de que a Rússia, talvez não sob Vladimir Putin, mas talvez algum dia no futuro, irá retornar para uma linha avançada e flexível, ao invés de uma linha retrógrada”, afirmou Carter.
Os países ocidentais acusam a Rússia de interferir nos assuntos da Ucrânia e de representar uma ameaça para os seus vizinhos europeus. Moscou sempre negou estas alegações infundadas, ressaltando que o Ocidente colocou a segurança e a estabilidade europeia em risco muito antes de a guerra civil ter eclodido na Ucrânia.
No entanto, os Estados Unidos e a OTAN aproveitaram a oportunidade para acumular forças e equipamentos militares nas fronteiras com a Rússia, causando tensões consideráveis entre Moscou e o Ocidente.
U33, submarino alemão da classe 212, se prepara para os exercícios da OTAN Dynamic Mangoose 2015 perto de Bergen, na costa oeste da Noruega.
A aliança liderada pelos EUA também intensificou seus jogos de guerra (pelo menos quatro grandes exercícios militares foram agendadas para junho) e criou uma elevada prontidão da Força Tarefa Conjunta (VJTF). Com o objetivo de enfrentar os desafios à segurança, esta força parece ser um desafio de segurança em si mesma.
Durante o Fórum Econômico Internacional em São Petersburgo, Vladimir Putin reagiu à situação lembrando que os EUA saíram do Tratado ABM (Tratado de Mísseis Antibalísticos) empurrando assim a Rússia para nova corrida armamentista.
“As decisões globais, como a saída dos Estados Unidos do Tratado de Mísseis Antibalísticos, vão empurrar a Rússia para uma nova rodada da corrida armamentista”, disse o presidente russo Vladimir Putin.
O objetivo do Tratado ABM entre os EUA e a Rússia foi o de evitar um desequilíbrio estratégico. No entanto, Washington saiu desse tratado em 2001.
“Não são os conflitos militares que levam à Guerra Fria, mas decisões globais como a saída unilateral dos EUA do Tratado ABM. Isso realmente é um passo que nos empurra em uma nova rodada da corrida armamentista, o que muda os princípios do sistema de segurança global”, frisou o presidente russo.
Apesar disso, os Estados Unidos estão planejando fornecer armamento pesado para a Europa Oriental e os países bálticos e até instalar mísseis nucleares na Europa sob o pretexto infundado que a Rússia violou o Tratado INF testando um míssil balístico lançado do solo com um alcance entre 500 e 5.500 km. 1
O potencial nuclear da Rússia prejudica o projeto geopolítico dos EUA.
Movendo-se para as fronteiras da Rússia por meio do fortalecimento das forças da OTAN nos Estados bálticos, Washington encontrou um obstáculo sério – a crescente vontade de Moscou de estabelecer a paridade nuclear, escreve o ex-diplomata indiano e analista político Melkulangara Bhadrakumar.
Ele observa que o Departamento de Defesa dos EUA está estudando a possibilidade de colocar equipamento militar pesado na Polônia, Romênia, Letônia, Lituânia, Bulgária e Estônia — os países que o ex-chefe do Pentágono, Donald Rumsfeld, chamou uma vez sarcasticamente de “Nova Europa”. Na verdade, esses Estados fazem parte dos planos do Pentágono de expandir a aliança para leste.
Não é surpreendente que Moscou tenha reagido às declarações de Pentágono rápida e bruscamente, escreve o analista. O presidente Vladimir Putin anunciou planos para reforçar as forças nucleares estratégicas da Rússia. Neste ano sua estrutura irá incluir mais de 40 novos mísseis balísticos intercontinentais, estando também prevista a criação de um novo radar de deteção de alvos aéreos na direção leste.
“Os Estados Unidos não conseguem mais manter a compostura ao verem como a Rússia prossegue uma política de desafio estratégico contra a hegemonia americana. A independência de Moscou na arena internacional não só impede a implementação de políticas regionais de Washington, mas também dá um ‘mau exemplo’ para outros países que buscam implementar políticas soberanas”, nota Bhadrakumar.
A intenção da Rússia de estabelecer a paridade nuclear, acredita o analista, inviabiliza o projeto geopolítico dos EUA do “Novo Século Americano”. A velha política americana de contenção (da época da Guerra Fria) está desatualizada. A nova estratégia dos EUA é brinkmanship (manutenção de uma situação perigosa até à iminência de um desastre) que já se manifestou na Ucrânia e nas intenções de Washington de aumentar a presença militar na Europa.
O analista político também observa que a “tempestade iminente” na Europa poderá ter consequências para a segurança no sul da Ásia. Por exemplo, a implantação de sistemas de defesa antimísseis dos EUA nos países vizinhos da Índia já se tornou problemática. 2
As atitudes da OTAN empurram a Rússia para a corrida armamentista.
Os países da OTAN estão provocando a Rússia para uma nova corrida armamentista, segundo disse à agencia Sputnik o vice-ministro da Defesa russo Anatoly Antonov.
Mais cedo a secretária da Força Aérea dos EUA, Deborah Lee James, tinha dito em Paris que os EUA poderiam aumentar ainda mais o número de suas forças de rotação na Europa em meio a uma suposta “ameaça” representada pela Rússia. Na mesma declaração, ela admitiu que, com tais “razões” em mente, Washington considera inclusive a possibilidade de implantar caças furtivos F-22 Raptor na Europa.
Para Antonov, entrevistado nos arredores de Moscou às margens do fórum militar internacional Army-2015, os comentários de Lee James precisam ser vistos “junto com outras declarações deste tipo que têm sido feitas muitas vezes nos últimos tempos”.
O vice-ministro lembrou particularmente que, há apenas dois dias, houve anúncios “pouco claros” a respeito de mísseis nucleares dos EUA e da possibilidade de o Pentágono implantar armas pesadas em alguns países da Europa Oriental, bem como nos países bálticos.
“Há uma sensação de que os nossos colegas dos países da OTAN estão nos empurrando para uma corrida armamentista”, concluiu Antonov. 3
A Rússia vai responder ao envio de armas dos EUA para a Europa.
Moscou dará uma resposta adequada caso os EUA concretizem o seu plano de instalar armas pesadas em países da Europa Oriental e do Báltico, disse hoje um funcionário do Ministério da Defesa da Rússia após relatos de que o Pentágono estaria analisando a possibilidade de enviar tanques, veículos de infantaria e outros armamentos pesados para a região.
“Caso as armas pesadas norte-americanas, incluindo tanques, sistemas de artilharia e outros equipamentos de combate, sejam instaladas em países do Leste Europeu e do Báltico, esse será o passo mais agressivo do Pentágono e da OTAN desde o fim da Guerra Fria”, disse à imprensa russa o coordenador do departamento de inspetores gerais do Ministério da Defesa, Yuri Yakubov. “E só restará à Rússia organizar as suas forças e meios em locais estratégicos do Ocidente”, acrescentou.
Segundo Yakubov, a reação de Moscou deve começar pelo fortalecimento da fronteira ocidental russa, com a instalação de novos tanques e unidades aéreas e de artilharia.
“A brigada de mísseis guiados das Forças Armadas Russas na região de Kaliningrado será prontamente reequipada com sistemas de mísseis balísticos Iskander-M, e as forças combinadas da Rússia na Bielorrússia também serão consideravelmente reequipadas”.
De acordo com o New York Times, os Estados Unidos estão considerando enviar para as bases de seus aliados europeus da OTAN tanques, veículos de combate de infantaria e várias outras armas pesadas, acompanhados de três ou cinco mil soldados, como resposta à chamada “agressão russa” na Europa Oriental. A proposta de aumento da presença dos EUA na região, conforme especula a mídia americana, se daria através da instalação de equipamentos nos territórios de Lituânia, Letônia, Estônia, Polônia, Romênia, Bulgária e possivelmente Hungria.
No entanto, lembrando que a Rússia deixou recentemente o Tratado sobre as Forças Armadas Convencionais na Europa, por considerá-lo inútil, Yuri Yakubov destacou que o país hoje não está vinculado a restrições sobre o número e tipo de armas que pode instalar em suas fronteiras, podendo responder adequadamente, com a força necessária, a qualquer tipo de ameaça.
“Nós abandonamos completamente esse tratado, ignorado por muitos países europeus, e estamos livres para organizar medidas em resposta e fortalecer nossas fronteiras ocidentais”.
Segundo a assessoria do Kremlin, o governo russo só irá se pronunciar sobre o assunto após uma confirmação oficial por parte das autoridades norte-americanas sobre o polêmico plano. 4
Aviso de Moscou: possível envio de F-22 à Europa não ficará sem resposta da Rússia.
A Rússia responderá de forma adequada ao aumento das forças da OTAN nos países do Leste Europeu e na região do Báltico, declarou o vice-ministro de Defesa russo Anatoly Antonov, entrevistado pela Sputnik durante o fórum militar internacional Army-2015, em Moscou.
O comentário se deu em resposta à recente declaração da secretário da Força Aérea dos EUA sobre os planos de aumentar a presença militar norte-americana no Leste Europeu, inclusive por conta do envio de caças de quinta geração F-22.
“Iremos reagir adequadamente. Primeiramente, veremos quais ações serão tomadas, para então reagir de acordo com o tipo de ameça que se apresentará à segurança nacional da Rússia” – declarou o vice-ministro russo.
Segundo a porta-voz da Força Aérea dos EUA, os planos de reforçar a presença militar norte-americana na Europa se dão em resposta a uma suposta “ameaça” representada pela Rússia.
Os EUA aumentaram recentemente o número de patrulhas aéreas na região do Báltico, e enviaram ao Reino Unido bombardeiros B-2 e B-52.
Além disso, no início desta semana, o Pentágono anunciou a possibilidade de implantar armas pesadas em países do Leste Europeu. Moscou condenou a declaração, dizendo que ela poderia minar o Ato Fundador entre Rússia e OTAN de 1997. Os diplomatas russos também têm sérias preocupações quanto aos planos dos EUA de implantar na Romênia e Polônia instalações de mísseis de lançamento vertical, capazes de lançar mísseis RIM-161 (SM-3) e mísseis de cruzeiro de médio alcance Tomahawk. 5
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