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terça-feira, 2 de junho de 2015

Sukhoi Su-35 para a China: a real necessidade da PLAAF

Sukhoi Su-35S - VVS (Foto - Bogdan Rudenko)
Sukhoi Su-35S – VVS (Foto: Bogdan Rudenko)
O setor aeroespacial na China é um dos que mais cresce em todo o mundo, entretanto, mesmo com uma indústria que tem sido capaz de desenvolver e produzir uma gama de produtos que inclui aeronaves de caça de 5ª geração, a Força Aérea Chinesa (PLAAF – People’s Liberation Army Air Force) está prestes a adquirir da Rússia um lote da aeronave mais avançada em operação na Força Aérea Russa (VVS), o Sukhoi Su-35S Super Flanker. Mas porque?
No último mês de abril, o fabricante chinês Shenyang Aircraft Corporation (SAC) surpreendeu os observadores militares em todo o mundo com um voo de teste de sua nova aeronave, o J-11D, uma versão atualizada do J-11, versão chinesa produzida através de engenharia reversa do Sukhoi Su-27.
Shenyang J-11D
Shenyang J-11D (Foto: CJDBY)
As modificações presentes na nova aeronave incluem um novo radome com uma base inclinada, semelhante ao empregado no Chengdu J-10B, o que seria consistente com um radar de varredura eletrônica de matriz ativa (AESA) com antena fixa, além de um novo sistema de busca e aquisição de alvo por infravermelho (IRST), e uma maior utilização de materiais compósitos, o que diminui o peso da aeronave e sua assinatura RCS (radar cross section).
Shenyang J-11D (1)
Shenyang J-11D (Foto: CJDBY)
Este primeiro voo do J-11D indica que a aeronave está num estágio mais avançado em seu ciclo de desenvolvimento do que o que era previsto por muitos especialistas ocidentais, e que em breve será incorporada na crescente frota da PLAAF.
Apesar da evidente maturidade do programa J-11D, os militares chineses, no entanto, parecem estar dando segmento aos planos de adquirir algumas unidades da aeronave de ataque e superioridade aérea russa Sukhoi Su-35S.
Su-35 VVS - KAB-1500L (Foto - Ivan Smitt)
Sukhoi Su-35S – VVS (Foto: Ivan Smitt)
O Super Flanker é muito mais manobrável do que o J-11, o que dá o caça russo uma vantagem em combates de curto alcance, além de poder voar longas distâncias, e decolar com uma carga militar maior.
O Su-35S também é equipado com novos aviônicos, e possui um cockpit no estado da arte. Seu radar, no entanto, é de varredura eletrônica de matriz passiva (PESA), sendo, em tese, menos avançado do que o radar instalado no J-11D. Além disso, a aeronave e seus sistemas serão fabricados na Rússia.
Su-35 (Foto - Ministry of Defence of the Russian Federation)
Sukhoi Su-35S – VVS (Foto: Ministry of Defence of the Russian Federation)
O governo chinês vê sua indústria de defesa nacional como sendo um ativo estratégico. Numa análise superficial, pode não fazer muito sentido, justamente no momento em que essa indústria atinge certa maturidade, comprar mais aeronaves da Rússia.
Alguns analistas militares, entretanto, entendem que a principal motivação da PLAAF em adquirir o Su-35S pode não ser devido ao valor tático da aeronave, mas sim porque o Super Flanker é equipado com avançados turbofans NPO Saturn AL-41F1S (izdeliye 117S).
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Turbofan AL-41F1S (Foto: NPO Saturn)
Os motores são um componente extremamente importante de qualquer avião de combate, e é justamente por conta disso que, pelo menos, dois fabricantes chineses de aeronaves tem estado diante de um grande dilema. Os protótipos dos novos caças de 5ª geração, Chengdu J-20 e Shenyang J-31, visivelmente possuem um design arrojado, além de, declaradamente, possuírem uma aviônica sofisticada. A capacidade da China, entretanto, em desenvolver motores aeronáuticos de alto desempenho não acompanhou a evolução dos outros setores de sua indústria aeroespacial.
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Chengdu J-20 (Foto: PLAAF)
Independentemente de quão capazes sejam os outros sistemas dessas aeronaves, seu futuro é incerto devido a ausência de motores confiáveis e com desempenho adequado.
Shenyang J-31 (Foto - Piotr Butowski)
Shenyang J-31 (Foto: Piotr Butowski)
A história está repleta de exemplos de aeronaves que tinham um grande potencial, mas que, no início de sua vida operacional não foram motorizadas de forma adequada.
O célebre North American Aviation P-51 Mustang, fortemente lembrado por prover escolta para os bombardeiros aliados em missões sobre a Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, só foi considerado efetivo para essa missão depois que os engenheiros substituíram seu motor original, Allison V-1710, por um mais potente, Packard V-1650-7, uma versão do Rolls-Royce Merlin britânico produzida sob licença nos EUA.
Outro exemplo clássico e, provavelmente, o mais emblemático de todos, é do Grumman F-14 Tomcat. As primeiras unidades do caça foram equipados com turbofans Pratt & Whithney TF-30-P-414, considerados inadequados para a aeronave, razão pela qual o então Secretário de Marinha dos EUA, John Lehman, atribuiu ao motor a culpa por 28% de todos os acidentes envolvendo o Tomcat. A situação só mudaria a partir da introdução dos turbofans General Electric F110-GE-400 (GE F101DFE), mais potentes.
A PLAAF tem, tradicionalmente, empregado motores russos em suas aeronaves. Infelizmente, os modelos utilizados já não podem ser considerados de ponta, pois taram-se de projetos cujo desenvolvimento foi realizado há mais de 30 anos e que se destinavam a outras aeronaves, com outros requisitos de desempenho.
Por enquanto, os protótipos do J-20 e J-31 estão voando com os antigos motores russos AL-31 e RD-93, respectivamente, e, na opinião de especialistas, ambas as aeronaves estão enfrentando limitações de performance por conta disso.
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Chengdu J-20 (Foto: PLAAF)
No caso do J-20, por exemplo, a motorização inadequada pode impedir a aeronave de manter um voo supersônico sem a necessidade do uso dos pós-combustores (super-cruise), que é uma das mais importantes característica de desempenho exigidas para os caças atuais.
O motor nacional mais avançado atualmente em operação na China é o WS-10, empregado em algumas unidades do J-11, e no novo caça multifunção J-16. As informações disponíveis relativas ao motor são discrepantes. Enquanto alguns afirmam que os problemas inicialmente encontrados foram corrigidos, o IHS Jane’s, em setembro do ano passado, publicou um artigo relatando que o motor ainda sofre com muitas falhas e que o número [de motores] enviado de volta para o fabricante, para fins de reparo, excede a quantidade de novas unidades produzidas. Alguns especialistas chineses afirmam, inclusive, que o motor WS-10 não é potente o suficiente para que o J-16 atenda às características de desempenho para qual foi projetado, e que uma versão melhorada do motor precisa ser desenvolvida.
Outra indicação dos problemas envolvendo o motor WS-10 é decisão da PLAAF de equipar a mais nova variante do caça J-10, o J-10B, com o motor russo AL-31. Embora um protótipo do J-10B tenha sido visto voando, em 2011, com o motor chinês, a Força Aérea Chinesa optou por usar o motor russo nas aeronaves de produção.
Independentemente das capacidades atuais do motor WS-10, os caças de 5ª quinta geração J-20 e J-31 vão precisar de motores muito mais potentes e fiáveis para poderem maximizar o seu desempenho.
Uma versão atualizada do WS-10 até pode ser uma opção paliativa para o J-20, mas, ainda assim, o motor não proveria à aeronave uma relação peso/potência desejável, deixando-a aquém do desempenho ideal. Dois motores inteiramente novos estão atualmente em desenvolvimento na China: o WS-15, para o J-20 e WS-13, para o J-31.
Shenyang J-31 (Foto - sunshy0621)
Shenyang J-31 (Foto: sunshy0621)
Não se sabe muito a respeito do desenvolvimento do WS-15; o que se pode afirmar, com certeza, é que ele ainda não foi testado em nenhum dos protótipos do J-20.
Sobre o WS-13, entretanto, as opiniões são mais otimistas, haja vista o motor foi exibido no Airshow China 2014, ocorrido em Zhuhai, em novembro passado, e, segundo especialistas, o andamento do programa tem seguido um ritmo aceitável e compatível com o desenvolvimento do caça J-31.
O progresso questionável no desenvolvimento do motor WS-15 pode ajudar a explicar o interesse da China no Su-35S, que é propulsionado pelos avançados turbofans AL-41F1S (izdeliye 117S), que nada mais são do que uma versão significativamente melhorada dos motores AL-31.
Considerando o fato de que a Rússia não é suscetível a exportar apenas os motores como um produto independente, a PLAAF terá que comprar o Su-35S e adquirir os AL-41F1S (izdeliye 117S) como uma parte de um sistema de armas completo. Depois de muitas idas e vindas, ao que tudo indica, um acordo para aquisição de 24 unidades do caça Su-35S está agora em sua fase final, e os pilotos chineses já começaram a treinar no novo avião, na Rússia, em antecipação à primeira entrega, previsa para 2016.
Su-35S with heavy armament inc. Kh-59M (AS-18 KAZOO) air-to-surface missiles
Sukhoi Su-35S – VVS (Foto: Ministry of Defence of the Russian Federation)
Para a PLAAF, a aquisição dos Su-35S proporciona um ganho duplo à força. Além de obterem uma aeronave altamente capaz, eles também terão acesso a um motor que pode viabilizar operacionalmente o J-20.
A londo prazo, seria tolice apostar contra a capacidade da indústria aeroespacial chinesa de desenvolver motores aeronáuticos de alto desempenho. A curto prazo, entretanto, os turbofans AL-41F1S (izdeliye 117S) constituem-se na melhor opção da China para propulsionar o J-20. O conhecimento absorvido a partir desses motores serão, sem dúvida, incorporados nos projetos em andamento do WS-13 e WS-15. Isso pode beneficiar o J-31, que está fadado a usar os antigos motores WS-10 ou RD-93 até que o WS-13 esteja efetivamente pronto.

FONTE: The Diplomat, IHS Jane’s – EDIÇÃO: Cavok
IMAGENS: Meramente ilustrativas

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