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Algumas coisas nunca mudam:
Até há poucos meses [1999], todos diziam que era difícil acreditar que as relações entre os antigos adversários na Guerra Fria haviam-se tornado tão amplamente amistosas. Agora, a expansão da OTAN na direção das fronteiras da Rússia faz crescer o medo em Moscou de que o Ocidente tem planos para estrangular a Rússia.
O que teria dado errado? A Rússia sofreu o efeito das expectativas infladas de que seria possível que Rússia e EUA vivessem num condomínio. A Rússia demorou para perceber que a perda de status que lhe foi imposta seria permanente. Não só o rublo foi desvalorizado: a Rússia foi desvalorizada. O desafio para o ocidente é conseguir administrar não só a fraqueza da Rússia, mas também a força da Rússia (Bilderberg Papers 1999).
A batalha mais importante desse conflito – A guerra contra o Banco Central da Rússia
Por que os líderes da indústria do Tatarstão querem declarar guerra ao Banco Central? (2/6/2015)
Os líderes de grandes indústrias e empresas do Tatarstão [é a Fiesp do Tatarstão (NTs)] propõem declarar “guerra” ao Ministério das Finanças e ao Banco Central da Rússia – antes que aquela política monetária destrua todas as indústrias do país. O país passa por catastrófica falta de liquidez monetária. Diretores de muitas empresas exigem que o Banco Central imprima 1,5 trilhão de rublos e pare de “matar” a indústria.
Boris Morozov, presidente do Departamento de Análises da [fábrica de automóveis e caminhões] “KAMAZ” disse que se a política monetária russa não mudar em futuro próximo, a economia, nada mais nada menos, “morrerá”.
As indústrias produzem e operam quando o país tem moeda para emprestar. Nossa compatriota (Elvira Nabiullina, presidenta do Banco Central – nota do editor russo) planejou “dinheiro a menos” para o país. E agora, não importa o quanto nos esforcemos, a economia está morrendo (...) Enviamos Kogogin ao Banco Central, prometeram a ele 600 bilhões de rublos e perguntaram-lhe: “E agora, o que mais querem de nós?” Dão-nos migalhas. Para cada 1% de crescimento do PIB, precisamos que a oferta de dinheiro aumente +6, ou +8. Atualmente, é de -3.
Se não formarmos uma frente popular unida e não fizermos guerra contra o Ministério das Finanças e os bancos, morreremos todos” – disse o setor de análises da fábrica JSC “KAMAZ”.
Мы сдохнем, если не встанем народным фронтом на войну с министерством финансов и банками, они страну угробят – уверен анатитик ОАО “Камаз”.
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Vitaly Tretyakov: A privatização radical das indústrias soviéticas durante os anos 1990s foi socialmente injusta e deixou de fora a maioria da população russa. Temos de dar a cada cidadão russo uma parcela dos recursos naturais do país [Fonte em russo].
Виталий Третьяков: Нужно отдать каждому гражданину России часть национальных природных богатств (16.06.2015)
A estagflação em que a Rússia vê-se, depois de vários anos de crescimento leva a intensificar as discussões sobre a necessidade de mudar as políticas econômicas do país. Paralelamente, vê-se a atual rejeição das reformas econômicas propostas pela esquerda. É o que se vê acontecer na atual reforma das aposentadorias [PRESIDENTA DILMA! VAI SÓ OUVINDO, MINHA PRESIDENTA! Essas FIESP-TATARSTÃO QUEREM ACABÁÁÁÁÁÁ CÔ BRASIL! (NTs)]. Os economistas neoliberais, atualmente no poder na Rússia nesse momento, só oferecem, como paliativo, aumentar a idade mínima para as aposentadorias!
Tretyakov diz que os neoliberais pró-Washington como Ulyukaev, Ministro do Desenvolvimento Econômico da Federação Russa, indicado por Medvedev e Nabiullina, Presidenta do Banco Central, querem que a Rússia continue a seguir os messias da economia neoliberal, que há mais de 50 anos guiam a Rússia rumo à escuridão. E, isso, depois dos 25 anos em que a Rússia já vem andando aos tropeções.
Diz também que, na Rússia contemporânea, a classe governante concentra a propriedade das indústrias, dos recursos naturais e tem total controle sobre o Legislativo e o Judiciário, o que deixa a sociedade absolutamente sem proteções contra os predadores que vivem do que conseguem surrupiar do bolso e do futuro dos russos.
Nos termos da Constituição Russa, os recursos naturais são propriedade do Estado e, por definição, pertencem igualmente a cada um e a todos os cidadãos da Rússia.
Nesse artigo, Vitaly Tretyakov, explica sua ideia de como fazer a sociedade mais justa para todos, dando a cada cidadão russo uma “cesta de ouro” onde haverá o equivalente monetário a 1 unidade de recursos naturais (água, petróleo, gás, diamantes, ouro, madeira, minérios etc.), cujo valor será corrigido anualmente, e que pode ser convertida em moeda, mas não pode ser transferida para o exterior.
Além dos clamores por justiça social e redistribuição igualitária da riqueza nacional, como meio para melhorar e modernizar a economia, há quem sugira que alguns dos empréstimos ocidentais que estão sob sanções sejam substituídos por banking islâmico.
A população de russos muçulmanos é de cerca de 20 milhões. Computadas as populações muçulmanas dos países-membros da União Econômica Eurasiana, são cerca de 75 milhões. Portanto, há ampla base de consumidores já prontos para as finanças islâmicas. O Banco Central da Rússia ainda não emitiu licenças de funcionamento para bancos islâmicos em território russo, porque esse tipo de atividade bancária foi banido da Rússia nos anos 1990s. O Parlamento da Rússia recebeu projeto de lei que pode voltar a tornar legal essa modalidade de banking. [Fonte ing.]
O principal concorrente da Rússia, no trabalho de atrair dinheiro halal será o Reino Unido, maior centro europeu de finança islâmica, com patrimônio de 19 bilhões de libras esterlinas (GBP) administrados pela lei da Xaria.
No KasanSummit 2015, 800 representantes de 46 países discutiram a implementação de banking e de investimentos islâmicos na Rússia. Até aqui, bancos islâmicos já investiram US$ 1 bilhão no desenvolvimento da Smart City.
Enquanto o ocidente tanto se aplica para cortar a linha de suprimento de ar ocidental que ajudava a economia russa a respirar, outros tipos de dinheiro começam a chegar à Rússia.
Cúpula de Kazan 2015 começa em Kazan, Rússia
A conferência “Kazan Summit” é das mais importantes conferências econômicas internacionais da Federação Russa e da Organização de Cooperação Islâmica [ing. Organization of Islamic Cooperation (OIC)].
FINANÇA ISLÂMICA PARA COMÉRCIO E INVESTIMENTO GLOBAL CONSTRUTIVO é o tema principal da 7ª Conferência Econômica Internacional Federação Russa e da Organização de Cooperação Islâmica [ing. Organization of Islamic Cooperation (OIC)] – KazanSummit 2015] que aconteceu nos dias 15 e 16/6/2015 na 3ª maior cidade da Rússia, Kazan. A indústria financeira islâmica tem mostrado alta taxa de crescimento e é ferramenta econômica para desenvolver o comércio, atrair investimentos e promover colaboração efetiva entre a Rússia e países do mundo islâmico.
Presidente do Banco Islâmico de Desenvolvimento [orig. President of the Islamic Development Bank (IDB)] e o presidente do Banco Central da Rússia reuniram-se em Moscou na 2ª-feira (15/6/2015).
В Москве прошла встреча председателя Центробанка РФ и президента Исламского банка развития Версия для печати 15 Июня 2015,22:37
Mais uma: O presidente do Grupo de Desenvolvimento Islâmico ofereceu seu plano para o desenvolvimento local de finanças islâmicas na Rússia.
A introdução do banking islâmico na economia russa pode perturbar consideravelmente o monopólio do Banco Central apoiado por Washington.
No 17º Congresso Mundial da Imprensa Russa, Medevedev disse que, haja ou não haja novas sanções, a Rússia continuará a movimentar-se para o ocidente, desenvolvendo relações com países não confrontacionais.
XVII Всемирного конгресса русской прессы в Москве.
Valentin Kasatonov: Se cancelasse as dívidas de outros países, a Rússia estaria roubando de nós mesmos
O Prof. Valentin Katasonov é economista e presidente da S.F. Sharapov Russian Economic Society.
(...) fazer parar a economia russa, mediante ampla deterioração dos ativos financeiros russos; fuga de capitais que já superou a do ano passado; e aumento significativo no custo dos empréstimos para os russos.
Valentin Katasonov, professor do Moscow State Institute of International Relations, presidente da Sociedade de Economia da Rússia, editor-chefe de “Our Business” (“Наше дело”).
Quem controla o sistema bancário na Rússia? Nosso governo não tem meios para exercer “controle efetivo” sobre as atividades dos bancos russos.
Chegamos a níveis sem precedentes de hipocrisia, cada vez que o Banco Central da Rússia “prevê” calamidades para a economia, numa recessão que o próprio BCR está orquestrando.
Hoje até estados dos EUA batem à porta do Federal Reserve. O governador do Texas, Greg Abbott, sancionou lei, na 6ª-feira, 12/6/2015, que permite ao estado do Texas construir um cofre para suas reservas em ouro. Além disso, o Texas vai repatriar ouro no valor de US$ 1 bilhão do Federal Reserve em New York para o novo cofre, tão logo a construção esteja completada.
No Texas, dizem que as leis estaduais são superiores a qualquer outra lei.
Enquanto isso.... Vejam a Rússia. A Constituição Russa, adotada nos anos 1990s diz que leis estrangeiras tem prioridade e são superiores a qualquer lei russa. A Rússia não é país soberano. Segundo a Constituição da Rússia, “a Rússia é uma parte da comunidade mundial”. Implica dizer que não é nação soberana.
Rússia começa a livrar-se das cadeias de sua velha Constituição humilhada, para remover provisões constitucionais que dão prioridade à lei internacional sobre a lei nacional e proíbe qualquer ideologia de estado.
Mas há modelo econômico diferente, que funciona muito bem para a Rússia. Bom exemplo é a Belgorod Region.
Uma das regiões russas que se desenvolve mais rapidamente: Belgorod Region
Recentemente, o governador da oblast [província] de Belgorod, Evgeniy Savchenko, falou do desenvolvimento econômico de sua província em 2014. A província de Belgorod trabalhou com um grupo de destacados economistas russos, e com Sergey Glaziyev.
Apesar da difícil situação macroeconômica, ano passado alcançamos desenvolvimento socioeconômico estável na região. O índice da produção industrial, na comparação com 2013, foi de 101,2%. O produto regional bruto alcançou 604 bilhões, que é 2,2% superior ao nível de 2013. O novo produto regional per capita é de quase 400 mil rublos. Agora, somos a terceira região que mais cresce no Distrito Federal central Rússia, atrás só de Moscou e da região de Moscou.
Por algumas causas geopolíticas e macroeconômicas, nosso país viu-se diante de novas realidades políticas e econômicas, o que, por um lado, ao mesmo tempo em que se mantenha o mesmo modelo econômico monetário, levará a estagnação cada vez maior da economia; e, por outro lado, abre espaço para que se abram novas possibilidades econômicas. Medidas anticrise propostas pelo governo da Federação Russa são significativas mas, infelizmente, não modificam o modelo econômico existente. O apoio dos bancos tem papel considerável, não a economia real. Os bancos, de fato, são o oxigênio que mantém viva a economia, mas 25-30% do lucro dos bancos, extraído do sistema circulante, retorna aos bancos pelo sistema sanguessuga de nossa economia.
(...)
China
O Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (BAII) é banco multilateral de desenvolvimento concebido para o século 21 – lê-se no website. Financiará projetos de infraestrutura basicamente na Ásia.
Os EUA veem o BAII como rival do Banco Mundial e do FMI liderados pelos EUA. A China já tem 57 países associados no projeto, incluídos aliados europeus dos EUA. Os principais acionistas são: China US$ 29,8 bilhões; Índia, US$ 8,4 bilhões; Rússia US$ 6,5 bilhões; e Alemanha, US$ 4,5 bilhões.
China anunciará investimento de vários bilhões de dólares na construção de nova infraestrutura na Europa, no próximo dia 29/6/2015 em Bruxelas, segundo comunicado cuja redação inicial chegou ao conhecimento da Reuters. – Mais recente jogada da diplomacia do talão de cheque de Pequim, para ampliar seu poder de influência...
Tudo indica que esse investimento chinês será acompanhado de um pedido para que outros países invistam na orientação chinesa de levar melhor infraestrutura para o oeste do país – a iniciativa “Um Cinturão, Uma Estrada” – construindo maiores nodos de ligação de energia e comunicações pela Ásia Central, Oeste da Ásia e Sul da Ásia, que chegarão até a Grécia.
China anunciou que disponibilizará [quantia ainda não especificada] para cofinanciar investimento estratégico de interesse comum em toda a União Europeia – lia-se no comunicado cuja redação inicial chegou ao conhecimento da Reuters, acrescentando que os acordos serão finalizados em outra reunião, em setembro.
3. China zomba do G7: “aquela reunião de devedores” – mas alerta que qualquer confrontação será desastrosa para a Europa.
A OTAN dos EUA e UE continua a reunir soldados e armas nas fronteiras leste da Rússia no Báltico, ao mesmo tempo em que conduz manobras monstros de vários países membros no Mar Negro e nos Bálcãs.
(...)
Alemanha alega que instalar bases militares da OTAN em países que foram comunistas no leste da Europa violaria acordo de 1997 entre OTAN e Rússia.
Por quê? Ora, por quê! Porque sim.
O que aconteceu da última vez que o Balanço do Fed alcançou 25% do PIB? Foi a 2ª Guerra Mundial. Agora, aconteceu novamente, há menos de três anos.
Aquela velha conversa de sempre: Brzezinski blá, blá, blá… Fazer da Rússia um império asiático? Não entendo por que tanta gente é tão fascinada por esse livro. Por quê? O que a Ásia é hoje nada tem a ver com o que Brzezinski disse que ela seria, lá atrás, no século 20.
E por último, mas não menos importante...
Os senhores do anel da União Europeia
As caras (feias) de sempre (pré-fabricadas). Vídeo a seguir com legendas em inglês (sempre):
Redecastorphoto
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