A Procuradoria General da Ucrânia apresentou acusações contra seis membros da organização radical Setor de Direita que participaram de tumultos em Mukachevo no oeste da Ucrânia, na região de Zakarpatye. As acusações incluem criação de uma organização criminosa e realização de um ato de terror.
Esta informação foi comunicada nesta quarta-feira (22) por um representante da Procuradoria General na reunião de uma comissão parlamentar de investigação de confrontos em Mukachevo.
Lembramos que em 11 de julho os militantes do Setor de Direita entraram em confronto com a polícia e homens de negócios locais da cidade de Mukachevo no oeste da Ucrânia, perto da fronteira com a Hungria. O conflito resultou em disparos de armas ligeiras e lançadores de granadas. Segundo os últimos dados, quatro pessoas morreram na sequência dos confrontos e mais 14 foram feridas. Os radicais explicam as suas ações pela luta contra contrabanda que segundo eles é patrocinada por funcionários públicos locais.
Ontem, na terça-feira, cerca de três mil militantes do Setor de Direita reuniram-se na praça da Independência (Maidan Nezalezhnosti) em Kiev numa manifestação, transmitiu um jornalista da RIA Novosti do local. Durante a manifestação ouviram-se declarações antirrussas e contra o atual governo ucraniano. O líder do movimento, Dmitry Yarosh, manifestou que o congresso do Setor de Direita realizado anteriormente neste dia marcou uma “nova etapa da revolução ucraniana”.
A situação em torno do Setor de Direita foi comentada pelo ex-deputado da Suprema Rada ucraniana do partido das Regiões, Vladimir Oleinik, que tem uma opinião bastante negativa sobre a mencionada organização radical:
“Hoje em dia o patriotismo na Ucrânia é um abrigo para vilões. [O novo governador da região de Zakarpatye Gennady] Moskal disse que 80 por cento no Setor de Direita são pessoas que anteriormente foram condenados por crimes, reincidentes, pessoas que cometem atos de violência e roubos, pessoas armadas que usam máscara de patriotismo e começam a mostrar que são uma força”.
Oleinik não acredita que a sociedade ucraniana possa apoiar as ideias radicais do Setor de Direita e culpa o poder atual pelo crescimento de atividade de radicais:
“Agora [ocorre] a etapa de estabelecimento de ditadura, por isso acontece a radicalização do próprio poder e não da sociedade. Por isso Yarosh insiste em que a operação em Donbass seja chamada de uma guerra genuína… Mas isto contradiz a opinião da sociedade: as últimas sondagens mostram que 60 por cento não apoiam a guerra, 50 por cento, o que nunca aconteceu durante o nosso poder, concordam que a língua russa deve ser a segunda língua oficial se com tal na Ucrânia se estabeleça estabilidade, paz e unidade”.
Willi Wimmer, vice-porta-voz da Assembleia Parlamentar da OSCE por sua vez disse o seguinte:
“As ações do Setor de Direita – em primeiro lugar no oeste do país – permitem dizer que o país está partindo em várias partes. É difícil para nós compreender a posição das atuais autoridades ucranianas… Não é preciso ter ilusões sobre as perspectivas do atual governo de lidar com os principais problemas. Os acontecimentos na Ucrânia estão se desenvolvendo num cenário perigoso e as suas consequências podem ameaçar a segurança da Europa”.
Pierre Lorrain, jornalista e especialista da Rússia e do espaço pós-soviético até compara o Setor de Direita com o Estado Islâmico:
“Eu acho que tanto o Estado Islâmico, como o Setor de Direita são organizações terroristas porque não podem existir senão por meio de medo que eles induzem na população”.
O Setor de Direita é um movimento que reúne uma série de organizações radicais nacionalistas na Ucrânia. Em março de 2014, o movimento foi transformado em partido político, mantendo ao mesmo tempo o seu braço armado. O movimento já entrou em confrontos com a polícia em janeiro e fevereiro de 2014 e em abril assaltou edifícios administrativos em Kiev. Depois, o movimento aderiu ao exército ucraniano para esmagar os protestos no leste da Ucrânia.
Em novembro de 2014 a Corte Suprema da Rússia reconheceu o Setor de Direita como uma organização extremista e proibiu sua atividade no território russo. Em janeiro de 2015, na Rússia o grupo foi incluído na lista de organizações proibidas; o líder do movimento Dmitry Yarosh enfrenta igualmente acusações de incitação à atividade terrorista.
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