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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A Rússia agora dá as cartas na Síria e no Iraque

Quatro navios de guerra da Marinha Russa dispararam um total de 26 mísseis contra posições do grupo terrorista Estado Islâmico na Síria, anunciou o Ministro da Defesa russo Sergey Shoigu. Os mísseis foram disparados a partir do Mar Cáspio.
“Quatro navios lançadores de mísseis lançaram 26 mísseis de cruzeiro contra 11 alvos. De acordo com dados de controle do objetivo, todos os alvos foram destruídos. Não houve danos a quaisquer alvos civis”, disse Shoigu
Os mísseis voaram cerca de 1.500 km antes de atingir seus alvos, provando sua eficiência.
Os mísseis de cruzeiro russos Klub (3M-14AE KalibrN) cruzaram espaço aéreo iraniano e iraquiano, muito provavelmente com a aquiescência dos dois países. 
Os lançamentos têm várias intenções:
  • Destruir alguns ativos do Estado Islâmico na Síria
  • Demonstrar que a Rússia, enquanto fornece apoio aéreo intenso (22 bombas em menos de cinco minutos) ao exército Sírio em seus ataques em curso em Hama, está totalmente comprometido ao objetivo maior de destruir o Estado Islâmico.
  • Mostrar que a Rússia pode e quer se envolver seriamente na luta, mesmo sem estar no campo de batalha. (A mesma coisa foi demonstrada pela oferta feita aos EUA para que os Bombardeiros TU-22M(3) ou mesmo os TU-160 se juntassem à luta contra o EI).
  • Desafiar os Estados Unidos a mostrar por sua vez que sua guerra contra o Estado Islâmico é para valer e não jogo de cena.
  • O comando dos Estados Unidos se gabava de ter voado para cá e para lá em centenas de sortidas em sua “Operação Inherent Resolve” contra o Estado Islâmico. Mas se esqueceram de dizer (ou não quiseram se gabar disso) que apenas 20% desses ataques tiveram o disparo de algum tipo de armamento e que muitos destes ataques foram realizados na realidade contra alvos menores. Afinal de contas, destruir uma “Escavadeira do ISIS” com uma sofisticada arma guiada remotamente não é luta de verdade, mas apenas a intenção de causar um pequeno aborrecimento de menor importância. 
    Outros observadores notaram as diferenças:
    Analistas militares em Tel Aviv afirmaram que os primeiros bombardeios russos na Síria parecem muito mais agressivos que aqueles efetuados pela coalizão liderada pelos Estados Unidos.
    As forças russas garantiram de uma vez por todas que têm todos os ativos de que necessitam na Síria para:
    Prevenir que não aconteça uma já planejada zona de exclusão aérea comandada pela OTAN
  • Gerar um serviço de inteligência de qualidade superior, necessário para destruir os insurgentes da al Qaeda assim como o Estado Islâmico
  • Permitir que aconteça a implementação de um acordo que dê fim ao conflito nos termos do governo Sírio e seus aliados.
Apesar da barulheira tresloucada de políticos norte-americanos, qualquer “zona de exclusão aérea” controlada pelos EUA está agora fora de qualquer cogitação. Mas os russos, sim, podem criar uma zona dessas, no momento em que quiserem. Já houve interceptação de drones de reconhecimento dos Estados Unidos sobre a Síria. A anunciada entrega de armas adicionais para alguns curdos e a recentemente formada “Coalizão Árabe na Síria”, a qual não passa de uma suspeitíssima coleção de saqueadores e ladrões, nada fará para libertar Raqqa e não terá qualquer impacto maior. Os curdos se recusam a lutar fora de seu próprio território, e os ladrões, como sempre, apenas venderão as armas e darão o fora.
Os outros “relativamente moderados”rebeldes que os Estados Unidos tiveram a pachorra de armar fazem sempre a mesma coisa: ou entregam as armas diretamente para a al Qaeda ou se juntam aos extremistas. O público já percebeu que cerca de 80% das armas entregues pelos EUA na Síria acabam em mãos dos jihadistas. Relançar estes programas novamente, e de novo e mais uma vez não fará com que mude o padrão e não pode ser explicado indefinidamente ao público.
A OTAN e os Estados Unidos também podem fazer um bocado de barulho porque dois aviões russos teriam violado o espaço aéreo turco (provavelmente para testar os radares da Turquia e o tempo de reação ;-)). Mas acontece que 11 nações que integram a coalizão liderada pelos Estados Unidos violam regularmente o espaço aéreo da Síria para cutucar levemente ao Estado Islâmico e ainda não vimos nenhum figurão do ocidente preocupado com isso. Agora deveremos ver mais reuniões entre Rússia e Turquia, Israel e Estados Unidos para evitar quaisquer incidentes aéreos.
Apesar de tudo, os russos estão oferecendo aos Estados Unidos uma aliança mais ampla do que apenas alguns acertos quanto ao uso do espaço aéreo, mas os Estados Unidos rejeitaram. Uma aliança com a Rússia contra o Estado Islâmico não faz parte dos planos dos Estados Unidos para a região, visto que querem desmembrar tanto Síria quanto Iraque em pequenas entidades eternamente dependentes dos EUA. Os Iraquianos, assim como os Sírios, estão bem cientes disso e agora querem que a Rússia desempenhe papel mais importante na região. 
A coalizão demoradamente planejada de 4+1 composta de Rússia, Síria, Iraque, Irã e Hezbollah, agora está na liderança da luta contra o Estado Islâmico.
Os Estados Unidos perderam a aposta. Ou aceitam a oferta russa ou deixam a mesa de jogo.*****
Moon of Alabama, trad. mberublue
Naval Brasil

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