A Alemanha e a ONU contra a Síria - Noticia Final

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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A Alemanha e a ONU contra a Síria

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Desde 2005, o académico alemão Volker Perthes participou, ao lado da CIA, na preparação da guerra contra a Síria. Ele dirige o mais poderoso think tank europeu, a Stiftung Wissenschaft und Politik (SWP).

Thierry Meyssan

Os neo-conservadores e os falcões liberais que demoradamente prepararam, desde 2001, a guerra contra a Síria, apoiaram-se a partir de 2005 sobre vários Estados da Otan e do Conselho de Cooperação do Golfo. Se já se conhecia o papel jogado pelo general David Petraeus, em lançar e manter a guerra até aos dias de hoje, duas personalidades —Jeffrey Feltman (numero 2 da Onu) e Volker Perthes (director do principal think tank alemão)— ficaram na sombra. Em conjunto, com o apoio de Berlim, eles utilizaram, e continuam a manipular, as Nações Unidas para destruir a Síria.


Em  2005, quando Jeffrey Feltman —então embaixador dos E.U. em Beirute— supervisionava o assassínio de Rafic Hariri, ele apoiou-se na Alemanha, tanto para o assassínio em si próprio(Berlim forneceu a arma) [1], como para a acção da Comissão de investigação da Onu encarregue de acusar os presidentes el-Assad e Lahoud (o procurador Detlev Mehlis, o comissário da polícia Gerhard Lehmann e a sua equipe). A campanha internacional contra os dois presidentes foi, nomeadamente, animada pelo politólogo alemão Volker Perthes [2]
Volker Perthes estudou a Síria, no quadro de uma bolsa de investigação alemã, em Damasco, em 1986-87. Em seguida ele encetou uma carreira como um professor de ciências políticas na Alemanha, à excepção do período de 1991-1993, no decurso do qual ele lecionou na Universidade Americana de Beirute. Desde 2005 ele é o diretor do Stiftung Wissenschaft und Politik (SWP) (Fundação para a Ciência e Política- ndT), o principal think tank alemão, empregando mais de 130 especialistas, dos quais metade são universitários.
Pelo contrário, quando Feltman organizou o ataque israelita contra o Líbano, em 2006, ele implicou apenas os Estados Unidos, esperando que uma vez o Hezbolla vencido a Síria viria em socorro de Beirute, e que isso forneceria um pretexto para uma intervenção dos EUA . No fim, Berlim contentou-se em enviar a sua marinha para se juntar à Força das Nações Unidas (Finul).
Foi durante a reunião anual, que se realizou de 5 a 8 de junho de 2008 —cinco anos antes da guerra—, que a secretária de Estado, Condoleezza Rice, colocou ao Grupo de Bilderberg a necessidade de derrubar o governo sírio. Para o fazer ela estava acompanhada pela directora da Arab Reform Initiative (Iniciativa para a Reforma Árabe-ndT) [3], Bassma Kodmani (futura fundadora do Conselho Nacional Sírio), e do director do SWP, Volker Perthes. O Grupo de Bilderberg é uma iniciativa da Otan, que assegura directamente a sua segurança [4].
Segundo um telegrama revelado pelo Wikileaks, Volker Perthes aconselhou C. Rice em relação ao Irão. Segundo ele, era perigoso lançar uma operação militar de consequências regionais imprevisíveis. Por outro lado, ele foi mais eficaz a sabotar a sua economia. Os conselhos de Volker Perthes foram seguidos, em 2010, com a operação de destruição dos computadores das centrais nucleares iranianas pelo vírus Stuxnet [5].
Em Março de 2011, Volker Perthes publicou um artigo de opinião no New York Times afim de ridicularizar o discurso do presidente el-Assad à Assembleia do Povo, no decurso do qual ele havia denunciado uma «conspiração» contra a Síria [6]. Segundo ele, a «revolução» estava em marcha na Síria e o presidente devia partir.
Em meados de 2011, o governo alemão patrocinou o avanço do Irmãos Muçulmanos na Tunísia e no Egipto. Lembremos que abrigava, a pedido da CIA, a coordenação internacional da Irmandade em Aachen(ou Aix-la-Chapelle). Berlim decidiu, então, apoiar os Irmãos em todo o lado onde eles chegassem ao poder, à excepção do Hamas, na Palestina, de modo a não prejudicar Israel. Sob a influência de Volker Perthes, o Ministério dos Negócios Estrangeiros Alemão —à época com Guido Westerwelle— convenceu-se que os Irmãos não eram «islamistas», mas, sim, que eram «orientados pelo Islão». Ele criou uma célula de diálogo com os movimentos «islamistas moderados» (sic) e uma Força-Tarefa para a Síria. Perthes, quanto a si, organizou, em Julho, a recepção no Ministério de uma delegação da oposição síria, dirigida pelo Irmão Radwan Ziadeh.
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Intervenção de Ahmet Davutoğlu aquando da conferência, à porta-fechada, Tusaid-Stratfor, a 6 de outubro de 2011.
A 6 de Outubro de 2011, Volker Perthes participou, por proposição do Departamento de Estado, na conferência organizada à porta fechada pela Turkish Industry & Business Association (Tusiad) (Associação Industrial & Comercial Turca-ndT) e pela empresa, de Inteligência privada dos EUA, Startfor, para simular as opções energéticas da Turquia e as eventuais respostas de oito outros países, entre os quais a Alemanha [7]. Estavam presentes as dez primeiras fortunas turcas e Taner Yildiz —então ministro da Energia—, o homem que iria ajudar a família Erdoğan a organizar o financiamento da guerra com o petróleo roubado pelo Daesh.
Em janeiro de 2012, Jeffrey Feltman —então responsável pelo Próximo-Oriente no Departamento de Estado— pediu a Volker Perthes para dirigir o programa «O Dia Seguinte», encarregue de urdir o próximo regime na Síria. Durante seis meses foram realizadas reuniões para chegar nomeadamente a um relatório, tornado público após a Conferência de Genebra.
«O Dia Seguinte» mobilizou 45 opositores sírios, entre os quais Bassma Kodmani e os Irmãos Muçulmanos. Ele foi financiado pelo Instituto da Paz dos E.U, equivalente à National Endowment for Democracy (NED), mas dependente do Departamento de Defesa. Foram igualmente solicitadas a Alemanha, a França, a Noruega, os Países Baixos e a Suíça.
«O Dia Seguinte» esquematizou o rascunho do plano de capitulação total e incondicional da Síria, que se tornou a obsessão das Nações Unidas quando Jeffrey Feltman foi nela nomeado director de Assuntos Políticos, em Julho de 2012.
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Assumindo oficialmente as suas funções de numero 2 da Onu, a 2 de julho de 2012, Jeffrey D. Feltman presta juramento diante do secretário-geral Ban Ki-moon. Na altura, a Organização, suposta de promover a paz, passou para o contrôlo de «falcões liberais».
Eis os princípios do plano Perthes-Feltman : 

- a soberania do Povo Sírio será abolida; 

- a Constituição será abolida; 

- o presidente será destituído (mas um vice-presidente permanecerá encarregue de funções protocolares) ; 

- a Assembleia do Povo será dissolvida; 

- pelo menos 120 dirigentes serão considerados como culpados e interditos de qualquer função política, depois julgados e condenados por um Tribunal Internacional ; 

- a Direcção dos Serviços Secretos militares, a Direcção da Segurança política e a Direcção de Segurança geral serão decapitadas ou dissolvidas; 

- os prisioneiros «políticos» serão libertados e as medidas anti-terroristas revogadas ; 

- o Hezbolla e os Guardiões da Revolução deverão retirar-se ; então, e só então, a comunidade internacional lutará contra o terrorismo [8].
Simultaneamente Volker Perthes organizou o «Working Group on Economic Recovery and Development» (Grupo de Trabalho sobre Recuperação e Desenvolvimento Económico-ndT) dos «Amigos da Síria». Em junho de 2012, sob a co-presidência da Alemanha e dos Emirados Árabes Unidos, este grupo distribuiu aos Estados-membros dos «Amigos da Síria» concessões de exploração do gás sírio, a conquistar em troca do seu apoio ao derrube do regime [9].
Volker Perthes também organizou o “Working Group on Transition Planning” da Liga Árabe.
Finalmente, ele instalou a “Syrian Transition Support Network” em Istanbul.
A partir da Conferência de Genebra (30 de Junho de 2012) e da reunião dos «Amigos da Síria», em Paris (6 de julho de 2012), não se encontra mais traços públicos do papel de Volker Perthes, exceptuando as suas publicações visando manter o apoio da Alemanha aos Irmãos Muçulmanos. A Alemanha prosseguiu a sua política e, após a abdicação do Emir do Catar e da ascensão em influência da Arábia Saudita, designou Boris Ruge, o responsável pela Síria no Ministério dos Negócios Estrangeiros, como embaixador em Riade.
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Em Janeiro de 2015, a chancelerina Angela Merkel manifesta-se pela tolerância e contra o terrorismo, de braço enganchado com Aiman Mazyek, secretário-geral do Conselho central dos muçulmanos na Alemanha, na realidade um dos líderes dos Irmãos Muçulmanos.
No verão de 2015, aquando de uma deslocação a Damasco, o governo sírio exigiu explicações a Staffan De Mistura a propósito do Plano Perthes-Feltman, do qual acabava de tomar conhecimento. Muito embaraçado o enviado especial do Secretário-Geral da ONU afirmou que esses documentos não o implicavam e assegurou que os rejeitava. Parece que Moscovo havia ameaçado torná-los públicos no Conselho de Segurança, por ocasião da presença dos chefes de Estado na abertura da Assembleia-Geral, em Setembro de 2015. A divulgação destes documentos não ocorreu, ela teria posto em causa a própria existência da ONU. Na mesma altura, Berlim retomou o contacto com Damasco, sem que os Sírios pudessem avaliar se esta abordagem secreta reflectia uma nova política da chancelerina Merkel ou uma enésima tentativa de infiltração.
Entretanto, no mesmo momento, Volker Perthes era nomeado por Staffan De Mistura [10] e o seu superior Jeffrey Feltman, «negociador de paz» (sic) para a próxima reunião de Genebra. Ele será encarregue de fazer o vai-e-vêm entre a delegação da oposição síria e a da República Árabe Síria.
Durante três anos, em violação da sua própria Carta, as Nações Unidas, longe de fazer fosse o que fosse para ajudar a restabelecer a paz na Síria, acusam, sem apresentar a menor prova, a República Árabe Síria de ter reprimido uma revolução, de utilizar armas químicas contra a sua própria população, de aplicar maciçamente tortura, e de matar à fome os seus opositores. Mais importante ainda, ela faz arrastar todas as iniciativas de paz, de modo a dar tempo à Otan e ao Conselho de Cooperação do Golfo de fazer derrubar o regime por mercenários estrangeiros, na ocorrência as organizações terroristas al-Qaida e Daesh(E.I.).
A reter:
- Desde 2005, o grupo encarregue de preparar a guerra na Síria é dirigido pelo diplomata dos E.U. Jeffrey Feltman, assistido pelo académico alemão Volker Perthes.
- Em 2005, Feltman organizou o assassínio de Rafic Hariri (já que a segurança do Líbano era então assegurada pela Síria); em 2006, a guerra de Israel contra o Líbano (porque o Hezbolla era então armado pela Síria); em 2011, ele dirigiu a guerra de 4ª geração a partir do Departamento de Estado; desde 2012, ele tenta, a partir das Nações Unidas, da qual se tornou o número 2, fazer durar a guerra o tempo necessário para que os jiadistas cheguem à vitória.
- Perthes associou-se com Feltman, e o grupo privado Statfor, afim de influenciar a política alemã no Próximo-Oriente. Em 2008, ele apresentou o projecto de mudança de regime em Damasco ao Grupo de Bilderberg. Em 2011, convenceu o governo Merkel a apoiar os Irmãos Muçulmanos durante a «Primavera Árabe». Em 2012, ele presidiu a um grupo de trabalho encarregue de preparar o novo regime, depois, redigiu um plano de capitulação total e incondicional da Síria. Ele está agora encarregue, pela ONU, das negociações de paz em Genebra.
Tradução
Alva

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