CIA: minando e nazificando a Ucrânia desde 1953, por Wayne Madsen - Noticia Final

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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

CIA: minando e nazificando a Ucrânia desde 1953, por Wayne Madsen

A recente desclassificação de mais de 3800 documentos pela Agência Central de Inteligência fornece provas detalhadas de que desde 1953 a CIA operou dois programas principais com a intenção não somente de desestabilizar a Ucrânia, mas nazificá-la com os seguidores do líder nazista ucraniano da Segunda Guerra Mundial Stepan Bandera.
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 Os programas da CIA duraram cerca de quatro décadas. Começou como uma operação paramilitar que forneceu o financiamento e equipamentos para tais grupos de resistência ucraniana anti-soviética como o Conselho Supremo de Libertação Ucraniano (CSLU); seus afiliados foram a Organização dos Nacionalistas Ucranianos (ONU) e o Exército Insurgente Ucraniano (EIU), unindo todos os Banderistas nazistas. A CIA também prestou apoio a uma facção relativamente anti-Bandera da CSLU, a ZP- CSLU, uma filial virtual baseada no estrangeiro dos serviços de inteligência da CIA e do MI-6 britânico. A mais antiga operação da CIA para desestabilizar a Ucrânia, usando agentes ucranianos exilado no oeste que estavam infiltrados na Ucrânia Soviética, era conhecida pelo codinome Projeto AERODYNAMIC.

Um documento anterior altamente secreto da CIA, datado de 13 de julho de 1953, fornece uma descrição do AERODYNAMIC: «O objetivo do projeto AERODYNAMIC é apoiar o emprego e a expansão da resistência ucraniana antissoviética para fins de Guerra Fria e ‘Guerra Quente’. Grupos como o Conselho Supremo de Libertação Ucraniano (CSLU) e seu Exército Insurgente Ucraniano (EIU), a representação externa do Conselho Supremo de Libertação Ucraniano (ZP CSLU) na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, e outras organizações como a OUN/B irão ser utilizados». A CIA admitiu em um documento anteriormente secreto de 1970 que estava em contato com o ZP-CSLU desde 1950.
A ONU/B era a facção de Bandera da ONU (Organização dos Nacionalistas Ucranianos) e seus simpatizantes neonazistas são encontrados hoje incorporados ao governo nacionalista ucraniano em Kiev e em governos regionais e municipais em todo o país.
O projeto AERODYNAMIC colocou agentes de campo dentro da Ucrânia Soviética os quais, por sua vez, estabeleceram contato com o Movimento de Resistência Ucraniana, particularmente agentes do SB (serviço de inteligência) da ONU que já estavam operando dentro de Ucrânia. A CIA organizou lançamentos aéreos de equipamentos de comunicação e outros suprimentos, presumivelmente incluindo armas e munições, para o exército «secreto» da CIA na Ucrânia. A maioria dos agentes ucranianos da CIA recebeu treinamento na Alemanha Ocidental feito pela Divisão de Inteligência Estrangeira – Política e Psicológica (IE-PP) do Exército dos EUA. A comunicação entre os agentes da CIA na Ucrânia e seus manipuladores ocidentais foram conduzidas por walkie-talkie (WT) em duas vias: ondas curtas através de canais postais internacionais, e condutores clandestinos no ar e por terra.
Os agentes lançados de paraquedas na Ucrânia levavam um kit que continha, entre outros itens, uma pistola de caneta com gás lacrimogêneo, um saco de dormir para clima ártico, um machado de acampamento, uma ferramenta de escavação (para abrir trincheira), um canivete, uma bolacha de chocolate, uma câmera Minox e uma câmera Leica de 35 mm, filme, um kit de higiene soviético, um boné soviético e casaco, uma pistola calibre 22 e balas, e «contraceptivos» de borracha para impermeabilização do filme ’. Para outros agentes foram enviados rádios, geradores de mão, baterias de níquel-cádmio, e sinalizadores.
Um projeto afiliado sob o AERODYNAMIC era denominado CAPACHO.
Documentos da CIA mostram que o AERODYNAMIC continuou em operação através da administração de Richard Nixon em 1970.
O programa parecia mais uma operação de guerra psicológica do que um fac-símile da vida real de um romance de espionagem de John Le Carré «por trás da cortina de ferro». A CIA montou uma empresa de propaganda em Manhattan que serviu para impressão e publicação de literatura antissoviética do ZP-CSLU que seria contrabandeada para a Ucrânia. O novo campo de batalha não seria em recantos pantanosos perto de Odessa e em frios armazéns abandonados em Kiev, mas no centro do mundo da publicação e a difusão da mídia.
A empresa de fachada da CIA foi a Prolog Research and Publishing Associates, Inc., que mais tarde se tornou conhecida simplesmente como Prolog. O codinome da CIA para a Prolog era AETENURE. O grupo publicou a revista «Prolog» na língua ucraniana. A CIA se referia à Prolog como uma « empresa sem fins lucrativos, isenta de pagamento de imposto para acobertar atividades do ZP- CSLU». A «pessoa jurídica» utilizada pela CIA para financiar a Prolog permanece informação classificada [confidencial]. No entanto, o documento secreto da CIA afirma que os fundos para a Prolog foram transferidos para o escritório de Nova York «através de Denver e Los Angeles, e recibos foram emitidos mostrando a origem do fundo para a Prolog para por fim ao questionamento pelas autoridades fiscais de Nova Iorque».
Quanto para o escritório de Munique da Prolog, o documento da CIA afirma que seu financiamento veio de uma conta separada daquela da Prolog em Nova York a partir de um banco que colaborou, informação que também continua classificada. Em 1967, a CIA fundiu aa atividades de Munique da Prolog e o escritório de Munique do jornal nacionalista ucraniano exilado «Suchasnist». O escritório de Munique também apoiou o «Ukrainische Gesellschaft fur Auslandstudien». Os documentos da CIA também indicam que os agentes da Agência Federal de Investigação [Federal Bureau of Investigation – FBI] podem ter interferido com agentes do AERODYNAMIC em Nova York. Um diretor da CIA em 1967 aconselhou todos os agentes do ZP-CSLU nos Estados Unidos a: relatar seus contatos com os diplomatas de missão das Nações Unidas e empregados das Nações Unidas provindos da URSS e a RSS da Ucrânia ao FBI, ou ao seu agente do projeto da CIA. Os agentes da CIA responsáveis pelo AERODYNAMIC em Nova York e Munique foram denominados agentes AECASSOWARY. Aparentemente, não tão atraídos pela notoriedade do famoso agente do MI-6 «007», um agente da CIA em Munique foi denominado AECASSOWARY/6, e um agente sênior em Nova York AECASSOWARY/2.
Os agentes AECASSOWARY participaram e coordenaram outras equipes do AERODYNAMIC que infiltraram a Conferência Mundial da Juventude de Viena em 1959. A operação de infiltração de Viena, onde foi feito contato com jovens ucranianos, era conhecida pelo codinome LCOUTBONUD pela CIA.
Em 1968, a CIA declarou Prolog Research and Publishing Associates, Inc. encerrada e substituída por Prolog Research Corporation, «uma empresa de lucro comercial, ostensivamente servindo contratos para usuários não especificados como indivíduos e instituições particulares».
A CIA informou que a reorganização da Prolog surgira da operação MHDOWEL. Pouco se sabe sobre MHDOWEL além do fato de que envolveu o lançamento, pela CIA, de uma fundação sem fins lucrativos. O seguinte é parte de um memorando arquivado, datado de 31 de janeiro de 1969, do Assistente Geral ,onselheiro da CIA John Greany, «Diz respeito a uma reunião de Greaney, conselheiro Lawrence Houston e Rocca sobre um ’confronto’ com o escritório do FBI de NY em 17 de janeiro de 1969. Eles discutiram dois indivíduos cujos nomes foram alterados. Um foi dito ser um agente de pessoal da CIA desde 28/08/61, o qual havia sido atribuída em 1964 a tarefa de escrever uma monografia, que havia sido financiada por um donativo da fundação cujo disfarce foi descoberto em MHDOWEL (eu suspeito que é o código para a imprensa dos EUA). Um dos indivíduos [nome redigido] tinha sido solicitado para trabalhar no projeto DTPILLAR de novembro de 1953 a fevereiro de 1955 e, mais tarde, em março de 1964 para WUBRINY. Quando a Divisão de Operações Domésticas avisou a segurança de que essa pessoa não seria usada em WUBRINY, Rocca comentou que ’ há algumas alegações bastante sinistras contra membros da empresa [redigido],’ indicando que um membro da firma foi ’membro com carteirinha do Partido Comunista’. O memorando afirma aindar que Rocca estava investigando o uso do indivíduo no projeto DTPILLAR para saber se essa pessoa teria mencionado atividades em Genebra, em março de 1966, em conexão com Herbert Itkin». Raymond Rocca foi Vice-Chefe da Divisão de Contra-Inteligência da CIA. Itkin foi um agente disfarçado do FBI e da CIA que supostamente se infiltrou a Mafia e recebeu uma nova identidade na Califórnia como «Herbert Atkin» em 1972.
Em 1969, o projeto AERODYNAMIC começou a avançar a causa dos tártaros da Criméia. Em 1959, devido à grande população ucraniana no Canadá, o serviço de inteligência do Canadá iniciou um programa semelhante ao do AERODYNAMIC com o codinome «REDSKIN».
Como as viagens aéreas internacionais aumentaram, aumentou também o número de visitantes para o oeste da Ucrânia Soviética. Esses viajantes foram de interesse primário para o projeto AERODYNAMIC. Os viajantes foram convidados por agentes da CIA a transportar clandestinamente materiais da Prolog à Ucrânia, tudo censurado pelo governo soviético, para distribuição. Mais tarde, agentes da AERODYNAMIC começaram a se aproximar ucranianos em visita à Europa Oriental, particularmente visitantes ucranianos soviéticos à Tchecoslováquia durante a «Primavera de Praga», de 1968. Os agentes ucraniano da CIA tinham o mesmo pedido a fazer: levar literatura subversiva à Ucrânia.
AERODYNAMIC continuou até a década de 1980 como operação QRDYNAMIC, a qual foi atribuída ao Programa Aberto de Ação da Europa Soviética do Leste, da Equipe Política e Psicológica da CIA. A Prolog viu suas operações de Nova York e Munique expandirem-se para Londres, Paris e Tóquio. O projeto QRDYNAMIC começou a ligar-se a operações financiadas pelos fundos de investimento hedge do magnata George Soros, particularmente dos agentes em Kiev e Moscou do Watch Group de Helsinki. A distribuição de material subterrâneo expandiu de revistas e panfletos a fitas cassete de áudio, decalques de pele com mensagens anti-soviéticas, adesivos e camisetas.
O QRDYNAMIC expandiu suas operações para China, obviamente a partir do escritório de Tóquio, e Checoslováquia, Polónia, Estónia, Lituânia, Letónia, Jugoslávia, Afeganistão, Ásia Central Soviéticas, região marítima do Pacífico Soviético, e entre ucranianos-canadenses. O QRDYNAMIC pagou também agentes jornalistas de influência para seus artigos. Estes jornalistas foram localizados na Suécia, Suíça, Austrália, Israel e Áustria.
Mas desde o início da glasnost e perestroika em meados da década de 1980, as coisas começaram a parecer sombrias para o QRDYNAMIC. O alto custo do aluguel em Manhattan o levou à procura de alojamento mais barato em New Jersey.
A Secretária Adjunta de Estado para Assuntos Europeus/Eurasianos Victoria Nuland, a «donzela de Maidan» que distribuiu bolinhos assados, disse ao Congresso dos EUA que os Estados Unidos gastara US $ 5 bilhões, desde o colapso da União Soviética, para tirar o controle da Ucrânia da esfera russa. Com as recentes divulgações da CIA, parece que, para os contribuintes americanos, o preço de tal artimanha estrangeira foi muito maior.
Wayne Madsen –Tradução Marisa Choguill
Fonte  – Strategic Culture Foundation (Rússia)

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