Declarações do ministro da Defesa Manohar Parrikar indicam que seleção deverá ocorrer por volta do final do ano para fabricação de caças pelo setor privado, dentro da política ‘Make in India’, o que abre novamente a disputa entre competidores internacionais em meio a uma compra direta de 36 jatos Dassault Rafale
Na terça-feira, 16 de fevereiro, o MD indiano Manohar Parrikar declarou à imprensa da Índia que o país deverá selecionar, por volta do final do ano, pelo menos um modelo de avião de caça para ser fabricado pelo setor privado, obedecendo à política “Make in India” do atual governo do primeiro-ministro Narendra Modi. O objetivo é atender às grandes necessidades de reequipamento da Força Aérea Indiana, que possui centenas de caças envelhecidos que precisam ser substituídos.
Segundo reportagem da NDTV indiana, Parrikar afirmou que deverá haver uma ou duas fábricas de caças a jato a mais na Índia, seja em processo de instalação ou já operacionais, nos próximos três anos. Perguntado se isso significava mais linhas de montagem a serem estabelecidas pela estatal indiana HAL (Hindustan Aeronautics Limited), o ministro da Defesa esclareceu: “É o setor privado que será chamado para suprir a Força Aérea. Nós precisamos de caças. Precisamos encorajar. Há propostas.”
Parrikar acrescentou que, por volta do final do ano, “nós poderíamos selecionar alguns aviões para produzir na Índia (Make in India). Quais? Eu não me comprometo (a dizer). Mas deverá haver pelo menos um, talvez dois.” As declarações de Parrikar foram dadas nos bastidores de um encontro sobre criação de empregos, organizado pela Fundação Wadhwani.
Disputa aberta novamente. Reportagem do jornal The Hindudestacou que essas declarações do ministro abrem, novamente e de forma oficial, a disputa para fornecer caças à Índia, ao mesmo tempo em que o país se encontra em estágio avançado de negociações, com a França, para concluir um acordo intergovernamental para a aquisição direta de 36 jatos franceses Dassault Rafale. O jornal interpreta, nas palavras do ministro, que os futuros caças a serem produzidos localmente dentro da política “Make in India” poderão não ser o Rafale.
Parrikar disse que diversas propostas estão em consideração e que “através de um processo apropriado nós poderemos selecionar para produção na Índia.” Ainda segundo o jornal The Hindu, o ministro da Defesa afirmou que a “Índia tem a necessidade de caças mas isso não significa o aumento do orçamento de defesa para atender a essas compras. Isso pode ser feito pela redução de gastos de defesa em outras áreas.”
Concorrentes do extinto MMRCA se mexendo. Enquanto isso, e combinando com esforços que não cessaram de todo nos últimos anos, há movimentação por parte dos concorrentes que perderam para o Rafale na disputa do programa MMRCA (sigla para avião de combate multitarefa de porte médio, concorrência vencida pelo Dassault Rafale e para a qual se previa 126 jatos, dos quais 108 seriam produzidos na Índia com transferência de tecnologia, mas que acabou cancelada e substituída por um fornecimento direto de 36 caças pela fabricante Dassault, com negociações em estágio avançado). Fabricantes internacionais derrotados no MMRCA já vinham promovendo seus aviões de combate, em antecipação a uma volta da corrida para fornecer à Índia.
As empresas norte-americanas Boeing e Lockheed Martin, assim como a Sueca Saab, recentemente se ofereceram para estabelecer fábricas na Índia e transferir tecnologia, caso seus caças fossem selecionados pela Força Aérea Indiana. Também houve ofertas, segundo a NDTV, por parte da própria Dassault francesa, além do consórcio Eurofighter, de quatro países europeus (Alemanha, Inglaterra, Itália e Espanha). Todas essas companhias estariam em conversações com empresas privadas indianas para selecionar um parceiro local.
Ainda assim, os fabricantes internacionais vinham aguardando um sinal claro do Governo Indiano antes de selecionar seus parceiros no país. Parrikar, por seu lado, deixou claro em suas declarações de terça-feira que a política “Make in India” não significa apenas a montagem de equipamentos, mas a fabricação dentro de um processo de transferência de tecnologia.
Ampliação da produção do Tejas. Ao mesmo tempo em que apontou para o estabelecimento de novas fábricas de caças na Índia, por parte da iniciativa privada, o ministro Manohar Parrikar não deixou de indicar o apoio a um caça fabricado pelo setor estatal. Isso porque a novidade é considerada uma adição ao programa do avião de combate leve (LCA – Light Combat Aircraft) HAL Tejas, cuja produção está sendo ampliada.
Segundo Parrikar, o Ministério da Defesa está em estágio avançado para aprovar o estabelecimento, por parte da estatal HAL, de uma segunda linha de montagem do Tejas. O objetivo é ampliar a cadência de 8 jatos entregues por ano para 16. A Força Aérea Indiana espera incorporar mais de 100 aeronaves da versão melhorada do Tejas, com radar AESA (Advanced Electronically Scanned Array – varredura eletrônica ativa), capacidade de ser reabastecido em voo e suíte de guerra eletrônica melhorada, além de outros melhoramentos de menor monta.
FOTOS (em caráter meramente ilustrativo): Força Aérea Alemã, Força Aérea Francesa, Saab, Marinha dos EUA e Força Aérea Indiana.
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