Omer Bulur, acusado da propaganda do terrorismo e insulto do presidente turco Erdogan concedeu entrevista à Sputnik, explicando a sua postura em relação aos acontecimentos.
O presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan iniciou um processo criminal contra Omer Bulur.
O acusado é cidadão da cidade de Siirt (sudeste do país) que durante cerimônia de enterramento do seu primo Er Recep Beycur morto na explosão durante seu serviço no exército, gritou:
"Irmão mata irmão. Eu enviei o meu irmão vivo ao exército e agora recebo o seu cadáver. Que o presidente ouça isso!"
Estas palavras foram tomadas como o insulto sério contra Erdogan e propaganda do terrorismo. Sob estas dois acusações o tribunal pode decidir Bulur está culpado e condenar ele a 22 anos em prisão.
O acusado explicou a sua postura à Sputnik e disse:
“Eu não tinha planejado nada com antecipação, as minhas palavras foram um grito de dor. Se coloque no meu lugar. O que sentiria se em vez de um parente vivo que tinha enviado ao exército receberia o seu corpo no caixão?”.
O homem informou que 10 dias após o acontecimento a polícia o interrogou perguntando qual era o objetivo do que ele tinha dito. Depois disso, a ação penal foi iniciada. O entrevistado informou também de outra possível razão para inicialização do processo contra ele:
“Isso aconteceu porque eu postei na minha página do Facebook um texto com condolências, que a prefeitura da cidade divulgou após a morte de dois jovens na explosão na vila vizinha. É por isso que eu estou acusado de apoiar terrorismo e do Governo Regional do Curdistão. E eu tenho completamente nada a ver com qualquer partido político. Até o dia eu nunca fui processado”.
Bulur sublinhou também que o fato que ele e o seu primo têm diferentes sobrenomes está ligado com certas tradições do sudeste turco, onde por razão de vingança de sangue parentes mudaram de sobrenomes para se proteger. E desmentiu as informações divulgadas por vários meios da comunicação, que sugerem que ele não tinha relação com o soldado morto e só queria provocar tumultos.
Omer Bulur também argumentou a sua inocência assim:
“Provocadores normalmente organizam uma provocação e depois dão na pista. Se eu fosse um membro do PKK [Partido de Trabalhadores do Curdistão] fugia para montanhas, se seria apoiador do Daesh [grupo terrorista proibido na Rússia] uniria às suas fileiras na Síria, Iraque e Líbia. E eu sou apenas um aldeão simples, do qual foi feito um demônio”.
Além disso, o entrevistado chamou ambas as partes do conflito ao cessar fogo.
Para compreender o contexto da situação cabe mencionar que o PKK, um dos grupos militarizados curdos na região, é considerado uma organização terrorista pela Turquia e pelos EUA.
O Daesh, grupo terrorista proibido na Rússia e reconhecido como terrorista pelo Brasil autoproclamou-se "califado mundial" em 29 de junho de 2014, tornando-se imediatamente uma ameaça explícita à comunidade internacional e sendo reconhecido como a ameaça principal por vários países e organismos internacionais.
Atualmente os jihadistas do grupo abrangem territórios no Iraque e na Síria, mantendo a instabilidade e fomentando conflitos.
Sputnik
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
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'Sou aldeão, mas estou pintado cúmplice de Daesh'
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