Por Roberto Lopes
O memorandum of understanding (MoU) assinado na última quinta-feira (25.02) pelo ministro da Defesa da Argentina, Julio César Martínez, e pelo novo ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Marc Ayrault, no âmbito da visita de estado que o presidente François Hollande fez a Buenos Aires, é a confirmação da informação já publicada pela coluna INSIDER, de que o reaparelhamento das Forças Armadas argentinas irá acontecer por meio da reaproximação do governo de Buenos Aires com potências militares do Ocidente.
Hollande levou a Argentina, em sua comitiva, 30 empresários, inclusive representantes dos grupos DCNS e Thales.
Os presidentes Mauricio Macri, da Argentina, e François Hollande, da França, conversam em Buenos Aires, sob as vistas do ministro do Exterior francês Ayrault (ao centro)
O MoU firmado semana passada prevê uma colaboração entre os dois governos em diferentes áreas do espectro militar, incluindo intercâmbio de informações sobre o trabalho de Forças de Paz, investigação de nichos tecnológicos de interesse mútuo e cessão de equipamentos.
O documento não exigiu a assinatura de um tratado de cooperação militar entre os dois países, porque foi preparado no âmbito do acordo desse tipo já existente desde 1998 (governo Carlos Saúl Menem), e que nunca foi aproveitado em profundidade pela Era Kirchner.
Agora os franceses reapresentaram aos argentinos a oferta de venda de um lote de caças Dassault Mirage F1, feita ainda em 2014, e que jamais entusiasmou muito os militares argentinos, porque o jato, além de antiquado, chegaria ao território argentino “pelado”, ou seja, desprovido de uma série de sistemas usados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte – condição imposta pelo governo de Londres para permitir que a França venda o aparelho à Força Aérea Argentina (FAA).
Um F1 da Aviação Militar Francesa; notar que a aeronave transporta no ventre uma bomba inteligente
O modelo F1 parou de ser fabricado em 1992, e foi aposentado no Armée de L’Air (Exército do Ar francês) em junho de 2014.
Corvetas – Mas os argentinos têm alguns interesses específicos no aparato de Defesa e na indústria de armamentos da França.
Um deles seria a obtenção de algumas aeronaves de caça modelo Super Etendard SEM (Super Étendard Modernisé) do esquadrão que a Marinha da França irá desmobilizar em julho – ou, pelo menos, um lote de suprimentos dessas aeronaves, cujo modelo básico (não modernizado) faz parte do inventário do Comando Aeronaval da Armada Argentina.
Outra expectativa de Buenos Aires: uma cooperação que pudesse sanar as deficiências operacionais das três corvetas classe A-69, D’Estienne D’Orves, recebidas da França entre o fim da década de 1970 e o início dos anos de 1980.
Corvetas argentinas classe D’Estienne D’Orves; em primeiro plano a “ARA Guerrico”
Os militares argentinos consideram que esses navios, apesar de antiquados, possuem um custo operacional consideravelmente baixo – característica bastante apreciada em sua Marinha nos dias de hoje.
Plano Brasil
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