(05-04-2016) O escândalo pelas sociedades offshore de Maurcio Macri chegará em breve à Justiça argentina. Assim o antecipou o advogado Eduardo Barcesat a ámbito.com, quem ainda espera que um promotor federal elabore um escrito e cumpra com seu dever. “Vou esperar até segunda-feira para ver se não o faz um promotor de ofício, que é sua obrigação”, disse o constitucionalista.
A investigação realizada pelos jornalistas de vários países conhecida como Panamá Papers assinala que o Presidente integrou, junto com seu pai Franco e seu irmão Mariano, o diretório de uma empresa registrada nas ilhas Bahamas desde 1998, identificada como Fleg Trading Ltd. Mas o mandatário ficou vinculado a uma segunda empresa offshore, denominada Kagemusha SA, no Panamá, cuja ficha, extraída da página web do registro público panamenho, figura que foi criada em 11 de maio de 1981, quando o presidente argentino tinha 22 anos. Na linha “status” da empresa diz “vigente” e como capital figuram u$s 10.000. Kagemusha S.A. teria sido uma sociedade familiar já que Franco Macri figura como presidente, Mauricio aparece como vice-presidente e seu irmão Gianfranco, como secretário, e não figurava nos Panamá Papers, onde só aparecia Fleg Trading, das Bahamas.
Com esta informação sobre o escritório, Barcesat prepara sua própria denuncia. “Há um delito base que é sonegação fiscal agravada, que é bastante importante, e logo vêm a lavagem de dinheiro proveniente de atos ilícitos. Terá que ver quais são os atos ilícitos, se contrabando, tráfico de armas, narcotráfico, tudo dependerá da investigação“, comentou a este meio. “Vou anexar informação jornalística e os documentos publicados no Panamá Papers”, agregou.
Na apresentação, Barcesat solicitará também indagar na possível existência de outras sociedades offshore onde o mandatário figure como titular ou integrante de diretório. “Isso está pedido em outra atuação de há três anos radicada no tribunal de Luis Rodríguez e nada foi feito. Agora com esta informação nova poderia ativar-se“, assinalou.
O letrado recordou uma denuncia tramitada no foro Criminal e Correcional pela ex-presidenta do bloco de Deputados do Frente para a Vitória, Juliana Di Tullio, para investigar a fuga de capitais argentinos a paraísos ou guaridas fiscais.
Essa pesquisa se iniciou em 2013 com a revelação jornalística de Tiempo Argentino sobre 11 sociedades offshore que diretores do Grupo Clarín criaram no Panamá. A intenção de Di Tullio e Barcesat, que patrocinou a legisladora, era somar as companhias do multimeio as 469 empresas já denunciadas pelo arrependido do JP Morgan, Hernán Arbizu. Porém, o expediente em mãos do juiz federal Luis Rodríguez não têm movimento.
“A causa está virtualmente paralisada e a mudança de titularidade da Unidade de Investigação Financeira (UIF), é parte significativa dessa paralisação ou estancamento investigativo”, se queixou recentemente o advogado e ex-assessor legal de Mães da Praça de Maio.
A vinculação e acumulação de denuncias se explica na necessidade da Justiça de requerer ao exterior por única vez toda a documentação indispensável para aclarar os fatos. É que o objetivo de Di Tullio anos atrás foi “impulsar uma ampla investigação sobre lavagem de dinheiro (segundo as leies 25.246 e 26.683) e figuras penais conexas” para que “se investigue e apliquem sanções” contra toda pessoa jurídica ou física que desenvolva sua atividade permanente no país e “tenha efetuado a constituição societária ou colocado fundos nos denominados paraísos fiscais”. E ali, hoje se inclui ao Presidente.
Fonte: ambito.com
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