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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Direitos Humanos: China denuncia ao mundo crimes dos EUA

Baltimore é uma das localidades dos EUA em que mais se registram casos de brutalidade policial
A China publicou nesta quinta-feira (14) um relatório sobre a situação dos direitos humanos dos Estados Unidos no ano de 2015. De financiamento impróprio de candidatos a crimes de espionagem contra aliados, violência contra negros, detenções ilegais e descaso com a saúde e os direitos das minorias, os EUA padecem de um mal crônico apontado pelos chineses, que ainda ironizaram a administração estadunidense: “precisa de um espelho para se ver refletida”.

Baltimore é uma das localidades dos EUA em que mais se registram casos de brutalidade policialBaltimore é uma das localidades dos EUA em que mais se registram casos de brutalidade policial

O “Histórico dos Direitos Humanos nos Estados Unidos em 2015″ foi divulgado pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado, o gabinete chinês, em resposta ao Relatório sobre Práticas de Direitos Humanos dos Países – 2015” que o Departamento de Estado norte-americano tinha emitido na véspera.


O relatório chinês afirmou que os Estados Unidos repetidamente fazem comentários sobre a situação dos direitos humanos de vários países mas não falam nada sobre o próprio mau histórico de direitos humanos nem mostram nenhuma intenção de autorreflexão.

Em 2015, os Estados Unidos não obtiveram avanços nos assuntos de direitos humanos já existentes, mas registraram numerosos novos problemas, de acordo com o relatório.

“Já que os Estados Unidos se recusam a se ver no espelho, precisam da ajuda dos outros”, disse o relatório.
Política de dinheiro e de clã predomina

A política baseada em dinheiro e clãs foi de mal a pior nos Estados Unidos em 2015, diz o relatório sobre os direitos humanos nos Estados Unidos.

As pessoas jurídicas e físicas podem doar um valor ilimitado para os Super Comitês de Ação Política (Super PACs, em inglês) para influenciar a eleição presidencial, segundo o relatório “Histórico dos Direitos Humanos nos Estados Unidos em 2015”.

As companhias podem usar dinheiro para abalar a política e recolher retornos enormes, diz, citando comentários de que o sistema político dos Estados Unidos foi subvertido para ser uma ferramenta que forneceu retornos para os grandes doadores políticos.

Segundo o texto, a origem da família se tornou um fator primário na política dos Estados Unidos, com algumas famílias e grupos de interesse atrás das cortinas influenciando a eleição com o uso de fundos.
De acordo com o relatório, os direitos políticos dos cidadãos norte-americanos não são salvaguardados eficazmente na nação, onde é difícil para os eleitores expressarem sua volição real, além da injustiça na vida política devido à discriminação contra crenças.

O direitos eleitorais dos cidadãos dos Estados Unidos foram restringidos ainda mais e seu direito a informações foi dificultado pelo governo, acrescenta.

EUA viola direitos humanos em outros países

Os Estados Unidos continuaram a ignorar os direitos humanos em outros países, provocando grande número de vítimas civis.

Os Estados Unidos repetidamente organizaram forças de coalizão para lançar ataques aéreos contra as forças militares no Iraque e Síria desde 8 de agosto de 2014.

Fizeram 3.965 ataques aéreos e 2.823 na Síria até 6 de dezembro de 2015, causando um número estimado de 1.695 a 2.239 de mortes civis, segundo o relatório intitulado “Histórico dos Direitos Humanos nos Estados Unidos em 2015”, emitido pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado da China.
Em 3 de outubro de 2015, um hospital do grupo de assistência Médicos sem Fronteiras na cidade de Kunduz, do Afeganistão, foi bombardeado por meia hora, deixando 42 pessoas mortas, com alguns corpos que não puderam ser reconhecidos, diz o relatório.

Durante a Operação Haymaker, uma campanha executada no nordeste do Afeganistão entre janeiro de 2012 e fevereiro de 2013, cerca de 219 pessoas morreram, mas apenas 35 foram os alvos pretendidos, de acordo com o relatório.

Também citou um relatório do Senado dos Estados Unidos sobre o programa de detenção e interrogatório da Agência Central de Inteligência (CIA), dizendo que a CIA usou técnicas brutais de interrogatório, tais como afogamento simulado, solitária por longo tempo, bater cabeças dos prisioneiros em paredes, açoitamento e ameaça de morte.

De acordo com o relatório, o governo dos EUA continuou monitorando líderes de outros países em nome de “propósito de segurança nacional” em 2015.

O documento citou uma reportagem feita pelo Independent em 24 de junho de 2015, dizendo que os Estados Unidos grampearam os celulares de três presidentes franceses e muitos outros altos funcionários da França.

Relações raciais no pior nível em duas décadas

O conflito racial é grave nos EUA, com as relações de raça na pior condição em cerca de duas décadas. 61% dos americanos caracterizaram as relações raciais nos EUA como “más”, indicou o relatório, citando uma pesquisa realizada conjuntamente pelo CBS News e o The New York Times em 4 de maio de 2015. Os dados são os mais altos desde 1992.

As áreas da aplicação da lei e justiça foram gravemente afetadas pela discriminação racial, com 88% dos afro-americanos acreditando terem sido tratados injustamente pela polícia e 68% considerando que o sistema de justiça criminal americano é preconceituoso de forma racial, apontou o relatório.
Os brancos tinham 12 vezes mais riqueza que os negros e quase 10 vezes mais que os hispânicos. Foi dito que o Sonho Americano continuou fora do alcance para muitas famílias afro-americanas e hispânicas, acrescentou.

Direitos sociais e econômicos sob desafio

Em 2015, não houve nenhum progresso significativo relativo aos direitos econômicos e sociais dos cidadãos dos Estados Unidos, diz o relatório.

No ano passado, os trabalhadores nos Estados Unidos realizaram greves em massa para exigir seus direitos no trabalho, diz o relatório, acrescentando que as populações sem alimentos suficientes e sem casa permaneceram enormes na nação, e muitas pessoas nesse país sofreram com saúde deficiente.

Segundo a Al Jazeera America, cerca de 40% dos trabalhadores do setor privado, ou 44 milhões de pessoas nos Estados Unidos, não tinham acesso à licença remunerada para doença.

A disparidade entre os ricos e pobres tem crescido constantemente, diz o relatório.

Segundo o USA Today, nos Estados Unidos, 3,1% da renda foi para os mais pobres, 20% da população, todos os anos, enquanto 51,4% para os 20% mais ricos da população total.

A população faminta permaneceu grande nos Estados Unidos, diz o relatório. Pelo menos 48,1 milhões de pessoas por ano não podem pagar sempre por refeições equilibradas, segundo uma matéria do The Guardian.

Ao citar números do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano do país, o relatório observa que mais de 560 mil pessoas estavam sem casa nos Estados Unidos, e cerca de um quarto delas era de crianças menores de 18 anos.

Os direitos humanos para saúde no país não estavam completamente protegidos. Havia ainda 33 milhões de pessoas no país sem seguro saúde em 2015, diz o relatório, citando os dados divulgados pelo Instituto para Inovação em Política.

Segundo os Centros dos Estados Unidos para Controle e Prevenção de Doenças, a taxa de mortalidade por overdose de drogas, que foi a causa principal de doenças no país, mais do que dobrou, de 6 por cada 100 mil pessoas em 1999 para 13,8 em 2013, segundo o relatório.

Mulheres e crianças sem direitos

A situação para as mulheres norte-americanas está piorando e as crianças estão vivendo em um “ambiente incômodo”, segundo opina o relatório.

A percentagem das mulheres na pobreza aumentou de 12,1% a 14,5% durante a última década, diz o relatório, acrescentando que os EUA são a única nação industrializada sem lei completa para financiar as mulheres durante a licença de maternidade.

Um total de 23% das mulheres não graduadas disseram que elas foram vítimas de contato sexual não consensual, de acordo com o relatório.

O documento diz que houve pelo menos dois tiroteios em escolas por mês em 2015 e quase duas crianças morreram por semana nos tiroteios não intencionais. Cerca de um quarto dos adolescentes com idade superior a 15 anos que morreram de ferimentos nos EUA foram mortos em incidentes relacionados com armas de fogo.

Além disso, cerca de 17,4 milhões de crianças com idade inferior a 18 anos estavam sendo criadas sem pai e 45% viviam abaixo da linha de pobreza. Cerca de um quinto das crianças norte-americanas eram de famílias com insegurança alimentar, de acordo com o relatório.

Cidadãos ameaçados pelo uso desenfreado de armas

O relatório chinês também aponta que o direito à vida dos cidadãos norte-americanos não pôde ser garantido com o uso desenfreado das armas de fogo.

“A ocorrência frequente de tiroteios foi a maior impressão do mundo sobre o EUA em 2015”, disse o relatório.

Houve um total de 51.675 incidentes de violência armada nos EUA no ano passado até 28 de dezembro, incluindo 329 tiroteios em massa. No geral, 13.136 morreram e 26.493 ficaram feridos, indicou o relatório, citando uma pesquisa realizada pelo Arquivo de Violência de Armas.

As estatísticas mostraram que havia mais de 300 milhões de armas nos EUA, que tinha uma população de mais de 300 milhões. Durante a última década, mais de 4 milhões de cidadãos norte-americanos se tornaram vítimas de assaltos, roubo e crimes relacionados com armas de fogo.

De acordo com o relatório “Crime nos Estados Unidos” emitido pelo Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) em 2015, armas de fogo foram utilizadas em 67,9% dos assassinatos, 40,3% dos roubos e 22,5% dos ataques agravados do país, em 2014.

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