Em uma entrevista à Sputnik, o analista político turco Hakan Gunes disse que a ameaça israelense de atacar o Irã se torna irrelevante por causa da entrega dos sistemas russos da defesa antiaérea S-300 à República Islâmica; no entanto, isso pode estimular mais tensões entre Teerã e os países do bloco anti-iraniano.
Gunes salientou que os fornecimentos do S-300 fortalecem significativamente as capacidades defensivas do Irã.
"Primeiramente, Israel e a Arábia Saudita provocaram um agravamento da situação com o fornecimento do S-300. Os sistemas de defesa antiaérea têm papel mais defensivo do que ofensivo. Eles não constituem uma ameaça para nenhum Estado, sendo projetados para garantir a segurança no espaço aéreo de um país de um possível ataque com mísseis", disse ele.
Segundo ele, os fornecimentos do S-300 para o Irã perturbaram Israel e Arábia Saudita, que várias vezes tinham ameaçado lançar mísseis à República Islâmica.
"Israel e a Arábia Saudita têm feito mais de uma declaração sobre um ataque à infraestrutura do Irã com mísseis balísticos de médio alcance. Estas declarações se tornaram irrelevantes agora porque o Irã recebeu os sistemas S-300," disse Gunes.
Ele também indicou contradições nas relações de Washington com os seus aliados na região, incluindo Israel, a Turquia, a Arábia Saudita e o Qatar, que tinham sido em paz nos últimos 18 meses.
Segundo Gunes, esses países esperam com ansiedade o fim do mandato presidencial de Barack Obama depois das eleições de novembro, para intensificar as suas atividades anti-iranianas. Ele prevê que nos próximos meses se observará reaproximação entre a Turquia, a Arábia Saudita e Israel.
De acordo com ele, em caso de um conflito com o Irã, a Turquia e a Arábia Saudita provavelmente peçam a ajuda do lobby israelense nos EUA.
"Depois das eleições de novembro nos EUA, tendo em conta o incremento da atividade dos países do bloco anti-iraniano, o confronto entre eles e o Irã poderia escalar", disse Gunes.
O contrato de entrega dos sistemas russos ao Irã, no valor de 800 milhões de dólares, foi assinado ainda em 2007, mas acabou sendo anulado após o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado a Resolução 1929 com sanções ao Irã, em 2010.
Apesar disso, em abril de 2015, o presidente russo Vladimir Putin assinou um decreto permitindo que o acordo fosse retomado. Em julho daquele ano, o levantamento das sanções contra a República Islâmica abriu as portas para que a venda fosse finalmente concluída.
O descumprimento do primeiro contrato em 2010 fez com que Teerã abrisse um processo judicial contra Moscou, no valor de US$ 4 bilhões. Com a retomada do acordo, no entanto, as partes chegaram a um acordo e a ação foi retirada.
Em julho de 2015 o assessor do presidente russo Vladimir Kozhin disse que a Rússia fornecerá a nova versão dos mísseis S-300 para o Irã, modernizada tendo em conta as necessidades específicas do país.
Sputnik
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