Os utilitários da 22ª Brigada de Guardas, dotados de metralhadoras no teto
Por Roberto Lopes
O Exército russo deslocou para a Síria parte dos seus veículos 4×4 de emprego tático LMV Iveco iguais àqueles que o Exército brasileiro acaba de selecionar para equipar as suas “tropas médias”, de caráter expedicionário.
As viaturas pertencem à 22ª Brigada de Guardas sediada em Rostov-on-Don, e apesar de cumprirem satisfatoriamente o seu papel não são muito apreciadas por uma parte ponderável dos chefes militares russos.
Esses oficiais criticam, até hoje, a política de importação de equipamentos militares estrangeiros – chamada de “Ocidentalização” (Westernization) – praticada pelo ministro da Defesa Anatoly Serdyukov – um amigo do Presidente Putin que, no fim de 2012, devido justamente a pressões militares, foi removido do ministério para um posto na indústria aeroespacial russa.
Advogado hoje com 54 anos (e apenas uma brevíssima passagem pelo Exército) Serdyukov chefiou a área militar da Rússia entre 2007 e 2012.
Serdyukov na Parada Militar do Dia da Vitória (9 de maio) de 2008
Nesse período ele conduziu não apenas a aquisição das viaturas da Iveco, mas também drones de fabricação israelense e os famosos navios de assalto anfíbio franceses da classe Mistral, que os russos nunca puderam receber (e hoje adornam a enigmática Marinha egípcia).
“Herói” – Após ter sido praticamente expulso da Defesa, ele, em novembro de 2013, foi acusado de corrupção (a construção de uma estrada no sul da Rússia em benefício de terceiros), mas essas imputações foram definitivamente rejeitadas em 2014.
A saison de Serdyukov na Defesa da Rússia já começou por caminhos tortos.
O amigo de Putin assumiu seu posto a 15 de outubro de 2007, incumbido de lutar contra a corrupção e a ineficiência nas Forças Armadas.
Estudos da época mostravam que à potência russa não bastavam a pesquisa tecnológica de ponta e a produção de armas modernas. Era preciso acabar com os procedimentos e controles que permitiam o sistemático desvio de recursos, e os resultados do emprego das forças militares no campo que ficavam muito aquém das necessidades estratégicas definidas por Moscou.
Em março de 2012 Serdyukov foi agraciado com o cobiçado título de “Herói da Rússia”, mas essa homenagem precisou ser feita por meio de uma ordem secreta do então presidente Dmitry Medvedev. Oito meses mais tarde o ministro foi exonerado de suas funções, e substituído pelo general Sergei Shoigu.
Rostec – Atualmente Serdyukov ocupa um cargo de diretor na Corporação Estatal Rostec, incumbido de supervisionar projetos aeronáuticos.
Quanto ao LMV, não há, mesmo na turbulenta Rússia, queixas maiores. Como se sabe, trata-se de um utilitário de design concebido para resistir ao efeito destrutivo de minas terrestres e explosivos improvisados acionados à distância (IEDs).
Sua eficiência vem sendo comprovada nas forças militares da Itália (onde é chamado de Lince), Reino Unido (onde tem a denominação de Panther), Bélgica, Noruega, Espanha, República Checa e Croácia.
No Brasil os primeiros carros do lote de 32 exemplares contratados, devem ser entregues já a partir do segundo semestre, ou, no máximo, no início de 2017.
A Força Terrestre brasileira prevê incorporar, a curto prazo, 186 viaturas desse tipo.
Plano Brasil
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