Os contendores da próxima década na arena do Exército americano: o Defiant da parceria Lockheed Martin/Boeing, e, abaixo, o “mock-up” (em tamanho real) do Valor, da Bell Textron
Por Roberto Lopes
Representantes da Lockheed Martin e da Boeing – duas empresas gigantes do setor aeroespacial americano – anunciaram, na última segunda-feira (09.05), na cidade americana de Atlanta, que estão efetivamente empenhados em desenvolver o SB-1 Defiant, helicóptero de linhas revolucionárias e alta velocidade, concebido para substituir o consagrado Sikorsky Black Hawk.
O anúncio foi feito durante a reunião anual da Associação Americana de Aviação do Exército. A expectativa é de que o protótipo da aeronave fique a cargo da própria Sikorsky – hoje uma subsidiária do grupo Lockheed Martin –, e possa fazer seu voo de demonstração já no ano que vem.
O aparelho terá um rotor coaxial de design futurístico, com um jogo de pás montado sobre outro.
O conjunto propulsor do Defiant é revolucionário
A parceria Lockheed Martin/Boeing terá, contudo, que enfrentar a Bell Helicopter Textron, de Fort Worth (Texas), que também se prepara para apresentar um projeto para a próxima década, nesse caso, um aparelho do tipo tiltrotor (convertiplano), desenvolvido a partir do conhecido V-22 Osprey e batizado de V-280 Valor – que irá decolar e pousar como um helicóptero, e se deslocar no espaço com a rapidez de um avião.
A previsão da Bell é de que o Valor faça seu voo inaugural em setembro de 2017, e entre em produção regular em meados da próxima década.
Concepção artística da decolagem simultânea de diversos convertiplanos Valor, da Bell
Calor – Os dois programas já são conhecidos no Exército americano desde 2013.
Os desafios revelados pelo combate em zonas do Iraque e do Afeganistão – regiões do planeta muito quentes, montanhosas e áridas – expuseram as limitações de máquinas extremamente sofisticadas mas desenvolvidas no hemisfério norte, como o robusto Black Hawk e o super-artilhado helicóptero AH-64 Apache.
Aeronaves Black Hawk no Afeganistão (a foto é de abril de 2011)
Tais observações forçaram o US Army a especificar o projeto de uma aeronave que possa voar mais alto e mais rápido do que os famosos Black Hawk e Apache, enquanto transportam importantes payloads (cargas pagas).
A competição entre o Defiant e o Valor é apenas parte do programa Future Vertical Lift do Exército dos Estados Unidos, iniciativa ambiciosa, destinada a substituir todo o atual portfolio de aeronaves de asas rotativas da Força Terrestre americana, constituído por aparelhos Black Hawk, CH-47F Chinook, Apache e OH-58D Kiowa.
A renovação de toda esta frota tem um custo estimado em 100 bilhões de dólares.
Apesar dos estudos já feitos pelos dois grandes fabricantes de helicópteros americanos, o Exército americano já anunciou que não terá recursos para renovar o seu componente de helicópteros de combate antes de 2030 – decisão que, em setembro passado, mereceu pesadas críticas de parte de militares holandeses.
De acordo com esses críticos, a demora dos americanos em colocar em uso suas novas aeronaves de ataque retardará a possibilidade de os países sócios de Washington na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) também renovarem os seus esquadrões de helicópteros de combate.
Para agravar a polêmica, o vice-presidente da Bell, Vince Tobin, declarou que seu V-280 estará “pronto para combate e plenamente operacional” no ano de 2024.
O “mock-up” do Valor visto do alto
Gasto – Tobin só não falou sobre o principal desafio de seu novo programa: evitar que o desenvolvimento do Valor se transforme em uma aventura financeira de proporções proibitivas como foi o desenvolvimento do Osprey: 36 bilhões de dólares, que precisaram ser justificados pela parceria que se incumbira de fabricar a aeronave – no caso, Bell Textron e Boeing.
Além disso, o programa do Osprey produziu, no período de 1991 a 2000, um triste dano colateral: sete aeronaves destruídas em voos de testes, e as perdas das vidas de 30 especialistas que trabalhavam no projeto.
O Osprey virou sinônimo de mobilidade moderna nas Forças Armadas americanas, e também de um programa bilionário…
Em 2007, quando o Osprey já estava operacional, mais uma aeronave foi perdida em combate, com a morte de seis militares.
Plano Brasil
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