Albino Castro, Paulo Moreira Leite e Sidney Rezende, dispensados pela EBC
Sob nova gestão, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), gerida pelo governo federal, começou o processo de reestruturação. O novo diretor-presidente da instituição, Laerte Rímoli, nomeado pelo presidente interino Michel Temer, demitiu, remajenou e cancelou contratos de dezenas de funcionários, incluindo medalhões.
Nesta sexta-feira (25), pelo menos oito gerentes e diretores foram dispensados de seus cargos, de acordo com portarias publicadas na página da EBC na internet. O site ainda está sendo atualizado, com documentos incluídos e retirados sem aviso.
Um dos dispensados é Albino Castro. Diretor de jornalismo da EBC desde agosto de 2015, foi promovido a assessor especial da diretoria da Presidência para trabalhar ao lado de Ricardo Melo, nomeado para o cargo de diretor-presidente por Dilma Rousseff antes de seu afastamento do Planalto.
Com a exoneração de Melo e a troca por Laerte Rímoli, Albino Castro, que antes passou por SBT, Cultura e Gazeta, perdeu o cargo para Wilson Ibiapina, repórter e editor da Globo durante 20 anos e ex-assessor da presidência da Radiobrás.
O novo secretário de Comunicação de Temer, Márcio Freitas, também assumiu o Conselho Administrativo da EBC e substituiu três dos cinco diretores principais da empresa. Luiz Antônio em Administração e Finanças, Lourival Macedo no Jornalismo e Maria Aparecida Fontes em Produção.
Tensão
O clima na EBC é pesado. Funcionários temem ao menos 50 novas demissões nos próximos dias e até a fusão da TV Brasil com a NBR, que na prática representa o fim da emissora pública há oito anos no ar.
O contrato com o jornalista Sidney Rezende foi suspenso na última sexta. "Medalhões" como Tereza Cruvinel, Emir Sader, Paulo Moreira Leite e Mariana Kotscho foram afetados. Para cortar gastos, a TV Brasil cancelou transmissões ao vivo, como o show de Mano Brown na Virada Cultural.
O STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu o mandado de segurança, com prazo de 72 horas, e encaminhou para a AGU (Advocacia-Geral da União). A decisão, que deveria ter sido publicada nesta quarta, deve ser divulgada na próxima segunda. Se for aceito, Ricardo Melo voltará à presidência da EBC, e as portarias assinadas por Rímoli deverão ser invalidadas.
"É uma gestão absolutamente ilegítima, fruto de uma decisão arbitrária, autoritária e ilegal do presidente da República, em desconformidade com o que estabelece a lei, cujos atos serão questionados judicialmente em um sistema oportuno. É um verdadeiro escândalo", reclama a defesa de Ricardo Melo ao UOL.
Outro lado
Procurada pelo UOL, a EBC informa que "está iniciando um processo de reformulação que inclui a reavaliação de todos os contratos com Pessoas Jurídicas, em razão do levantamento preliminar que já aponta déficit em torno de R$ 60 milhões no caixa" da empresa.
"Diante do quadro de severa restrição orçamentária, a nova direção da EBC decidiu suspender alguns contratos por 120 dias, até que seja melhor definido o tamanho do esforço financeiro necessário para adequar a empresa ao ajuste fiscal que a crise econômica impõe ao conjunto do governo federal", informa a empresa.
Segundo o comunicado, "só o contrato com a produtora e o apresentador do programa semanal Espaço Público, do jornalista Paulo Moreira Leite, por exemplo, custa à EBC cerca de R$ 570 mil anuais".
"Neste primeiro momento, estão sendo suspensos sete contratos com Pessoas Jurídicas, no valor global de cerca de R$ 3 milhões/ano, enquanto a direção reavalia a viabilidade de a empresa manter tais compromissos financeiros", finaliza.
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