Provas de que o Comitê Nacional dos Democratas (CND) serviu-se de veículos da mídia-empresa comercial para propagandear a eleição de Hillary
Os apoiadores de Bernie Sanders e veículos independentes cansaram-se de denunciar o quanto a mídia comercial norte-americana vivia a insistir na conversa mais fátua e tola, sempre para promover a candidatura de Hillary Clinton.
Hoje as coisas mudaram, porque agora há provas sólidas — e-mails vazados mostram que, sim, o CND operou em colusão com jornalistas e veículos da mídia-empresa dominante, para fazer propaganda pesada a favor de Clinton.
"Nossos objetivos nos próximos meses será enquadrar desde o início o campo Republicano e qualquer eventual indicado e mostrar contraste profundo entre o campo do GOP [ing. Great Old Party (denominação tradicional do Partido Republicano dos EUA) (NTs)] e o campo de HRC [Hillary Rodham Clinton]" – lê-se em e-mail datado de 26/5/2015, postado por "Guccifer 2.0" —, segundo o hacker romeno que teria invadido o servidor privado de Internet de Clinton, várias vezes.
Uma das estratégias listadas para "posicionamento e mensagens para o grande público" consistiria de "usar ataques específicos para enlamear as águas, agitando questões de ética, transparência e ataques contra as finanças de campanha de HRC"
Com a atenção geral dirigida quase toda para a dita 'estratégia' do Comitê Nacional Democrata para enfrentar Donald Trump, essa colusão entre jornalistas e 'marketeiros políticos' para empurrar as narrativas na direção que mais favorecesse Hillary parece ter escapado sem ser vista – noticiou US Uncut.
Mas essa série de e-mails vazados mostra que houve coordenação atenta e meticulosa entre as narrativas do Comitê Nacional Democrata, empurrando Clinton à frente de Sanders, como se desde o primeiro dia ela já fosse a indicada — precisamente o crime do qual incontáveis defensores de eleições limpas e justas sempre suspeitaram.
Sob o título "Táticas", o documento diz que "trabalhando com o CND e grupos aliados, usaremos vários métodos para desencadear esses ataques" — inclusive, sob o subtítulo "Ação Expandida dos Jornalistas e Repórteres" [ing. Reporter Outreach], o seguinte:
"Trabalhando mediante o CND e outros, devemos usar briefings preparatórios com repórteres para entrevistas com candidatos do Partido Republicano, conversas off-the-record e 'pontos de oportunidade' [ing. oppo pitches]para ajudar a disparar histórias sem deixar impressões digitais e usar repórteres e jornalistas para passar um recado."
[E sob o título "Eventos Incrustados" (ing. "Bracketing Events") o e-mail afirma que] "Todos, o Comitê Nacional Democrata e grupos externos estão querendo cobrir eventos e a imprensa que cerca eventos dos Republicanos para introduzir nossa mensagem dentro da imprensa deles e forçá-los a responder perguntas sobre questões chaves."
O mais revelador desse específico documento é a conclusão: [em parte] "Nosso objetivo é usar essa conversação para responder perguntas sobre quem preferimos como adversário e como melhor alavancar outros candidatos, para manobrá-los para o lugar certo."
Guccifer 2.0 também vazou uma lista de duas páginas intitulada "Planos de HRC para eleição" [ing. HRC election plans]" a qual, como US Uncut observou, inclui um 'item para pautar', que adiante apareceu, palavra por palavra, no vídeo em que Hillary anunciou que se candidatava à indicação dos Democratas à presidência:
"Os norte-americanos lutaram e conseguiram escapar de tempos duros na economia, mas o baralho continua marcado a favor dos de cima [ing. the deck is still stacked for those at the top]."
É palavreado que mostra não só um movimento cuidadosamente urdido para começar a servir 'de colher' os mais envenenados 'clintonismos' para um público desprevenido – mas também a ironia de a ex-primeira dama pôr-se lá a pontificar sobre "baralhos marcados" a favor da elite, o que resulta em grau espantoso de hipocrisia naquele contexto.
Antes de esses documentos hackeados serem distribuídos, análise da cobertura das eleições assinada por Neal Gabler,publicada em Truthout, evidenciava surpreendente favoritismo pró-Clinton na grande mídia-empresa nos EUA, desde as eleições de 2016 até hoje. Embora nem sempre plenamente escancarada, a preferência da mídia-empresa norte-americana por Hillary sempre incluiu contorcionismos semânticos os mais complexos para não mostrar Sanders sob luz favorável.
Mesmo quando Sanders já estava tendo sucesso sempre crescente, a mídia-comercial norte-americana tratava de reduzi-lo o mais possível, comparando-o sempre a Trump, ou referindo-se a ele sempre 'em dupla' com Trump — apresentando os dois como candidatos 'marginais'. Com isso se criava um paralelo psíquico entre a popularidade do senador de Vermont e a demagogia do bilionário provocador.
Mas o sucesso de Sanders continuou, apesar do completo blecaute que sofreu na 'grande mídia'; alguns veículos recorreram a hostilidade declarada, para conseguir mensagem favorável a Clinton. Como Anti-Media já havia noticiado, Kurt Eichenwald publicou coluna violenta contra Sanders e, também, contra seus apoiadores, intitulada "Assuma o controle, senador Sandres, ou caia fora" [ing. "Get Control, Senator Sanders, or Get Out"].
"Assim, senador Sanders – Eichenwald pontificou –,"ou o senhor assume o controle sobre esse culto ensandecido que o cerca, ou cai fora da disputa."
Dizer que a mídia-empresa dominante foi cúmplice num esforço coordenado para garantir a Hillary a indicação seria dizer sempre pouco; e escandaloso mascaramento da realidade. Por mais que eleitores furiosos e jornalistas ainda realmente íntegros em todo o país tenham imediatamente desmascarado o anúncio falso de que Clinton já teria obtido a indicação pelos Democratas, não é difícil ver – especialmente depois dos e-mails vazados – que toda a operação estava planejada com a mídia-empresa, desde o início, para levar àquele evento.
US Uncut noticiou que nem a Comissão Nacional dos Democratas, nem a campanha de Clinton responderam aos pedidos para que comentassem a notícia.
A presidente da Comissão Democrata, Debbie Wasserman Schultz, até reagiu contra críticas de que Sanders não teria recebido tratamento justo pela mídia-empresa em abril em entrevista com Trevor Noah, de Daily Show:
"Por mais poderosa que essa ideia me faça sentir-me, nunca fui boa em adulterar resultados ou... impedir que alguém diga o que deseje dizer."
A realidade pede vênia para discordar.
Tyler Durden (de Claire Bernish via TheAntiMedia.org)
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
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