Uma pesquisa recente, incluída na excelente coletânea “A Segunda Guerra Mundial 70 Anos Depois …” (Editora Multifoco, RJ, 2016) é mais uma demonstração que me enche de vergonha e a todos que, patriotas, se interessam pelo Brasil.
Como competentes e intelectualmente responsáveis, os professores Sydenham Lourenço Neto e Vinícius da Silva Ramos ressaltam o relativo valor estatístico de seu trabalho, fruto de uma única amostra em um só estabelecimento de ensino. Mas o resultado é assustador.
Entre 22 e 26 de setembro de 2014, com alunos do 7º e 8º ano, ou seja, adolescentes, em escola no município de Magé, no Estado do Rio de Janeiro, conduziram a pesquisa que objetivava conhecer o grau de informação dos alunos sobre a II Guerra Mundial e a participação do Brasil.
Primeiro, como se expressam os autores, “um enorme abismo”. Pouco mais da metade (55%) possuía “algum tipo de conhecimento” sobre este episódio histórico. E destes mais informados 75% não sabiam que o Brasil dele participara e 50% achavam que o Brasil fora derrotado (!).
Numa relação dos países participantes do conflito, oito em dez assinalaram os Estados Unidos da América, e Itália e França foram pouco lembradas.
Mais do que o desconhecimento, a mim assustou a desinformação e a percepção da ação brasileira.
Volto, então, ao projeto secular pela ignorância que se implanta no Brasil. E, por incrível coincidência, tomo conhecimento, pela internet, que a viúva do grande educador pátrio Paulo Freire dirigiu ao provisório Presidente carta de protesto sobre a alteração da biografia de seu esposo, onde se lê:
Volto, então, ao projeto secular pela ignorância que se implanta no Brasil. E, por incrível coincidência, tomo conhecimento, pela internet, que a viúva do grande educador pátrio Paulo Freire dirigiu ao provisório Presidente carta de protesto sobre a alteração da biografia de seu esposo, onde se lê:
“Acredito que o atual Ministro da Educação, natural do estado de Pernambuco, Mendonça Filho, como Paulo Freire o foi, teria o prazer (pessoalmente considero que o dever) de esclarecer e inibir que inverdades sejam ditas de seu conterrâneo, homem ético, probo e honrado, Patrono da Educação Brasileira. Acredito que o referido ministro se colocará e agirá, positivamente, a favor, no momento em que for instigado a isso por V. Exa., contra a manipulação da máquina do Estado a serviço do amesquinhamento de um dos mais importantes homens desta Nação”
E, adiante, escreve Ana Maria Araújo Freire: “É inconcebível que numa sociedade democrática se divulgue frases carregadas de ódio e de preconceito como: “Paulo Freire e o Assassinato do Conhecimento” – absurda e ironicamente, no ano em que Paulo Freire está sendo considerado nos EUA como o terceiro intelectual do mundo, de toda a história da humanidade, mais citado, portanto mais estudado nas universidade norte-americanas, que, a princípio são contra o marxismo.”
Fica a sensação que o golpe se deu para recolocar no Poder as mesmas forças que sempre obstaram qualquer progresso nacional, muito mais do que os artifícios jurídicos e mesmo a salvação dos corruptos.
A elite brasileira, criada pelas capitanias hereditárias e pela submissão aos impérios, cobre o País, mais uma vez, com o opróbrio da consciência civilizada mundial.
Desta elite que se apodera das riquezas nacionais, como estelionatária e egoísta que é, apenas com olhos para o exterior, envergonhada de sua nacionalidade, e que vê com o merecido desprezo seus capitães do mato, no Legislativo, no Executivo e no Judiciário. E para que não reste dúvida sobre o futuro que nos deseja, aprove a neoescravidão da ampla, geral e irrestrita terceirização do trabalho. Impossibilite que os mais necessitados atinjam a aposentadoria. Incentive mais crianças a se tornarem criminalmente imputáveis. Entregue a enorme riqueza do Pré-sal. E depois proclame na imprensa familiar e oligopolista que o País vive uma crise, pois as pessoas desejam ter uma vida digna, desejam que seus filhos vivam melhor do que seus avós escravos, que as favelas e periferias urbanas se transformem em bairros com as infraestruturas indispensáveis à existência humana civilizada.
O jornalista Urariano Mota narrou uma triste vivência:
“Lembro que uma vez perguntei a idade a um menino que cheirava cola nas ruas do Recife. “Onze anos”, ele me respondeu. E eu, com minhas exatidões burras de classe média: “Vai fazer, ou já fez?”. Silêncio. Eu insisti, crente de que não havia sido entendido. “Você faz anos em que mês?”. Então ele me ensinou, antes de correr até a esquina:
– Tio, eu não tenho aniversário.”
O que podemos sentir desses provisórios governantes senão vergonha.
Agradecimento de Dinâmica Global ao autor por compartilhar seu texto e nos instigar à reflexão.
Autor: Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado
dinâmica global
Só uma coisa resolve todos os problemas do Brazil. Controle de natalidade igual na China. Se os chineses não tivessem feito não seriam a hiperpotência do séc XXI é sim meros escravos do imperialismo.
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