Tayyab Baloch, Katheon, Moscou
o, a partir dos BRICS, de mundo multipolar, inscreve-se também o golpe em andamento no Brasil, que visa a derrubar o governo popular democrático eleito da presidenta Rousseff e a impor ao país governo do usurpador golpista ex-vice-presidente (#Fora)Michel Temer (NTs)]. Muitos especialistas haviam previsto que os EUA 'escalariam' o Paquistão, seu mais próximo aliado, para impedir que se alistasse com Rússia e China [COMENTÁRIO DE ATUALIZAÇÃO: O mais provável é que a Índia tenha sido 'escalada' pelos EUA porque também é país do grupo BRICS, como o Brasil – grupo que os EUA dedicam-se hoje a tentar desmontar; é o que o golpe em andamento no Brasil parece sugerir (NTs)].
Esse ensaio visa a considerar o mecanismo liderado por China e Rússia para segurança no Pacífico Asiático, contra o projeto dos EUA de fazer guerra contra a Ásia. Nessa direção discute-se aqui a política de contenção/desmanche/desmonte que os EUA tentam impor àquelas duas superpotências emergentes que trabalham hoje na direção de construir uma ordem mundial multipolar, que porá fim à hegemonia unipolar dos EUA sobre o mundo [o golpe em andamento no Brasil também se inscreve perfeitamente nesse movimento de desmonte-contenção pelos EUA contra outro país dos BRICS (NTs)].
Visão de Xi e preparação dos chineses para a guerra
Matérias de jornal sugerem que a China já instruiu seus cidadãos a se preparar para uma próxima 3ª Guerra Mundial. Essa medida de autoproteção foi tomada pelo alto comando chinês para proteger a própria soberania depois da manifestação do chamado Tribunal Internacional para Arbitragem na disputa pelo Mar do Sul da China. A China não só rejeitou a sentença tendenciosa e enviesada do 'tribunal' sobre o caso do Mar do Sul da China, como, também, já começou a implantar medidas para proteger o próprio território e suas rotas marítimas. O governo do presidente Xi comprometeu-se a tornar realidade o sonho chinês. Assim sendo, o presidente Xi Jinping já expôs a própria visão, segundo a qual a tradicional Rota da Seda aparece modernizada por iniciativas reunidas no modelo das iniciativas 'Cinturão-Rota' que visa a conectar todo o planeta mediante pontes em terra e rotas marítimas.
Imediatamente depois que Xi Jinping anunciou as iniciativas "Cinturão-Rota", os EUA aceleraram sua "Guerra Híbrida" contra a China, tentando bloquear rotas comerciais mediante um processo para 'turbinar' e fazer explodir quaisquer disputas que surgissem entre China e países vizinhos. Para essa finalidade, os EUA insistem em construir um pacto norte-americano de segurança no Pacífico Asiático, com os governos que há hoje no Japão, Coreia do Sul e Austrália, ao mesmo tempo em que trabalham para cooptar a Associação de Nações do Sudeste Asiático [ing. ASEAN] e a Associação de Países Sudeste-Asiáticos [ing. SAARC).
No sul da Ásia, Washington teve sucesso ao conseguir que Nova Delhi se aliasse aos EUA contra Pequim; mas a posição da Índia no Mar do Sul da China ainda não está definida. Os atuais movimentos da Índia a favor dos EUA sugerem que o país se associará a um projeto semelhante a uma "OTAN asiática" chefiada pelos EUA contra a China. Apesar de ser membro de instituições mundiais multipolares, a Índia sob o governo Modi tornou-se uma ponte importante para a hegemonia unipolar mundial. Como escreveu o autor de artigo intitulado "Russia in SAARC": "A Índia está também com Rússia e China como membro dos BRICS e da OCX, mas infelizmente o atual movimento de Modi na direção de alinhar a Índia com defensores da ordem unipolar é, de fato, perigosa ameaça ao futuro multipolar do planeta."
A atual tensão entre EUA e China tem a ver com como Washington contava com poder usar aqueles estados contra Pequim. Verdade é que os EUA trabalham hoje para constituir um projeto 'como a OTAN', na Ásia, contra a China. Mas não implica dizer que essa iniciativa anti-China terá sucesso porque, como foi concebida, levará necessariamente a mais guerra e destruição para o mundo. O modelo chinês de Xi, por sua vez, oferece desenvolvimento e integração regional, que visam a resolver todas as disputas territoriais e regionais. Acresce-se a tudo isso que a Rússia já está associada à China na Ásia, dedicada também a tornar realidade o slogan "O futuro é a Ásia".
Rússia, árbitro na Ásia
Sob a liderança do presidente Putin, a Rússia reconquistou o status de superpotência mundial depois da dissolução da União Soviética. O sucesso dos russos na Síria prova que a Rússia está pronta a lutar pela paz mundial.
Na verdade, a Rússia já é hoje símbolo da resistência contra a hegemonia unipolar, porque é o único país que trabalha para superar a mentalidade de Guerra Fria que sobrevive nos EUA, apenas dos 70 anos já passados. Hoje, no cenário de guerra mundial que se avizinha, a Rússia está convertida em esperança do mundo multipolar, cujos frutos dependem de EUA/OTAN serem derrotados.
Por isso precisamente os EUA retratam a Rússia como principal ameaça à segurança da Europa e insistem desesperadamente em cercar a Rússia de Putin com exércitos da OTAN. Sob comando de Tio Sam, forças da OTAN chegaram muito perto das fronteiras russas – situação para a qual muito contribuiu a ação dos EUA na Ucrânia. Quando os EUA tentaram acorrentar o urso russo sob pesadas sanções europeias, os russos serviram-se da oportunidade que veio com a dificuldade, e ajustou a própria economia, olhando na direção da Ásia, como alternativa à Europa.
Hoje a Rússia já é um dos principais parceiros comerciais e estratégicos dos países asiáticos. De fato, a diplomacia multipolar russa está engajando nações europeias e ajudando-as a trabalhar na direção de realizar o sonho comum do projeto Eurásia Expandida. Recentemente, durante a cúpula Rússia-ASEAN em Sochi, a Associação Sudeste Asiático [ing. SAA] manifestou interesse em assinar um acordo de livre comércio [ing. FTA] com a União Econômica Eurasiana [ing. EEU] liderada pela Rússia; e os russos também propuseram estreitar os laços econômicos e estratégicos entre EEU,ASEAN e Organização de Cooperação de Xangai.
O engajamento total entre a Rússia e nações asiáticas garante à Rússia um status de "mediador" para encaminha soluções para conflitos e disputas territoriais. Assim como a Rússia já trabalha para minimizar as disputas entre China e Vietnã, assim também os russos atuam como árbitros entre China e Índia, garantindo-lhes as plataformas dos BRICS e da OCX, para superar suas discordâncias. Sob o guarda-chuva da OCX, Paquistão e Índia podem resolver conflitos mediante integração pacífica.
Controle russo sobre o Anel de Fogo no Pacífico
Depois de perceber o grave ameaça potencial que os EUA fazem à China, na disputa pelo Mar do Sul da China, a Rússia decidiu aumentar seus recursos militares na área próxima do Japão, em torno das ilhas Kuril – área também chamada de "Anel de Fogo", pelos muitos vulcões. A cadeia russa das ilhas Kuril no coração do Pacífico aumentou o papel que cabe à Rússia, na segurança de todo o Pacífico. Ampliação do pessoal militar e instalação de sistemas costeiros de mísseis foram ações que mudaram a correlação de forças no local. E a Rússia também planeja criar uma frota do Pacífico, com base nas ilhas Kuril.
Na verdade, é a nova militarização do Japão que está forçando os militares russos a ampliar instalações nas ilhas Kuril, dado que o Japão, cada dia mais, movimenta-se na direção da remilitarização – ação que faz parte do "Pivô para a Ásia", dos EUA. No governo Abe, o Japão converteu-se em 'estado vassalo' dos EUA. O regime que governa o Japão aprovou leis controversas, que permitem que os militares japoneses envolvam-se em combates fora do Japão. Em outras palavras: pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial, o Exército Japonês pode participar de missões em outros países. É a Guerra da OTAN, uma vez que o Japão é visto como um dos membros fundadores o projeto de uma 'OTAN Asiática', como agente a serviço dos EUA, na guerra para conter a China.
Por mais que o Japão tenha reclamado a posse de algumas daquelas ilhas, segundo tratados internacionais vigentes aquelas ilhas pertencem à Rússia. Essa disputa é o principal obstáculo no caminha de um tratado de paz entre Rússia e Japão desde a 2ª Guerra Mundial e no cenário em desdobramento para uma 3ª Guerra Mundial. As instalações militares russas nessas ilhas do Pacífico favoreceram a China, como aliada da Rússia e esse ato estratégico parece ter papel de equilibrador na região do Pacífico Asiático.
Segurança Multipolar no Pacífico Asiático
China e Rússia estão trabalhando para construir um quadro de segurança mundial multipolar, com novos mecanismos para relações internacionais que visem sempre à cooperação de tipo ganha-ganha, derrotando assim a "lei da selva" que EUA/OTAN impuseram ao mundo.
Ano passado, em agosto, o ministro de Relações Exteriores da Rússia publicou artigo em que analisa a formação de um novo mundo multipolar ("policêntrico"), que circulou em veículos das mídias russa e chinesa sob o título de "Attempts to falsify history of WWII undermine foundations of modern world order" [Tentativas de falsificar a história da 2ª Guerra Mundial minam as fundações da moderna ordem global].
Nesse artigo, o ministro Sergey Lavrov, das Relações Exteriores da Rússia dizia que "Rússia e China adotam abordagens iguais ou muito próximas para problemas modernos chaves, defendem consistentemente que se forme uma nova ordem mundial policêntrica baseada na lei internacional, no respeito à autoidentidade de diferentes povos, no direito de todos a escolher independentemente o modo como querem desenvolver-se". Depois, o presidente Xi Jinping da China, em sua fala à 70ª sessão da Assembleia Geral da ONU, lançou um grave alerta de que as relações entre os povos não podem ser regidas pela "lei da selva".
Hoje a comunidade internacional observa o modo como Rússia e China trabalham para reparar as relações globais com novas instituições multipolares criadas para desenvolverem futuro mais seguro, melhor para todos.
Dito em termos simples, Rússia e China criaram uma nova janela de oportunidades para o mundo alinhando juntos seus respectivos sonhos de "Grande Eurásia" e "Modernização da Ancestral Rota da Seda". Assim sendo, vão modelando o futuro de um novo mundo mediante ampliação e fortalecimento de instituições mundiais multipolares, – BRICS, OCX e Banco Asiático de Investimento e Integração, BAII, criados para servir como alternativas às instituições unipolares como FMI, Banco Mundial, OTAN e Banco Asiático de Desenvolvimento. De fato, a estratégia dos EUA para Guerra Híbrida Global contra a Rota da Seda da China e a União Econômica Eurasiana da Rússia levou China e Rússia a se aproximarem uma da outra, no trabalho de estabelecer um sistema alternativo de segurança capaz de resistir ao assalto da mentalidade da Guerra Fria cultivada por EUA-OTAN.
Ambas, Moscou e Pequim, comprometeram-se a cobrir as respectivas retaguardas, uma da outra, do Mar Negro ao Mar do Sul da China, modelando mecanismos conjuntos de segurança.
Aliança vs. OTAN e o projeto da 'OTAN-asiática'
O sucesso da Rússia no serviço de repelir os conflitos patrocinados pela OTAN na Ucrânia e na Síria atraiu a China, para somar-se a um Modelo de Nova Segurança Global puxado pelos dois países. A China não só rejeitou a expansão da OTAN nos Bálcãs, mas também conclamou a comunidade internacional a rejeitar a mentalidade de Guerra Fria consubstanciada na OTAN, quando a China protestou contra o possível acesso de Montenegro à OTAN em dezembro passado. A porta-voz do ministério de Relações Exteriores da China disse naquele momento, em reunião com jornalistas:"Acreditamos que a OTAN é produto da Guerra Fria (...) Estamos convencidos de que a comunidade internacional precisa distanciar-se da mentalidade da Guerra Fria."
A cooperação sino-russa no campo da Defesa indica que os dois países estão formulando mecanismos para garantir a segurança global. Com apoio da Rússia, a China demarcou uma linha vermelha diante do establishment norte-americano e japonês, contra qualquer projeto de algum tipo 'OTAN asiática'. A Rússia não só está utilizando a própria influência na Ásia para dirimir disputas territoriais entre China e nações asiáticas, mas, também, já adotou contramedidas a favor da China, por exemplo, quando a Rússia manifestou preocupações ante a instalação do sistema do Terminal de Área de Defesa de Alta Altitude dos EUA [ing. Terminal High Altitude Area Defense, THAAD] em território da Coreia do Sul, movimento que a China recebeu como ato de guerra contra ela. Apesar de os EUA argumentarem que o sistema seria indispensável para conter eventual ataque de mísseis da República Popular Democrática da Coreia ("Coreia do Norte"), China e Rússia consideraram o movimento como ameaça declarada à segurança na região do Pacífico asiático.
71 depois de ter derrotado o nazismo na 2ª Guerra Mundial, agora a Rússia moveu-se na direção da Ásia para ajudar a China contra o fascismo japonês, cenário que se repete em todo o mundo, por causa da mentalidade de Guerra Fria que os EUA impõem ao mundo. Ambas, Rússia e China estão forjando um escudo de defesa coletiva para o mundo multipolar, a partir da Estrutura Regional Antiterrorismo [ing. Regional Anti-Terrorist Structure] da Organização de Cooperação de Xangai [ing.RATS SCO], para proteger a Rota da Seda e a Grande Eurásia, em resposta ao jogo sujo dos EUA, de empurrar o mundo, traiçoeiramente, para guerra total.
De fato, a OCX é considerada como a salvaguarda da Rota da Seda Chinesa e do grande projeto russo para a Eurásia. Já se observou que um dos principais objetivos da OCX era servir de contrapeso à OTAN e, especialmente, constituir um mecanismo multipolar para repelir os conflitos provocados ou mantidos pelos EUA em áreas próximas de Rússia e China.
Como já observou um especialista, a Rússia combateu contra o ISIS na Síria no interesse da OCX, porque os terroristas eram ameaça potencial contra a região toda. Estados como Afeganistão, Paquistão e estados da Ásia Central eram alvos do ISIS. Na literatura do ISIS, esses territórios, inclusive a província chinesa de Xinjiang, são considerados o "Curassão", um ramo do 'Estado Islâmico'. As forças da ordem unipolar criaram o ISIS no Oriente Médio, beneficiando-se da intervenção dos EUA. O objetivo oculto dessa nova modalidade de ação militar sempre foi conter a grande estratégia chinesa que visa a estabelecer o Cinturão Econômico da Rota da Seda e a Rota Marítima da Seda ("Um Cinturão, Uma Rota", como dizem os chineses) atravessando a Eurásia.
Agora, com a Rússia já derrotando o terrorismo na Síria, a China une-se à Rússia para reconstruir a Síria. Os dois países unem-se agora, para dar proteção e segurança aos ramos da Rota da Seca no Oriente Médio, oferecendo apoio ao nacionalismo secular árabe e desestimulando o sectarismo. Com a OCX, engajarão Síria, Turquia, Irã, Egito e Israel, uma vez que todas essas nações já solicitaram incorporação no grupo de Xangai. Mais importante que isso, todas as nações do sul da Ásia são parte da OCX, e Paquistão e Índia receberão grau de membro pleno em 2017. Além disso, Rússia e China trabalham para interligar a OCX e as nações da ASEAN e querem ampliar as estruturas antiterrorismo da organização para que incluam estados-membros e estados observadores, movimento que visa, mais uma vez, a resistir contra a política de 'contenção' chefiada pelos EUA.
Aqui é preciso lembrar que a OCX está pronta a assumir qualquer responsabilidade na segurança do mundo, nos termos da Carta da ONU. Manobras militares conjuntas e as missões de mantenedores da paz indicam que a OCX já é bloco alternativo para garantir a segurança global, e a Rússia trabalha também para conectar a Organização do Tratado de Segurança Coletiva [ing. CSTO], a poderosa aliança militar da Ásia Central, também à OCX.
blogdoalok
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