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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Submarinos russos avançam silenciosamente sob o Pacífico

Nova geração de veículos mais sorrateiros, rápidos e mortais está prestes a entrar em serviço para reforçar as unidades silenciosas da Marinha russa.

Submarino de classe Akula nas águas de Vladivostok Foto:Reuters

A intensidade das operações de submarinos russos no oceano Pacífico é a maior em décadas, segundo o relatório “O reequilíbrio asiático da Rússia”, do Instituto Lowy de Política Internacional, na Austrália. Além disso, pela primeira desde a Guerra Fria, a frota russa dispõe de submarinos mais silenciosos e com armas mais poderosas.

De acordo com o estudo australiano, a guinada da Rússia em relação à Ásia provocou uma renovação em grande escala da Frota do Pacífico do país, que durante a próxima década atingirá seu maior número em termos de recursos navais.
“Foram incorporados a esta nova frota submarinos de mísseis balísticos e caças, o que dará um grande impulso às aspirações de projeção do potencial de Moscou na região”, lê-se no documento do Instituto Lowy.
Segundo o analista militar russo Dmítri Gorenburg, a frota do Pacífico poderá se tornar “a maior frota da Rússia durante a próxima década devido à crescente importância geopolítica da região e à concentração de poderes navais nessa área”.
Troca de foco
Durante a Guerra Fria, a Marinha soviética era conhecida por suas armas poderosas, como o submarino da classe Typhoon.
Com um deslocamento de 48 mil toneladas, era quase tão grande quanto um porta-aviões e ofuscava o maior submarino da Marinha norte-americana com uma margem de 20 mil toneladas. Além disso, podia lançar 200 ogivas nucleares contra cidades e instalações militares do inimigo em um único bombardeio.
Submarino da classe Typhoon Foto: Bellona Foundation/wikipediaSubmarino da classe Typhoon Foto: Bellona Foundation/wikipedia
Agora, no entanto, a prioridade é expandir a frota, especialmente com submarinos da classe Borei. Embora tenha metade do tamanho do Typhoon, o Borei é um grande avanço em relação à escola soviética de construção de submarinos.
A classe Borei representa a nova geração de submarinos russos extremamente silenciosos. É mais barato e exige menos membros da tripulação, sem perder em potencial de ataque: é capaz de lançar entre 16 e 20 mísseis nucleares com até oito ogivas reorientadas de forma independente.
“A expectativa da Rússia é substituir seus submarinos da Guerra Fria com um total de 12 submarinos de mísseis balísticos Borei”, afirma Gorenburg.
Potencial e proteção
O aumento de tamanho, poder de fogo e alcance dos submarinos russos está em sintonia com as novas tecnologias desenvolvidas na Rússia. Durante a Guerra Fria, a Marinha dos EUA ostentava submarinos muito mais silenciosos que o governo soviético nunca se preocupou em refutar. No entanto, com a abertura da Rússia, o poderia militar foi descobrindo as verdadeiras capacidades de seus submarinos.
Oscar, o maior submarino de ataque do mundo depois das classes Akula e Borei Foto: ReutersOscar, o maior submarino de ataque do mundo depois das classes Akula e Borei Foto: Reuters
Em declaração recente à CNN, o almirante Mark Ferguson, comandante das Forças Navais dos EUA na Europa, admitiu que Moscou está criando novos submarinos mais difíceis de controlar e detectar pela Marinha dos Estados Unidos.
“Eles são mais silenciosos, mais bem armados e têm alcance maior”, disse Ferguson. “Vemos que os russos têm sistemas de armas mais avançados, sistemas de mísseis que podem atingir regiões distantes, e também vemos que sua habilidade de operação está melhorando à medida que se afastam de suas águas”, completou.
Uma reportagem do veículo militar norte-americano “Strategy Page”, publicada em fevereiro de 2015, relata que, “no início de 2014, os especialistas em detecção de submarinos da Marinha dos EUA ficaram assustados quando um navio russo de reconhecimento eletrônico da classe Vichnia foi avistado várias vezes a partir da costa leste da Flórida, próximo a diversas bases de forças aéreas navais e submarinos.
O Vichnia avistado da Flórida estava acompanhado por um rebocador. Ambos os navios utilizavam portos cubanos para se reabastecer.
Navio de guerra da classe Vichnia atracado no porto de Havana Foto: AFP/East NewsNavio de guerra da classe Vichnia atracado no porto de Havana Foto: AFP/East News
Perspectivas futuras
Atualmente planeja-se desenvolver uma classe de submarinos nucleares multifunção, com o objetivo de construir uma versão mais barata e de menor tamanho da classe Iasen. Este seria um submarino de ataque com menos armamento quando comparado aos veículos da classe Virginia norte-americanos.
A Marinha russa espera começar a construção desses submarinos ainda em 2016, e a previsão é que sejam fabricadas entre 16 e 18 unidades.
Embora a Marinha dos EUA disponha de um estoque de 53 submarinos, este número cairá para 41 unidades no final da década de 2020 devido a cortes no orçamento.
gazetarussa

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