O maior contrato de exportação de armamentos jamais assinado pela República Popular da China – fornecimento de oito submarinos diesel-elétricos de ataque Tipo 39A (classe Yuan) à Marinha do Paquistão – dá bem a medida de o quanto é grande e dispendioso o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) contratado, na década passada, pela Marinha do Brasil junto à indústria naval francesa.
Navio da classe Yuan pertencente à Marinha do Exército de Libertação Popular chinês
Os Yuan (por alguns conhecido como Tipo 41) terão sua produção compartilhada por estaleiros da China e do Paquistão – que construirão quarto unidades cada um –, e sairão por um valor no patamar dos 5,5 bilhões de dólares – o equivalente, hoje, a cerca de R$ 17.348.100.000,00.
A última revisão de custos do PROSUB feita pelo Ministério da Defesa no fim do mês passado, orçou o programa da Força Naval brasileira em R$ 31 bilhões.
A fabricação dos navios paquistaneses foi decidida pelo Primeiro-Ministro paquistanês Nawaz Sharif em abril passado.
Ela ficará a cargo da empresa China Shipbuiding Heavy Industry (sob a supervisão da China Shipbuilding Industry Corporation) e do Karachi Shipyard & Engineering Works (KSEW), da cidade de Karachi, no extremo sul do território paquistanês.
Os custos do projeto serão bancados por um empréstimo chinês a taxas de juros descritas em Pequim como “baixas”.
‘Irmão de Ferro’ – Na quarta-feira da semana passada (12.10), uma reunião presidida por Hu Wenming, chairman do China Shipbuilding Heavy Industry, confirmou os detalhes do contrato e a estimativa de cronograma para o serviço. Horas depois, o website oficial das Forças Armadas chinesas informava que os quatro primeiros submarinos Tipo 39A deverão ser entregues à Armada paquistanesa até o ano de 2023, e o restante por volta de 2028.
Apenas o armamento a ser embarcado nos submarinos do Paquistão não foi ainda definido.
Após cumprir visita de cortesia, o Secretário da Marinha dos Estados Unidos, Ray Mabus, desembarca de um submarino classe Yuan
Segundo o jornal do estaleiro chinês, no evento do dia 12 Hu chamou o Paquistão de “irmão de ferro” dos chineses, e manifestou a esperança de que essa venda possa abrir as portas da América Latina ao seu estaleiro.
Na foto Hu Wenming está em primeiro plano, trajando calças pretas
Os governos de Pequim e de Islamabad mantém uma parceria econômica relevante, onde pontifica um corredor econômico que, partindo da China, levará as mercadorias do gigante asiático até o porto paquistanês de Gwadar, no Mar Arábico.
Comparativo – Os projetos no Brasil e no Paquistão têm grande valor estratégico para as duas marinhas; contudo, suas dimensões e características técnicas são bem diversas. Ei-las:
Programa de Submarinos Chineses para o Paquistão:
– Reforma e qualificação técnica do KSEW;
– Construção de quarto embarcações Tipo Yuan; e
– Importação de outros quatro barcos da mesma classe que serão fabricados na China.
PROSUB:
– Assistência da empresa francesa DCNS para a fabricação no Brasil de quatro submarinos convencionais classe Scorpène;
– Assistência para o desenvolvimento e construção de um submarino de propulsão nuclear (à exceção do reator do navio que fica sob a responsabilidade exclusiva de técnicos brasileiros);
– Assessoria para a construção de uma fábrica de submarinos e da infraestrutura necessária ao seu funcionamento;
– Assistência para a construção de uma base naval com áreas reservadas à manutenção do submarino nuclear.
Os Yuan são navios de 3.600 toneladas – bem maiores que os Scorpène (de 2.000 toneladas) –, que, nos testes, já desceram a profundidades de até 400 m.
Sua desvantagem (conhecida) em relação ao modelo francês desenvolvido pela DCNS é a menor automação. Indicador disso é que os Scorpènes são manobráveis com uma tripulação de 31 militares, e os navios chineses precisam de 38.
Plano Brasil


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