A maioria dos americanos não entendem o que a Reserva Federal é, ou porque está no coração dos nossos problemas econômicos. Quando os americanos entram em discussões sobre a economia, a maioria deles ainda culpa os democratas ou os republicanos pela inflação, pela crise da habitação, por nosso desemprego galopante e pela dívida nacional.
Federal Reserve imprime tanto dinheiro que dá para você se limpar no banheiro.
Mas a verdade é que a instituição com o maior poder sobre o nosso sistema econômico é a Reserva Federal. Então exatamente o que é a Reserva Federal? A maioria das pessoas diria que é uma agência do governo federal. Mas isso não é absolutamente verdade. Na verdade, a própria Reserva Federal argumentou no tribunal que não é uma agência do governo federal. Em vez disso, o Federal Reserve é um cartel bancário privado a que tem sido dado pelo Congresso dos EUA um monopólio perpétuo sobre o nosso sistema monetário.
Este banco central de propriedade privada foi destruindo o valor do dólar dos EUA por décadas, ele foi submetendo a nossa economia para o chão e levou o governo dos EUA à beira da falência. A Reserva Federal opera em grande segredo, nunca foi submetida a uma auditoria abrangente e não é responsável perante o povo americano. No entanto, as decisões que o Federal Reserve toma tem um impacto dramático sobre a vida de cada cidadão americano.
Se você realmente quer entender o que está causando os nossos problemas económicos, é absolutamente crucial que você entenda exatamente o que o sistema de Federal Reserve é e como ele está destruindo sistematicamente a nossa economia. Depois de entender a verdade sobre o Federal Reserve, você vai ver as questões econômicas de uma forma muito diferente. 1
O dilema do Fed.
Em Dezembro de 2015, o Federal Open Market Committee (FOMC) do Federal Reserve decidiu elevar as taxas de juros. Pela primeira vez em sete anos o banco central dos EUA incrementou a taxa em 0,25%. A amplitude de objetivos para a taxa dos fundos do Fed foi estabelecida em 0,25 – 0,50%.
Foi um movimento que repercutiu por todo o mundo. Nos EUA a decisão do Fed foi encarada amplamente como um sinal de que o país estava emergindo da sua crise econômica, que o desemprego havia caído para um nível socialmente administrável, que um boom de investimentos havia começado na economia real e que não haveria reencenação da crise financeira. Mas quando veio a reação do resto do mundo quanto à decisão de Dezembro do Fed, ficou evidente, antes de mais nada, que nos mercados globais o cash agora começava a fluir na direção dos EUA. Os problemas econômicos de outros países agravaram-se, inclusive os da China.
Eminentes conselheiros americanos, diretores dos 12 bancos do Federal Reserve e mesmo a própria governadora do Federal Reserve System, Janet Yellen, começaram a falar como se a decisão de Dezembro fosse apenas o ponto de partida. Como se uma era de incrementos de taxa estivesse a começar. Como se nos dois anos seguintes o Fed gradualmente fosse subir a taxa de juros de referência para 3,0 – 3,5%.
O FOMC do Fed toma decisões sobre a taxa e é exigido a ele reunir-se oito vezes por ano. Mas desde Dezembro último ele manteve várias reuniões sem um único novo aumento. A sra. Yellen tem se mantido muito silenciosa. Analistas calcularam que nos primeiros oito meses de 2016 ela divulgou declarações oficiais apenas duas vezes, não contando as conferências de imprensa após reuniões do Fed e seu testemunho diante do Congresso. Para comparação, nesta altura do ano passado Yellen já havia emitido sete anúncios e em 2014 emitiu dez. Desde 1996, a governadora do Fed tem feito uma média de 19 discursos oficiais por ano.
Especialistas apresentam duas explicações para a “timidez” (“coyness”) da senhora. Em primeiro lugar, o panorama financeiro na América de hoje e por todo o mundo se parece muito com o de 2007, exatamente quando a crise financeira global estava prestes a se desencadear. Em segundo lugar, os EUA estão prestes a eleger um novo presidente. Mais uma vez, uma palavra descuidada de Yellen poderia ferir a candidata democrata, Hillary Clinton. Embora se suponha que governadores do Federal Reserve permaneçam acima das rixas políticas, todos sabem que Yellen é do Partido Democrata e segue a linha do partido.
Muitos americanos estão perturbados por esta calmaria prolongada que antecede a prometida alta na taxa de referência do Fed. Trump também está preocupado e manifestou repetidamente seu desconforto. Ele articula sua argumentação muito claramente. A atual taxa de juros estabelecida pelo US Federal Reserve é tão barata que a moeda é praticamente gratuita. Trump é um homem de negócios que certamente gosta de dinheiro barato. Contudo, como próximo presidente, também deve ter em mente o futuro do seu país como um todo. E a moeda barata nos EUA é uma bomba relógio à espera de explodir.
Isto está a criar uma bolha crescente no mercado financeiro que certamente disparará uma nova crise financeira. Por esta razão, como próximo presidente dos EUA, ele precisa que Janet Yellen, como governadora do Federal Reserve, eleve de imediato a taxa de referência. Trump fez reiteradamente tais declarações durante este ano e em Maio último prometeu demitir Yellen da sua posição como presidente do Board of Governors do Fed assim que tomar posse.
Em 12 de Setembro, Donald Trump fez mais uma declaração, ao ser entrevistado na CNBC. Mas esta foi ligeiramente diferente, porque desta vez ele estendeu as acusações de negligência: não só contra Janet Yellen mas também a Barack Obama. Ele disse especificamente: “A taxa permanece em zero porque ela [Janet Yellen] é obviamente política e faz o que Obama quer que ela faça”.
Segundo Trump, Yellen está “a mantê-las [as taxas de juros] artificialmente baixas para deixar Obama tranquilo”, referindo-se ao desejo de Obama de abandonar o posto com uma nota positiva e com um legado favorável. Mas quando Trump chegar à Casa Branca terá de limpar a desordem que Yellen e Obama deixaram atrás.
Naturalmente há mais do que um pouco de vociferação política nas afirmações de Trump. Ainda não é evidente que Trump tenha qualquer plano sério para reestruturar o sistema financeiro e econômico americano. Não parece haver alguém ao seu redor ou no seu círculo de conselheiros que seja capaz de criar tal programa e muito menos de implementá-lo.
Naturalmente, uma das promessas da campanha de Barack Obama foi reformar radicalmente o sistema financeiro e bancário dos EUA a fim de evitar uma repetição do pesadelo da crise financeira de 2007-2009. E a Lei Dodd-Frank – também conhecida como Wall Street Reform and Consumer Protection Act – não teria sido aprovada em 2010 sem o seu apoio. Contudo, aquela lei foi morta desde seu início, porque banqueiros da Wall Street efetivamente bloquearam a sua aplicação.
O problema é que o Federal Reserve é uma corporação privada e a presidente do seu Board of Governors sempre recebeu ordens apenas daqueles acionistas corporativos – os quais primariamente consistem nos maiores bancos da Wall Street. Eles são os mestres reais da moeda. E aparentemente planejam mais uma vez reencenar o velho roteiro dos anos 2000, o que significa aquecer o mercado financeiro utilizando moeda barata (gratuita). Ao perceber que isto gerará uma segunda onda inevitável da crise financeira, Trump está tentando transferir antecipadamente a culpa para Obama. Quer tenha ou não êxito na tentativa, os arquitetos reais da crise certamente permanecerão nas sombras. 2
Traduzido para publicação em dinamicaglobal.wordpress.com
Fontes:
1 anakupto.blogspot.com
2 Autor: Valentin Katasonov Strategic-Culture.org
1 anakupto.blogspot.com
2 Autor: Valentin Katasonov Strategic-Culture.org
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