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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Polônia constrói canal sem pensar nas consequências

O líder do partido governista polonês Lei e Justiça, ex-premiê do país Jaroslaw Kaczynski, declarou que o seu país está acabando com a dependência da Rússia graças à construção de um canal marítimo que passa pelo Cordão do Vístula e liga a cidade portuária polonesa de Elblag com o mar Báltico.

Mas será que o projeto faz sentido ou somente trará prejuízos ao país, além de exigir um enorme montante de dinheiro? 
Bandeira da Polônia


O Cordão do Vístula é uma longa e estreita faixa de terra entre o mar Báltico e a lagoa do Vístula. A parte nordeste pertence à Rússia e o resto — à Polônia. O regime de passagem pelo local é regulado por um contrato especial assinado entre Varsóvia e Moscou. Este fato serve de base para Kaczynski e os seus colegas de partido falarem sobre a alegada dependência da Rússia. A construção do novo canal, com uma extensão de 1,3 km e a profundidade de 5 metros, custará 220 milhões de dólares.

Especialistas notam que a sua construção não é muito difícil do ponto de vista tecnológico, porque a maior largura do cordão é cerca de 8 km. Mas a própria ideia de construção já foi muitas vezes criticada, especialmente cada vez que aparecem problemas políticos e financeiros, porque o projeto poderá criar obstáculos econômicos para o país. 

Em particular, enquanto os apoiantes poloneses do projeto declaram que este não influenciará o transporte de cargas ao país, empresários de ambos os lados dizem que as vantagens econômicas da construção são muito duvidosas. "A decisão de escavar o canal é 95% política, nenhuma economia," disse à Sputnik Andrei Kolesnik, deputado da Duma de Estado (câmara baixa do Parlamento russo).

Ele destaca que a construção custa dinheiro e que a manutenção do canal também não será feita de graça. Assim, as tarifas adicionais de transporte pelo novo canal tornarão a sua utilização ainda menos atraente.

Cabe notar que os autores do projeto sempre contaram com o apoio da União Europeia, mas, por razão das críticas dos ambientalistas, a ajuda nunca foi prestada.
Cordão do Vístula
Cordão do Vístula

Segundo contou à Sputnik Polônia Oleg Ivanov, chefe da divisão de Kaliningrado da organização Frente Verde, o projeto de fato prejudicará bastante o ambiente. "Não se pode enganar a Natureza. Não é por acaso que a UE recusou participar da iniciativa. Não sabemos o que acontecerá futuramente com o Cordão, se o Báltico avançará mais ativamente pela costa, mas uma coisa eu sei: com o aparecimento de mais um estreito marítimo, a salinidade da água na lagoa do Vístula irá se alterar", disse. Isso significa que o equilíbrio ecológico mudará e que o peixe pode sair para o Báltico, perturbando o ambiente e a pesca da região. Desta forma, o projeto do partido governista polonês não é mais que um projeto nocivo que visa apenas "irritar" a Rússia.

Sputnik

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