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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Querem julgar Vladimir Putin?

Considerando Vladimir Putin como responsável pelo ressurgimento da Rússia, os neo-conservadores norte-americanos e israelitas tentam desde 2011 prendê-lo, julgá-lo num tribunal internacional, e condená-lo. Fiel servidor da sua estratégia, o Presidente francês François Hollande sugeriu publicamente considerá-lo responsável pelos crimes dos jiadistas na Síria.

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François Hollande e Vladimir Putin, há um ano atrás.

Durante a Segunda Guerra mundial, o chefe de Estado francês que abolira a República, Philippe Pétain, fez julgar e condenar à morte o seu antigo delfim tornado no chefe da França Livre, Charles de Gaulle.

Baseado neste modelo, o actual Presidente da República francesa, François Hollande, evocou a possibilidade de abrir um processo judiciário internacional por crimes de guerra cometidos na Síria e julgar não apenas o Presidente da República Árabe Síria, Bashar al-Assad, mas também o da Federação da Rússia, Vladimir Putin [1] ; Declarações retomadas a meias-tintas pelo Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Estas declarações aparecem quando o Canadá, os Estados Unidos, a França, os Países-Baixos e o Reino Unido apoiam os jiadistas de Alepo-Leste contra o Hezbolla, o Irão, a Rússia e a Síria [2].
A vontade de condenar Putin não é nova (sucessivamente pela Segunda guerra na Tchechénia, pela Ucrânia e, agora, pela Síria). É uma ideia recorrente dos neo-conservadores norte-americanos e israelitas. Durante a campanha de eleição presidencial da Rússia em 2012, os Estados Unidos tinham mesmo proposto ao Presidente Medvedev ajudá-lo a candidatar-se contra Vladimir Putin, financiar a sua campanha eleitoral e dar-lhe pleno acesso aos círculos de dirigentes do planeta se ele assumisse o compromisso de lhes entregar Vladimir Putin. O que ele, evidentemente, não fez.
A 29 de Julho de 2015, os neo-conservadores apresentaram no Conselho de Segurança um texto de Victoria Nuland (a esposa do líder republicano Robert Kagan, tornado o porta-voz da Secretária de Estado democrata Hillary Clinton, e agora assistente do Secretário de Estado para a Europa e Eurásia) [3]. O texto propunha criar um Tribunal Internacional especial para julgar os autores da catástrofe do vôo MH17, que foi abatido na Ucrânia matando 298 pessoas. Ele referia-se a uma Comissão de inquérito internacional, da qual a Rússia oficialmente fazia parte, mas de onde os outros membros a tinham excluído. Era assim, portanto, possível tornar a Rússia responsável, julgar e condenar Vladimir Putin por tal.
A Rússia mostrou não apenas o absurdo de criar um Tribunal Internacional por um facto ocasional, mas também o carácter dúplice do procedimento, e opôs-lhe o seu veto. A imprensa ocidental minimizou o assunto.
Washington atira-se, com toda a razão, a Vladimir Putin por ser o arquitecto da reconstrução da Rússia, após a dissolução da URSS e o período de pilhagem de Boris Ieltsin (cujo gabinete tinha sido montado pela NED [4]). Erradamente, desta vez, imagina que eliminado do jogo seria possível rebaixar a Rússia para o nível que ela ocupava há 20 anos atrás.
O Presidente Hollande informou o seu homólogo russo que não o iria acompanhar durante a inauguração da nova Catedral Ortodoxa de Paris, prevista para 19 de Outubro, mas, sim, que se contentaria em recebê-lo no Eliseu. O encontro só poderia, então, incidir sobre a situação na Síria.
Assim o Presidente Putin adiou a sua viagem à França para data indeterminada. O seu porta-voz declarou que ele estaria disposto a deslocar-se a Paris assim que o seu homólogo francês se sentisse à vontade. Uma reação que lembra a que se toma quando se encara um garoto caprichoso.
O actual contencioso entre Hollande e a Federação da Rússia tem a ver, ao mesmo tempo, tanto com a questão ucraniana (negação do golpe de Estado nazi de Kiev, reincorporação da Crimeia e apoio à República do Donbass) como com a questão Síria (negação da tentativa de golpe de Estado dos jiadistas e apoio à República Árabe Síria). É pouco provável que se encontre uma saída daqui até ao final do quinquénio de Hollande, ou com o seu sucessor se tratar de A. Juppé, como o sugerem as sondagens. Com efeito, estes dois homens selaram, no sangue dos Sírios, o seu futuro pessoal com Washington.
Oficialmente favorável à proposta francesa, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, apelou aos seus concidadãos para se manifestarem diante da embaixada russa em Londres ; uma espécie de apoio que parece pré-figurar uma retirada do Reino Unido.
Tradução
Alva

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