Causava uma certa estranheza que a imprensa brasileira mostrasse que todos os presidentes dos países dos Brics expressassem apoio à PEC 241 baseados apenas nos relatos de Temer, sem pleno conhecimento da proposta.
Em entrevista, Temer não foi questionado pela imprensa brasileira sobre reunião bilateral descartada pela Rússia
Ainda assim, tudo corria de acordo com o planejamento do governo, até que o repórter Andrei Netto, do jornal O Estado de S. Paulo, soltou a bomba: "Ao contrário do que declarou à imprensa brasileira nesta terça-feira, 18, o presidente da República foi preterido pelo russo, sendo o único chefe de Estado a não ter tido um encontro bilateral com o líder do Kremlin".
Em diplomacia, segundo a reportagem, a reunião bilateral é uma deferência política, um gesto de proximidade e até mesmo de simpatia entre dois dirigentes políticos. O presidente russo, Vladimir Putin, se reuniu com os líderes da China, Xi Jinping, da Índia, Narendra Modi, e da África do Sul, Jacob Zuma, mas não teve encontro bilateral com Michel Temer durante os dois dias em que estiveram na Índia para a cúpula.
O texto segue e mostra que o presidente inventou o enredo de um encontro que não existiu. Em Tóquio, para onde seguiu após os compromissos na Índia, Temer não se referiu ao fato de não ter tido encontro com Putin. Ao contrário, relatou com um certo entusiasmo sua "aproximação" com o líder russo.
A matéria: "Apesar de ter sido preterido pelo presidente russo, Temer disse estar sendo acolhido 'com simpatia' nas reuniões no exterior. 'Não vou nem dizer simpatia, mas acolhimento e compreensão das palavras que digo', corrigiu-se a seguir. E então voltou a falar de Putin ao mencionar que propôs a aproximação 'dos povos dos Brics': 'O interessante é como isso foi bem acolhido e foi até objeto de manifestação do presidente Putin quando nós fizemos a segunda plenária dos Brics', contou".
Ou seja, Temer criou uma conversa que teria tido com o presidente russo e os jornalistas não o questionaram. Segundo o canal Russia Today, Putin decidiu manter Michel Temer "na geladeira" por conta da "mudança brusca" ocorrida no cenário político brasileiro – referindo-se ao golpe que levou à deposição da presidenta Dilma Rousseff.
Agora, após ser desmascarado, Temer deve ou culpar a assessoria pelas lorotas, ou fazer malabarismos para tentar convencer a opinião pública de que foi mal entendido.
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