Sempre dispostos a dar uma forcinha ao governo Temer, os meios de comunicação que se associaram ao golpe parlamentar de 2016 – e a à consequente falência da economia brasileira – encontraram agora um bode expiatório para justificar o fracasso da política econômica de Henrique Meirelles: Donald Trump, o presidente eleito dos Estados Unidos.
Segundo a manchete desta terça-feira do jornal Estado de S. Paulo, a vitória de Trump retardará o processo de queda dos juros e da retomada do crescimento, como se a recessão brasileira, a maior de todos os tempos, viesse de fora para dentro, em vez de ter sido construída internamente.
Na reportagem do Estado, fica claro que o efeito Trump será mínimo. Em vez de crescer 1,20% em 2017, o Brasil avançará 1,13% – ou seja, uma diferença de míseros 0,07 pontos. Numa situação ou na outra, isso significará andar de lado, depois de uma queda de 5% em 2015 e de 3,5% em 2016.
A quebra da economia brasileira, no entanto, foi construída em várias etapas, a partir da vitória da presidente Dilma Rousseff, em 2014, quando a economia estava praticamente em pleno emprego.
Em 2015, o primeiro movimento foi a estratégia do “quanto pior, melhor”, que envolveu uma combinação de obstrução total no Congresso, liderada pelo PSDB de Aécio Neves, que se somava aos efeitos negativos da Lava Jato sobre os setores de construção, indústria naval e petróleo.
Depois da posse temporária de Temer, em 13 de maio de 2016, veio então a farra fiscal para criar as condições para o impeachment definitivo, em 31 de agosto. Nesse período, o rombo fiscal foi ampliado de R$ 70 bilhões para mais de R$ 170 bilhões e diversos aumentos foram concedidos ao funcionalismo.
Agora, a recessão Temer-Meirelles já se encontra em sua terceira etapa, em que, com o desemprego recorde, consumidores travam seus gastos, colocando a economia num ciclo perverso de menos consumo, menos produção, menos investimento e menos arrecadação.
Definitivamente, a culpa não é de Donald Trump.
Brasil 247
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