Esse texto indica como o Império se endividava.
Quando o II Império começou a industrializar-se com Dom Pedro II e Mauá, os Ruralistas escravagistas atuaram para tomar o império.
Primeiramente, Mauá obteve empréstimos do Barão Lionel de Rothschild, posteriormente foi boicotado. Muitos dos seus navios produzidos foram roubados pelas frotas Inglesas e suas industrias queimadas.
Entra, então o período da República com a edição de vários decretos que contraiam dívidas com o "Rothschild And Sons" Bank.
A POLÍTICA FINANCEIRA DA PRIMEIRA REPÚBLICA DO BRASIL (1889-1930)
Rodrigo De Lima[*1]
Introdução
O século XIX foi decisivo na formação da institucionalização das finanças do Brasil. Na formação institucional do Estado brasileiro, uma fixação de metas de arrecadação pecuniária passou a captar os saldos financeiros da incipiente indústria e comércio.
O Império garantiu, através do Poder Moderador da Constituição de 1824, a
O primeiro empréstimo brasileiro, realizado em 7 de setembro de 1824, envolveu autoridades diplomáticas, militares e do Conselho Imperial, de posse e controle sobre as movimentações do Banco do Brasil. Essas autoridades protagonizaram propostas e conceitos sobre o
A centralização e o controle do Banco do Brasil pelo Conselho de Estado estimularam queixas contra o Império no tocante à política de concessão de contratos e também à baixa taxa de retorno financeiro para os investimentos depositados em custódia. O apoio veio de produtores nacionais que passaram a exigir melhores condições de competição com o mercado internacional e, sobretudo, o aprimoramento das políticas de crédito aos particulares. Tais produtores oriundos das Províncias atuaram na transição do Primeiro para o Segundo Reinado, estimulando o estabelecimento de uma nova classe econômica alicerçada nas propostas de reforma liberal, e como instrumento de limitação ao Poder Moderador. O liberalismo brasileiro atuou diretamente na Constituição de 1824, sempre interpretando formas de disciplinar o Poder Imperial pelo Poder Legislativo. Deputados Federais como Paula Sousa, Marquês de Monte Alegre e Honório Hermeto Carneiro Leão formaram coro e atuaram no combate à centralização de governo, com o objetivo de consolidação da abertura política, sustentada na defesa do parlamentarismo como forma de Estado para o Brasil. Ainda assim, não foi possível impedir a realização do Tratado de 1855, em que se estabeleceu a família inglesa Rothschild como representante legítima dos negócios do governo brasileiro, assinalando uma era sobre os negócios exteriores do Brasil por quase 100 anos.
Intervenções financeiras
João Pandiá Calógeras, influente político nas
A falta de acesso público aos créditos financeiros, mais o controle da Junta de Crédito para acordos e empréstimos e a ausência de lastro suficiente de moeda tantas vezes modificada para atender novos critérios de valor – lembrando que a sua estipulação dependia, na maioria dos casos, do volume de despesas do Estado –, aguçaram batalhas entre liberais e conservadores no que se referia a reformas eleitorais, promulgação de leis abolicionistas e ampliação e profissionalização dos efetivos militares. Logo, a formação de blocos políticos para campanhas contra a monarquia no Brasil passou a tomar força e estruturou os debates entre o Partido Conservador e o Partido Liberal. Este último buscou desvencilhar o país das extremas obrigatoriedades e imposições do governo vigente para a realização de projetos de desenvolvimento econômico, e baseados nos princípios republicanos formou campanhas pró-República para o Brasil. Tais campanhas trataram de publicitar outras formas de governo e de Estado, expondo também o desejo dos produtores nacionais em acompanhar a vida financeira do país.
A transição do Império para a República: a crise de postulados
Em relação aos compromissos internacionais, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento da capacidade financeira, o aprimoramento da noção de crédito aconteceu durante o período da Guerra do Paraguai, que, por sua vez, marcou a expansão industrialista do Brasil[*3] . Tal Guerra ocasionou profundas consequências na organização das instituições do Estado brasileiro. A primeira delas foi a severa exaltação nacional que imprimiria valor histórico na formação das instituições da República Federativa do Brasil, e pode ser observada em A retirada da Laguna: episódio da Guerra do Paraguai, de Visconde de Taunay [*4], em que a distinção entre classes ganha convicções definidas. Dialogando com as correntes do positivismo no Brasil, e em conjunto ao Partido Conservador, o Partido Liberal e a preponderância de militares, como Deodoro da Fonseca, a formação de nichos de desenvolvimento setorizados, por regiões, bem como São Paulo e Minas Gerais, tornou-se inevitável. O desequilíbrio na representatividade política e econômica selou, a priori, os distúrbios na Federação. A modernização do Brasil, voltada à substituição de escravos por imigrantes, e o cultivo de açúcar por uma economia cafeeira acrescentaram um capítulo a mais a essa crise. Havia em curso uma verdadeira avalanche de empréstimos consolidados pelo Império nas Negociações Funding Loan que perdurariam até 2 de março de 1932, quando foi promulgado o Decreto nº 21.113, autorizando a suspensão do pagamento dos juros de determinados empréstimos externos decorrentes da sentença do Tribunal de Haya. Getúlio Vargas considerou que as péssimas condições financeiras do país impossibilitavam o pagamento em moeda estrangeira dos serviços de empréstimos e das responsabilidades do Governo Federal neste campo [*5].
Foi imbuído dessa convicção que Tavares Bastos, deputado do Partido Liberal na Câmara, apresentou, por vezes, o problema da centralização do poder político sobre as finanças do Brasil pelo Visconde de Itaborahy. Por sua vez, o Visconde sempre rebateu as críticas asseverando o Poder Moderador da Constituição como único e principal instrumento de promoção do Brasil[*6] . A questão principal incidiu sobre o não cumprimento das leis de restrição de emissão de papel moeda, e foi a maior contenda entre Liberais e Conservadores. O monopólio ainda formado sobre a política fiscal, mais a falta de acesso público aos créditos financeiros, encorajou os liberais a encampar o Estado e a lutar pela queda da Monarquia [*7].
A política financeira da Primeira República
A transição do Império para a República, iniciada e determinada por fatores como a forte expressão da burguesia cafeeira no cenário nacional, o recrudescimento do poder do Exército diante da enfermidade e ausência do Imperador Pedro II, e a crença das elites na autoridade civil [*8], também não conseguiu evitar que a Comissão de Finanças, equipe formada por autoridades escolhidas pelo Governo Imperial, continuasse a operar empréstimos.
Em meio ao forte nacionalismo propagado em forma de identidade cultural, defendido cultural e regionalmente como símbolo de representação político-partidária; diante também dos desentendimentos a respeito do tipo de modelo de desenvolvimento que o país deveria adotar, a crise desses postulados passou a influir na opinião pública e encontrou forte resistência por parte das classes trabalhadoras que reivindicaram sua representação na composição do centro decisório do país. Assim sendo, uma série de crises sociais advindas de movimentos operários no Rio de Janeiro e em São Paulo romperam a discussão sobre a dificuldade de regularização da República no Brasil, relacionada com problemas de coordenação e formação do poder nacional, como pôde ser assistido na Guerra do Contestado.
A Primeira República atrelou à política da burguesia cafeeira a oligarquia financeira, e também os produtores comerciais, em um sistema jurídico-político ajustado ao modus operandi da economia agroexportadora. Mesmo que o governo mantivesse a representação política, a separação de poderes, a liberdade econômica e a garantia da propriedade privada, conservou-se um fraco desenvolvimento do modelo político-econômico que condenava ao país a dependência de dinheiro oriundo de empréstimos das praças londrinas.
Dentre os presidentes da Primeira República, Campos Sales foi o único a apresentar proposta política de restauração das finanças brasileiras a patamares operacionais. Com efeito, os acontecimentos de 1889 e a reação do Marechal Floriano Peixoto à Revolta da Armada demandaram ao país imensos sacrifícios pecuniários. Baixaram os créditos, havia excesso de papel moeda e o câmbio cobria um quinto da dívida externa consolidada. Ainda assim, Campos Sales, na Europa, tratou de conseguir um novo contrato Funding Loan, autorizando até dez milhões de libras esterlinas para retirar o país da insolvência próxima. Houve naqueles tempos o risco iminente de pedido de moratória internacional pelo Brasil, e que só foi abandonado após a assinatura de um novo contrato de empréstimo para a retirada de circulação de um grande volume de papel-moeda[*9] .
Durante toda a Primeira República, ao menos 21 contratos transformados em Decretos, Leis e Decretos-Lei foram aprovados pela Câmara dos Deputados no Rio de Janeiro, sempre conferindo aos Rothschild And Sons a representação integral dos planos financeiros externos do Brasil. Os principais Decretos e Leis do período são: Decreto nº 5.551, de 6 de junho de 1905, em que o Ministério da Fazenda contratou os banqueiros N. M. Rothschild And Sons, de Londres, para a emissão de 3 milhões de libras esterlinas. Decreto nº 7.853, de 3 de fevereiro de 1910, que autorizou a contratação dos banqueiros N. M. Rothschild And Sons para o empréstimo de 10 milhões de libras esterlinas. Decreto nº 10.197, de 29 de abril de 1913, que contratou os banqueiros N. M. Rothschild And Sonspara celebrar empréstimo de 11 milhões de libras esterlinas com juros de 5% ao ano. Decreto nº 6.664, de 28 de setembro de 1907, em que o Ministro da Fazenda contratou os banqueiros N. M. Rothschild And Sons, de Londres, para o empréstimo de 3 milhões de libras esterlinas. Decreto nº 7.037, de 21 de julho de 1908, em que o Ministro da Fazenda contratou os banqueiros N. M. Rothschild And Sons, de Londres, para o empréstimo de 4 milhões esterlinos. Decreto nº 8.621, de 23 de março de 1911, em que o Ministro da Fazenda contratou os banqueiros N. M. Rothschild And Sons para o empréstimo de £ 4.500.000. Lei nº 2.919, de 31 de dezembro de 1914, em que o Governo brasileiro celebrou com os banqueiros. N. M. Rothschild And Sons o pagamento de juros da dívida externa. Lei nº 2.909, de 31 de dezembro de 1914, em que foi firmado o acordo de Dívida Externa com o contrato de 19 de outubro de 1914, celebrado pelo Governo brasileiro com os Srs. N. M. Rothschild And Sons, para pagamento de juros da dívida externa, em quota especial de amortização do empréstimo externo; e finalmente o Decreto nº 17.235, de 3 de março de 1926, para pagamento na Casa N. M. Rothschild And Sons, por agentes financeiros do Brasil em Londres, de créditos derivados de empréstimos anteriores.
Durante a Primeira República, ocorreu a quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, em que o capitalismo e os acordos financeiros internacionais declinaram profundamente, gerando uma corrida jamais vista de troca de títulos por comida. A ruína e o caos econômico espalharam-se pelo mundo e fizeram dos anos 30 os anos da devastação financeira. No caso do Brasil, o baixo preço do café concorreu com a deposição do presidente Washington Luís Pereira de Sousa e com a Revolução de 1930. Foi durante os primeiros anos da década de 1930 que Getúlio Vargas se dedicou à regulação das soluções creditícias do formato Funding Loan, em um sistema administrativo com vistas a sua equalização nas relações internacionais financeiras que passaram a ser empreendidas entre Estados com ações combinadas, especialmente na relação direta com os Estados Unidos de Franklin Delano Roosevelt.
Considerações finais
As relações político-financeiras do Brasil têm se conservado ainda de forma bastante peculiar e resguardadas como questão de Segurança Nacional. A produção historiográfica é escassa e quase inexistente se considerarmos que se trata de uma área de conhecimento ainda não inteligível para o público em geral. A constituição tradicionalista da formação de negócios financeiros do Império até a Primeira República traduz bem que a evolução dos negócios financeiros sempre esteve sob o domínio do Estado, com monopólio sobre a movimentação das finanças. Assim sendo, acordos financeiros internacionais são protagonizados e formam paradigmas e conceitos sobre o desenvolvimento econômico para o país. Desse modo, do governo Imperial até o término da Primeira República, observa-se que a produção de capitais não chega a registrar mudanças drásticas de agenda, mas de volume na quantidade de empréstimos.
Há uma vigorosa expansão de negócios realizados entre os mercados financeiros e os Estados, em que a expansão de créditos, a realização futura de gastos de consumo e os investimentos têm produzido uma complexa engenharia financeira. Esta, por sua vez, considera a complicação existente no jogo de forças entre as potências maiores e potências menores, sistematicamente nas estratégias da necessidade de avaliação perceptiva sobre os fenômenos políticos na luta por prestígio internacional, embutidos nos liames da cooperação financeira internacional; do reexame do equilíbrio internacional avalizado também na política internacional; e da necessidade da materialização da política, tacitamente nos problemas de política objetiva, evitando, assim, a aspiração e a recidiva nos contratos de empréstimos.
Referências bibliográficas
CALÓGERAS, João Pandiá. A Política Monetária do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1960.
CARONE, Edgar. A Primeira República: 1889-1930. Rio de Janeiro: Difel, 1976.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1994.
POMER, Leon. Conflictos em la Cuenca Del Plata. Buenos Aires: Editorial Riesa, 1984.
SALES, Campos. Da Propaganda a Presidência. São Paulo: [S. n.], 1908.
SOUSA, Octavio Tarquínio. História dos Fundadores do Império do Brasil. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1947.
TAUNAY, Alfredo D'Escragnolle. A retirada da Laguna: episódio da Guerra do Paraguai. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1868.
TAVARES, Bastos. Cartas do Solitário. Rio de Janeiro: Harvard College Library, 1863.
VARGAS, Getúlio. Diário. Apresentação de Celina Vargas do Amaral Peixoto. Rio de Janeiro: Editora Siciliano, 1995.
Fonte: http://www.historica.arquivoestado.sp.go...materia01/
O Barão de Mauá, Rothschild e os maçons azuis e vermelhos
Após a aprovação do “Bill Aberdeen” em 1845, até 1º de maio de 1851, os ingleses se apoderaram de 368 embarcações brasileiras, das quais 24 foram destruídas, e as demais incorporadas a Marinha mercante inglesa, e que nunca foram indenizadas ou devolvidas aos seus proprietários. O “Bill Aberdeen” foi um ato unilateral do parlamento inglês que autorizava a sua Marinha aumentar a repressão às embarcações brasileiras, inclusive em águas nacionais. Os prejuízos eram enormes, “Em quarenta anos de guerra não declarada do Brasil, os ingleses haviam apreendido e destruído cerca de 850 navios de longo curso. Quando o tráfico acabou, a nata da frota mercante brasileira, formada por barcos capazes de realizar viagens entre províncias distantes, fora de embarcações – justamente os que estavam em tão mal estado que os traficantes fugiam delas”.
A ascensão de Irineu Evangelista de Sousa adquire dimensões somente compreensíveis se analisarmos o meio social em que se processou. Instalou em 1846, a primeira empresa de fundição e construção naval no Brasil- a Ponta da Areia (R.J.)- empregando mais de 300 funcionários. Esse estabelecimento iria sofrer, em 1857, um violento incêndio, onde modelos de embarcações foram criminosamente destruídos.
Em 1860, tinha acabado de obter o mais invejado reconhecimento da época, o do barão Lionel de Rothschild. Este foi o primeiro a assinar o prospecto de lançamento da The San Paulo (Brazilian) Railway, nome inglês da ferrovia Santos-Jundiaí, além de subscrever pessoalmente mil ações da empresa, dando a Mauá o “status” de empreendedor sério. O barão Rothschild era Zeus no Olimpo econômico do século, e um gesto como esse equivalia a reconhecer Mauá como um dos deuses legítimos.
Segundo Ênio Caldeira Pinto, no livro O Barão de Mauá, “Os maçons ingleses acreditavam em Deus, na defesa do rei e da Constituição, no trabalho de conscientização de cada indivíduo e nas mudanças progressivas – dentro de seu país. Para os outros, pregavam fórmulas bem diferentes, que logo se expandiram. Na década de 1730, maçons ingleses – que certos historiadores diziam estar ligados recém-criado serviço secreto britânico – fundaram o primeiro agrupamento maçônico na vizinha França. Mas, ao atravesssar o canal da Mancha, certas crenças acabaram sofrendo modificações. A loja maçônica francesa rezava por outra cartilha, que se difundiria pelo mundo dos adversários da Inglaterra. A vertente para consumo externo, o rito francês ou vermelho pregava a destruição da monarquia, a luta de morte contra o poder estabelecido, o ateísmo e o republicanismo.”
José Bonifácio fundou a versão azul de um órgão central autônomo,o Apostolado. Organizado em torno de “palestras” (equivalentes às “lojas” vermelhas), uma das quais se chamava “Independência ou Morte”, o Apostolado era chefiado por um arconte-rei – o próprio José Bonifácio, que assim detinha o comando formal dos dois ramos maçons. A diferença estava no juramento.
No portfólio dos Rothschild londrinos estavam financiamento da campanha de Wellington, o da Guerra da Criméia, a toma-da do canal de Suez pela Inglaterra, as construções de ferrovias na França e na Áustria, a conta de governos como o da Inglaterra, Nápoles e Duas Sicílias e do Brasil. Dezessete anos depois de inaugurada, a primeira grande indústria instalada no Brasil fechava as portas. Para o Barão de Mauá restou um prejuízo de mil contos de réis.
Em 1875 o Barão pediu moratória por três anos e faliu em 1878, ao morrer em 21 de outubro de 1889, embora tivesse perdido todo o seu império industrial, ele conseguiu pagar todas as suas dívidas. Mauá morreu como um homem rico, mas não como o construtor de uma nação.
https://institutoparacleto.org/2011/03/0...vermelhos/
A Proclamação da República
Com a proximidade do 15 de novembro, algumas matérias sobre a proclamação da República têm sido veiculadas; com raras exceções, porém, marcadas por cunho político-ideológico, que desnatura a verdade histórica sobre as causas e circunstâncias que cercaram o fato.Em 1889, a mudança de regime não era uma aspiração popular, o País era maciça e tranquilamente monarquista: o próprio Aristides Lobo, ministro no primeiro gabinete republicano provisório deixou em suas memórias que na manhã de 16 de Novembro o povo acordou “bestificado” pelo advento da República. Aliás, prova disso é que numa Assembléia Geral (o Congresso de hoje) com cerca de 200 membros, só havia dois deputados republicanos, e nenhum senador.
Detalhe que merece atenção, foi a resistência contra a República, ao contrário do que disseminou em contracultura a historiografia oficial do regime: durou muitos meses essa resistência na Bahia e em Minas Gerais; no Sul, houve a Revolução Federalista, ao longo de três anos; sem contar a revolta da Armada, no Rio de Janeiro, comandada pelos almirantes Saldanha da Gama e Custódio de Mello. Republicanos eram somente os que compunham um restrito grupo de intelectuais, uns também poucos militares de patente inferior, e os fazendeiros de café, escravocratas. Estes, que ano e meio antes já tinham perdido algo de suas fortunas com a libertação dos “semoventes” – os escravos – temiam perder suas terras com as novas providências da monarquia: o Presidente do Conselho de Ministros, Ouro Preto, acabara de chegar da Europa com o apoio internacional para um projeto de total reorganização da economia brasileira, e desse projeto constava uma ampla reforma agrária para assentamento dos escravos libertados em Maio de 1888.
Por isso, por seu apoio à República, os chamados “barões” paulistas do café se tornaram a primeira oligarquia republicana, e assim permaneceriam até 1930. Sempre aliados aos Estados Unidos, que apoiaram discretamente o golpe com a garantia de passarem a deter o monopólio internacional da comercialização do café brasileiro.Acrescente-se, Deodoro, tão combalido de saúde quanto D. Pedro II, só na véspera fora convencido a aparecer como líder do golpe; e Rui Barbosa, que sempre defendera a monarquia – era Conselheiro do Império, assim como os futuros presidentes da República, Campos Salles e Rodrigues Alves – só aderiu na antevéspera. Outros, como Quintino Bocaiuva e Silva Jardim, arrependeram-se: o primeiro viria a perguntar “por que o povo não cortou a cabeça de todos que contribuíram para a República, inclusive eu”; o segundo suicidar-se-ia, atirando-se à cratera do vulcão Vesúvio, então em erupção.
Não havia queixas contra o Império, ou contra a sucessão pela princesa Isabel: esta, durante os mais de quatro anos em que por três vezes exercera a regência no lugar do pai, provara ser ponderada e ativa. Igualmente, não havia a propalada resistência contra seu marido, o Conde d’Eu, por ser francês: este naturalizara-se brasileiro ao casar-se, abrindo mão de todas as suas prerrogativas como antigo membro da Família Real da França; e, não se intrometia em assuntos de Estado, que diziam respeito à sua mulher.
Não foi, também, por ser genro de D. Pedro II que o Conde d’Eu foi nomeado marechal: desde a juventude já provara suas qualidades militares no Marrocos, combatendo pela Espanha; a tal ponto que o general comandante das tropas espanholas, durante uma batalha, tirou do seu próprio peito a mais alta condecoração do seu país, e colocou-a no uniforme de Gastão d’Orleans. Igualmente, não foi por ser genro do Imperador que o Conde d’Eu foi nomeado comandante do exército na Guerra do Paraguai, e nem para somente entrar como vencedor em Assunção: o grande Caxias passara mal durante uma missa, pedira para ser substituído, e o Conde d’Eu comandou o exército durante os nove meses restantes da guerra.
Outras queixas, também não havia: o Império era progressista. Foi o segundo país do mundo a ter redes telefônicas, o primeiro a lançar um cabo submarino de comunicações com a Europa; construiu 10.000 quilômetros de estradas de ferro, quando os Estados Unidos sequer haviam adotado esse meio de transporte; inaugurou iluminação pública elétrica, quando Nova Iorque e Washington ainda usavam lampiões a gás ou querosene; tinha as segundas maiores frotas mercante e naval do mundo, ambas com navios construídos no Rio de Janeiro; e, durante seus últimos 40 anos, mantivera a inflação à taxa de 1,58% ao ano, com a moeda brasileira valendo 0,2% mais do que a libra inglesa, que continua valendo US$2, 46.
A propósito, a diferença salarial era mínima, se comparada aos dias de hoje: o salário de um senador – o mais alto – era apenas dez vezes superior ao mais baixo, o dos balconistas do comércio. Hoje, o salário de um senador ultrapassa R$8.500,00, e o salário mínimo é de R$180,00.
Em 1889 a escravidão já tinha sido extinta, e não fora um problema brasileiro: França, Espanha, Suécia e outros, inclusive os Estados Unidos – república presidencialista – também a tinham. A propósito, o diplomata inglês Ernst Hambloch, no seu Sua Majestade o Presidente do Brasil, editado na década de 30 do século XX, afirmou que “no Império o cidadão [como tal] progredia lenta, mas seguramente.
No campo internacional, o Brasil era consagrado, incluía-se no que hoje se denomina “Primeiro Mundo”: depois do Papa, D. Pedro II era considerado a maior autoridade moral do planeta (o mundo Ocidental). Inúmeras vezes foi chamado a arbitrar questões entre Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha. O próprio presidente Abraham Lincoln o convidou para mediar a questão entre o Norte e o Sul, e impedir a Guerra de Secessão, o que foi prejudicado pelo fato de o Sul haver irrompido as hostilidades antes.
Assim, não havia causas a justificar a mudança de regime. Foi acertada, foi errada? As atuais gerações devem concluir melhor. É certo que o ditador venezuelano, ao receber em 16 de Novembro a notícia pelo embaixador brasileiro em Caracas, exultou: “Graças a Deus, acabou-se a única democracia da América do Sul!”. Isto, porque o Brasil era considerado uma verdadeira democracia – o que não agradava ao ditador – e o presidente argentino Bartolomé Mitre dizia que era a “democracia coroada”.
No Equador, também, a reação foi significativa: ao receber em 16 de Novembro a notícia pelo embaixador brasileiro em Quito, o presidente daquela república disse: “Com certeza, Vossa Excelência espera que eu o congratule. Infelizmente, só posso lhe dar meus pêsames: o Brasil acaba de cometer o maior erro de sua História, e levará muito mais de cem anos para corrigi-lo!”.
Enfim, quais as causas? Basicamente, duas. Em primeiro lugar, o copismo, o espírito de imitação que sempre prejudicou os brasileiros: os intelectuais republicanos o eram, porque “o Brasil era a única monarquia na América do Sul rodeado por repúblicas; logo, para se adequar – e, para seguir o modelo norte-americano, grife da época – precisava ser também uma república!”. Esqueciam-se de que o Brasil era uma ilha de paz, enquanto seus vizinhos eram exemplos de revoluções, golpes de Estado, execuções, carnificinas, guerras civis, atraso, e desprestígio internacional.Houve a segunda causa, porém, e determinante. Deodoro era amigo de D. Pedro II, que inclusive lhe subsidiara estudos. A conspiração que levou ao golpe não era contra a monarquia, mas contra o gabinete de Ouro Preto; inclusive, o célebre quadro em que o marechal aparece montado a cavalo e com a espada desembainhada, segundo os contemporâneos e testemunhas presenciais, retrata o momento em que o marechal gritava “Viva o Imperador!“. Por isso, na tarde de 15 de Novembro Deodoro preparara uma lista com seis nomes, a fim de que o velho monarca escolhesse um novo presidente do Conselho de Ministros.
Ocorre que em todos os fatos de relevância na História, sempre houve uma mulher, uma saia. Quando Benjamin Constant viu a lista de seis nomes elaborada por Deodoro, segredou ao ouvido do velho militar: “O imperador já tem um nome, é Silveira Martins”.
O que tinha isso a ver com a situação é simples: décadas antes, quando com patente inferior Deodoro servira no Rio Grande do Sul (então São Pedro das Missões), apaixonara-se por uma jovem baronesa viúva, e pretendera conquistá-la; mas, “na parada” estava Silveira Martins, político local, insinuante, voz tronitroante e físico avantajado. Levou a melhor, ganhou a viúva, e desde então Deodoro votou-lhe um ódio de morte. Por isso, nasceu a República.
Hoje, a questão não é mais de república x monarquia, até poderá voltar a ser no futuro. Mas, somente a de verdade histórica x historiografia oficial.
Artigo de Paulo Napoleão Nogueira da Silva, Doutor em Direito Constitucional pela PUC de São Paulo.
Fonte : https://imperiodobrasil.wordpress.com/20...republica/
Se quiserem conhecer um pouco mais do Imperador:
http://www.miniweb.com.br/cidadania/pers...ro_II.html
Então, temos desde sempre a intromissão dessa dinastia Rothschild que suga o nosso país e nos mantêm como "celeiro do mundo" cheio de dívidas.
fórum anti nova ordem mundial
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