“Tanques Russos estão em toda parte” - Noticia Final

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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

“Tanques Russos estão em toda parte”

Martin Berger, Neo Eastern Outlook


Traduzido por btpsilveira

A todo momento, a mídia corporativista ocidental relata em reportagens sensacionalistas que tanques, canhões, veículos blindados e milhares de soldados russos em uniforme das Forças Armadas da Federação Russa estão por aqui ou ali em nações aliadas ocidentais pelo mundo afora. O que é pior, estas declarações são seguidas caninamente como verdade e são espalhadas por vários políticos de alta plumagem em Washington e nos quartéis generais da OTAN bem como nas capitais de vários Estados europeus.

Recentemente, ao discursar para soldados das Forças Armadas ucranianas, o Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko anunciou que o território de seu país, teria sido alegadamente ocupado por 700 tanques, 1250 sistemas de artilharia, mais de 1000 veículos blindados e 300 high mobility artillery rocket system – HIMARS (Sistema Múltiplo de Lançamento de Foguetes de Alta Mobilidade, na sigla em inglês - NT).


A fim de se prevenir contra uma suposta “ameaça iminente da Rússia” alguns países Bálticos entregam a suas crianças manuais intitulados “Guia para lutar contra agressores Russos”. Em novembro passado, de acordo com BaltNews.Iv, uma delegação que consistia em representantes do Ministério da Defesa, milícias civis bem como soldados da 173ª Brigada de Infantaria dos Estados Unidos, ministraram uma palestra para estudantes letões sobre “como proteger o país no caso de um ataque russo”. Além disso, sabe-se que essas palestras tem acontecido de forma constante para menores da Letônia durante anos. Durante os dois últimos, de abril de 2015 a abril de 2016, as forças militares visitaram 100 escolas da Letônia.

É necessário salientar que o mito de uma “Ameaça Russa” não está sendo fabricado apenas pela imprensa ocidental, mas também por unidades militares dos Estados Unidos e do Reino Unido, que se esforçam na tarefa de promover falsos eventos de “agressão”.

Há algum tempo, o site NEO relatou (você deve ver – o título é: Why Would Pentagon Pretend to Fly Russia’a Military Jets? – O que quer o Pentágono ao fingir pilotar aviões russos?) estar a internet cheia de fotos de pilotos (norte)americanos correndo na direção de aviões dos Estados Unidos camuflados para imitar aviões russos SU-34, com padrões reconhecidamente diferentes daqueles usados pelos EUA, mas que parecem muito com as cores rotineiramente usadas pelos aviões da Força Aérea da Federação Russa.


Atualmente não é segredo nenhum que as forças militares dos Estados Unidos estão tentando mimetizar as Forças Armadas russas ao usar equipamento militar “russo”. Este papel lamentável é desempenhado oficialmente pelo 11º Regimento de Cavalaria das Forças Armadas dos EUA, conhecido como “Cavalo Negro”, o qual foi parcialmente reorganizado em torno de um modelo russo de desenvolvimento e que foi equipado com veículos blindados que lembram aqueles usados pelas Forças Armadas da Federação Russa. Mais uma vez, os Estados Unidos aparentemente precisam de “agressores profissionais” para personificar um inimigo durante jogos militares e assim desencadeou provocações por toda a Europa. Com esse objetivo, o 11º Regimento Blindado de Cavalaria foi equipado com veículos blindados M113 que foram reconstruídos para parecer com os russos BMP-2 e BRDM-2.  

A julgar pelos comunicados para a imprensa (press-releases no original) do 11º Regimento, todos estes veículos são usados de forma rotineira para participar de jogos militares em conjunto com a 3ª Brigada Blindada da 34ª Divisão de Infantaria. Outros esquadrões do regimento já participaram desses treinamentos como uma unidade especial do exército dos Estados Unidos – denominada Stryker Brigade Combat Team (Equipe de Combate de Brigada Stryke – “Stryke” é um veículo blindado que em vez de lagartas tem oito rodas. Tem mais agilidade e menos exigências logísticas que um tanque - NT). Tudo junto, o “Cavalo Negro” leva a efeito 15 “treinos educacionais” por ano.

Depois da retirada das tropas dos Estados Unidos do Iraque em 2011, “agressores profissionais” puderam retornar à rotina de personificar um certo tipo de “inimigo imaginário”, até que a crise da Ucrânia veio à tona, causando um crescimento da tensão na Europa.

Alguns meses antes, a Força Aérea dos Estados Unidos publicou fotos de F-16 personificados como “agressores”, no 64º Esquadrão Especial de Nevada. Esses aviões receberam esquemas de pintura que não só imitavam os jatos russos, como também exibiam nas asas as estrelas vermelhas que são tradicionais para o exército da Rússia.

Além disso, Washington insistiu pela criação de unidades especiais de “agressores” em unidades de exércitos estrangeiros como os da Inglaterra, Coréia do Sul e Israel. Recentemente, a Planície de Salisburgo presenciou tropas combatendo unidades “agressoras” que imitavam forças armadas russas, fingindo esforçadamente uma invasão da Estônia. Tais “agressores” estavam armados com velhos tanques T-72 e T-55 produzidos na Polônia e trazidos de museus.  

Pense nisso: na medida em que essas unidades estão espalhadas pelos Estados Bálticos e em vários outros países da Europa Oriental, estas “unidades agressoras” que podem personificar o exército russo com sucesso, também podem criar “evidências de um iminente ataque russo”. Por isso, antes de acreditar nessas reportagens ou declarações feitas por políticos europeus como Poroshenko, reflita.

Martin Berger é um jornalista freelance e analista geopolítico, exclusivamente para a revista “New Eastern Outlook.”

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