O envio da primeira de quatro brigadas que a Otan prevê manter na Polônia e nos três países bálticos, bem como na Romênia, Bulgária e Hungria, concretiza a decisão tomada na cimeira da Aliança Atlântica, realizada em julho de 2016 na capital polaca, Varsóvia. Quando estiver completa a operação, o bloco político-militar passará a contar naqueles territórios com um total de quase quatro mil homens, cerca de 90 tanques de guerra e 650 veículos de combate pesados e ligeiros (Bradley e Humwee).
A força apelidada de “multinacional” – mas que, na verdade, assenta fundamentalmente no aparato militar dos EUA – é justificada pela Aliança Atlântica com a necessidade de dar uma resposta “ao que a Rússia tem andado a fazer”, explicou a número dois da Otan, a diplomata norte-americana Rose Gottemoeller.
A maior mobilização militar dos EUA para o Leste da Europa desde o fim da chamada guerra fria, ocorre a pretexto da intervenção de Moscou na Crimeia e do envio de mísseis Iskander para o enclave russo de Kaliningrado, situado nas proximidades da Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia.
O Kremlin, porém, contra-argumenta lembrando que as suas decisões foram implementadas após a ingerência do eixo euro-norte-americano na Ucrânia e da cavalgada da Otan para junto das fronteiras da Federação Russa, no quadro do qual será instalado na Polônia e na Romênia um sistema de mísseis. A Aliança Atlântica tem também reforçado os meios envolvidos em jogos de guerra e promovido a sua proliferação no flanco oriental europeu, avolumando os protestos do Kremlin que enquadra a corrida do bloco político-militar imperialista para Leste como uma ameaça e um cerco.
As chancelarias da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da Rússia têm vindo a sublinhar igualmente que as iniciativas da Otan põe em causa a estabilidade estratégica na Europa.
Os acordos deverão estipular a quase completa imunidade daqueles perante a justiça local, assim como os termos nos quais os estados bálticos serão obrigados a participar em “jogos de guerra” decididos e conduzidos por Washington.
Entretanto, um grupo de 300 fuzileiros dos EUA chegou à Noruega para manobras com tropas autóctones. Moscou considera que o envio de soldados norte-americanos “não vai melhorar a situação de segurança na Europa do Norte”, e recorda que quando da adesão à Otan, a Noruega comprometeu-se a não permitir o estacionamento de militares dos EUA no país.
O que parece ser parte de uma histeria russo-fóbica, na qual se inclui a polêmica sobre a pretensa ingerência russa nas eleições norte-americanas e o condicionamento do futuro presidente Donald Trump por parte de Vladimir Putin e pela inteligenzia ao seu serviço, está a contaminar vários países, como é o caso dos da Escandinávia.
O ministro da Defesa da Dinamarca deu, por estes dias, voz a supostas “ameaças reais muito sérias” colocadas pela Rússia, falando designadamente na possibilidade de ataques cibernéticos capazes de comprometer os serviços públicos essenciais no país e gerarem o caos. As declarações estão a ser muito criticadas interna e externamente, inclusivamente com acusações de que o responsável agita o “espantalho russo” para garantir maior financiamento para a área que tutela.
Jornal Avante
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