“Chegará, enfim, um tempo em que tudo o que os homens haviam considerado inalienável se tornará objeto de troca, de tráfico e se poderá vender. O tempo em que as próprias coisas que até então eram compartilhadas, mas jamais feitas objeto de troca; dadas, mais jamais vendidas; adquiridas, mas jamais compradas – virtudes, amor, opinião, ciência, consciência etc – agora tudo isso se faz comércio”. Quem escreveu este período? Papa Francisco? Papa Paulo VI? Leão XIII, da precursora encíclica sobre a condição operária Rerum Novarum (1891)?
Meu caro leitor, este texto, de 1847, está na Miséria da Filosofia de Karl Marx.
E prossegue o filósofo alemão: “irrompeu o tempo da corrupção geral, da venalidade universal ou, para falar em termos de economia política, se inaugurou o tempo em que qualquer coisa, moral ou física, uma vez tornada valor venal é levada ao mercado para receber seu preço”.
Agora reflita sobre um sistema que ganha apenas com a especulação e o suborno, que não produz bens mas que concentra riquezas e que dominando a mídia internacional, nas mãos de 20 pessoas, difunde uma ideologia que levará necessariamente ao extermínio grande parte da humanidade.
Este sistema é a banca. Incrível que pessoas de nível superior, bem sucedidas profissionalmente, se deixem enganar por este bem vestido ladrão que corre a frente da multidão, com o produto de seu roubo, clamando ”pega ladrão”.
Não venho defender nem atacar qualquer partido político, mas salientar incongruências que os anos, ou melhor, séculos, de dominação cultural nos impuseram, a nós brasileiros, mas, igualmente, aos estadunidenses. Não confunda os norte-americanos com a sua elite financista de algumas poucas famílias. Aquele povo também sofre a ausência de uma educação que desenvolva a inteligência crítica, uma saúde que dê tranquilidade aos seus habitantes, uma renda que permita a sobrevivência digna e a sua continuidade após anos de trabalho: a aposentadoria.
E são poucas, mas existem, manifestações populares de revolta nos Estados Unidos da América (EUA). Embora a mídia, expressão da dominação da banca, sonegue esta informação, a não ser para doutrinar sobre a questão racial. O sistema de ensino e a mídia são os dois instrumentos que a banca usa para manter a apatia, o conformismo e a aceitação, mesmo desconfortável e irada, de um modelo corrupto e concentrador de renda.
Vejamos um exemplo no Brasil. Pergunte-se, amigo leitor, quem você considera mais corrupto: aquele que franqueia toda riqueza natural do País, todo saber acumulado por anos de dedicação e estudo, sem qualquer contrapartida e por tempo indeterminado, aos capitais e países estrangeiros, ou quem aceita algum dinheiro, que não pode ser maior do que o lucro do negócio, para cometer um ilícito, uma compra indevida ou um contrato mais oneroso? Claro que ambos são criminosos, mas o dano causado pelo primeiro é incomparavelmente maior do que o do segundo. Agora veja o que sai nas mídias: ao primeiro há até elogio pela “coragem”, pela “visão estratégica” enquanto ao segundo se sugerem ou se cobram da justiça penas máximas. Por que? Porque desde criança todo sistema para sua formação lhe incutiu um pensamento desvirtuado, um entendimento de certo e errado, do mocinho e do inimigo, do interesse deste Poder Invisível a tal ponto que você fica feliz quando prendem aquele que lhe deu melhor condição salarial, maior facilidade para instrução para seus filhos, mais médicos, mais energia elétrica, moradia mais acessível. Ou não é?
A primeira e maior corrupção é a da mente, de sua capacidade de discernir, do pensamento
crítico, do seu pensar.
Quando havia o risco do comunismo se espalhar pelo planeta, uma das críticas que se lhe fazia era exatamente de entender o mundo dentro de uma ideologia. E agora? Por acaso a ideologia da banca é aceitável, aquela que se diz do pensamento único, que lhe faz achar natural um ser humano, igual em vida e afeto a você, morrer na miséria porque não era competitivo (sic)? É assimilável que pelo dinheiro e unicamente pelo dinheiro populações inteiras sejam massacradas, embora o pretexto seja absolutamente iníquo, como o de professar religião distinta da sua, ou de ter um governante que eles aceitam mas não age conforme o interesse dos banqueiros?
A farsa da banca já corrompe o seu pensar. Imagine o que faz para se apropriar de seu dinheiro? De seu trabalho? De sua aposentadoria? De sua saúde? De seus filhos?
O documentário cinematográfico de 2016 “Eu não sou seu negro”, do ex-Ministro da Cultura do Haiti, Raoul Peck, sobre textos do escritor James Baldwin, que narra ações e pensamentos de alguns importantes líderes negros estadunidenses – Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King –, mostra como o sistema de formação dos cidadãos nos EUA é danoso à própria sociedade norte-americana.
Concluo com a tradução livre de uma frase de Baldwin
citada no filme: o mundo nunca foi branco. Branco é uma
metáfora para o Poder o qual simplesmente é um modo de
se referir ao Chase Manhattan Bank (”The world was never
white. White is a metaphor for Power, and that is simply a
way of describing Chase Manhattan Bank”).
Quanto Lula Ganha ?
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=UNvAKPJDSj4