30/3/2017, Ministério de Relações Exteriores da Rússia [Dica de Pepe Escobar, Facebook]
Traduzido pelo coletivo da vila vudu
Maria Zakharova, porta-voz do MRE da Rússia: "Propaganda é ferramenta que todos os países usam, embora alguns em grau diferente. Nada além de meios para promoverem os próprios interesses na esfera da informação. Todos os estados têm trabalho de informação para promover suas políticas. Normal. Mas é muito ruim quando as empresas de mídia assumem campanhas de propaganda de caráter político. O que nossos colegas ocidentais fazem é inaceitável. Distorcem completamente os fatos. Fazem mais, isso sim, trabalho de desinformação. [...]
Sobre Aleppo, a campanha da propaganda ocidental só fez divulgar material que convencesse a opinião pública de que o papel da Rússia na resolução do conflito sírio nada teria de construtivo ou positivo; que teria sido extremamente destrutivo; para fazer crer que nossos parceiros políticos e militares na Síria teriam fracassado. A questão também foi usada para objetivos eleitorais, porque a equipe de Hillary Clinton muito se ocupou de política externa durante o tempo em que ela foi secretária de Estado. Claro portanto que sua campanha eleitoral cuidaria de divulgar só sucessos e vitórias dos EUA pelo mundo. Nesse quadro, o envolvimento da Rússia na Síria teriam mesmo de ser apresentado como destrutivo. E essa tolice virou tema central da campanha eleitoral nos EUA e recebeu atenção máxima! [...]
Como já disse, fatos sobre Mosul estão sendo manipulados de modo a minimizar o dano informacional que causariam aos EUA. A operação Mosul não começou ontem nem no mês passado. Foi lançada pelo governo Obama já há quase seis meses. Para nós, foi parte da campanha eleitoral. Eles careciam desesperadamente de uma guerra vitoriosa, mas aquela guerra não estava sendo nem rápida nem vitoriosa. A guerra seria completamente aceitável – afinal, era guerra contra o terror –, se não tivesse sido tão flagrantemente cronometrada para ser 'movimento' da campanha eleitoral. Teria de ter sido planejada com atenção, com todos os cuidados para manter mínimo o número de baixas civis, com corredores previstos para ajuda humanitária, e assistência às populações que desejassem deixar a cidade. Nada disso foi feito. Todas essas considerações foram sacrificadas diante do fator tempo, para que a guerra se 'harmonizasse' com a campanha eleitoral. Resultado do que fizeram, temos o que temos, quero dizer, o Iraque e os iraquianos têm o que têm hoje." [...]
Jornalista italiano: O jornal italiano La Stampa traz uma contribuição do governo dos EUA, alertando Roma sobre contatos diretos entre o partido político do Movimento Cinco Estrelas e os russos, que tentam influenciar a Itália e outros países europeus para futuras eleições, agora que a Rússia está implementando sua estratégia de interferência. A senhora pode comentar essa informação de La Stampa?
Maria Zakharova: Não sei o que significaria "contatos diretos entre o tal partido político e os russos". Que fatos demonstráveis ou demonstrados há por trás dessa afirmação? O senhor está aqui, no Centro de Imprensa do MRE da Rússia. Pode-se dizer que jornalistas italianos estão aqui em contato com agências do governo russo. Qualquer coisa pode ser interpretada e noticiada para significar qualquer coisa. Também é possível informar simplesmente que o senhor, jornalista italiano, visitou o MRE russo, e ouviu informações da porta-voz do Ministério russo. E fez as perguntas que quis fazer.
O senhor conhece nossa estratégia de não interferência nos assuntos internos de outros países, e como abordamos esse assunto. Mantemos contatos com capitais e governos nacionais, trabalhamos com ONGs que operem dentro dos limites legais em território russo e com o devido respeito às leis sobre esse assunto de outros países. Temos contatos oficiais com muitos partidos e movimentos de oposição e situação, sempre considerando todas as tradições diplomáticas.
Foi assim antes das eleições presidenciais nos EUA, quando o pessoal de Hillary Clinton veio à Rússia. Depois, ninguém mais se interessou por essas visitas. Eles estiveram várias vezes na Rússia para reuniões com funcionários e encontros muito informais com pessoas específicas para discutir diversos assuntos. Mas a imprensa comercial norte-americana jamais noticiou coisa alguma, não sei por quê. Em vez de informação firme, telefonemas da Embaixada Russa em Washington (e nem preciso dizer quanta gente nos EUA 'vazou' conversas telefônicas) foram pretexto para acusar o candidato eleito de ter mantido certo tipo de laços com Moscou.
Entendo que tudo isso não passa de movimentos da mesma campanha de informação. Se o senhor tiver algum fato realmente firme a discutir, posso negar ou confirmar. Por favor, não se acanhe. Mas nem sei como comentar essas alegações tão vagas sobre partidos italianos e eventuais laços com Moscou.
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