Ahmadinejad: "Confronto com sauditas não terá fim" - Noticia Final

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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Ahmadinejad: "Confronto com sauditas não terá fim"

Claudio Gallo, La Stampa, Itália

"Mas o que Ahmadinejad realmente disse foi que nenhum confronto com os sauditas jamais terá vencedor: não é exatamente o que se lê na manchete de La Stampa" [Entreouvido no bochicho aqui

Traduzido pelo coletivo da vila vudu

O quartel-general de Mahmoud Ahmadinejad está instalado no elegante quarteirão de Velenjak, no setor norte de Teerã. Presidente do Irã por oito anos, Ahmadinejad fez alguns movimentos para voltar à política, mas o Guia Supremo o proibiu. Sessenta anos, de aparência jovem e saudável, vestido com elegância, tem às costas de sua poltrona a bandeira do Irã. Continua muito presidencial. Sabíamos que não tinha autorização para falar com a mídia, mas Ahmadinejad é homem de infringir e desobedecer. Antes de iniciar a entrevista reza a primeira sura do Corão. 
Os EUA se querem divididos e fracos" (Ahmadinejad)
Senhor Ahmadinejad, o que pensa da vitória de Rohani?

"Tenho muito a dizer sobre essa discussão, mas não falaremos disso".

Como o senhor avalia o acordo nuclear e o novo estilo presidencial de Trump?

"O problema dos EUA é que querem governar o mundo inteiro, especialmente o Oriente Médio. Trump veio para trazer mais guerra por conta dos capitalistas, mas fracassará. O capitalismo está em vias de se esgotar, perdeu a capacidade de se renovar. A economia foi convertida em espaço de injustiça, também na Europa. A democracia está submetida e controlada. O sistema que Trump representa está condenado a desaparecer, ainda que não seja imediatamente. Mas não se deve focar exclusivamente a figura do presidente dos EUA, porque quem decide não é ele, são outros."

A democracia islâmica não parece melhor que a ocidental...

"Não é questão de ou Islã ou ocidente. A democracia está submetida e controlada em todo o mundo. A vontade popular deixou de ser ouvida, negam-se todos os direitos humanos. Também temos problemas, o fenômeno é mundial."

O presidente dos EUA está na Arábia Saudita. Como o senhor avalia as relações entre Teerã e Riad?

"É indispensável ver o problema mais amplamente. Os governos capitalistas, dos poucos muito ricos que querem controlar tudo, criaram um mundo dividido: Arábia, Irã, Turquia, sempre a mesma coisa. Quanto mais divididos, mais fracos, e melhor para os governos capitalistas. Nenhum confronto [do Irã] com os sauditas jamais terá vencedor. E só os EUA lucram".

A Síria acabará por ser dividida em estados étnicos?

"Esperemos que não. O povo sírio viveu muitos anos em paz. A guerra é serviço dos EUA e dos sionistas. O mesmo se pode dizer do Iraque. O país vivia em paz, gente de diferentes religiões vivia lado a lado. Então chegaram os ingleses e os norte-americanos, e a paz acabou. Se precisarem, dividirão até a Europa. Não se esqueça do que foram capazes de fazer nos Bálcãs. Era a Iugoslávia e agora são seis países diferentes. É uma grande máquina de gerar lucros, que nem conhece qualquer valor humano nem se interessa. Observe como esmagaram a África. Nenhum governo africano pode dispor dos próprios minérios."

O senhor falou de direitos humanos, mas o Irã tem péssima reputação nesse campo...

"Não há um único país no mundo onde os direitos humanos sejam plenamente respeitados. A Itália os respeita perfeitamente? Mais cedo ou mais tarde a nossa parte do mundo chegará lá, mas terá de fazê-lo em conjunto, todos os povos do mundo. O povo norte-americano seria talvez livre? Consegue eleger alguém que não pertença a um dos dois principais partidos? Os 20 trilhões da dívida de Washington pesam sobre as costas dos cidadãos norte-americanos, mas eles nada podem decidir. No ocidente, só admitem um modelo de governo. É proibido mudar. Claro que temos problemas no Irã. A liberdade e a igualdade são direitos fundamentais, mas por enquanto a verdadeira democracia é um ideal em direção ao qual apenas alguns realmente caminham."

O senhor diz que se ocupa com a paz e a estabilidade no mundo. Mas hoje há incontáveis conflitos. O que impede que se ponha fim a tantas guerras?

"A raiz do problema são os que querem impor-se sobre os outros, os que querem para si a riqueza do mundo. A única solução é um governo global que considere a vontade de todos os 7 bilhões de habitantes do planeta. Sem diferenças de raças ou religiões ou geografia. Com certeza chegaremos lá. O mundo está-se tornando cada vez mais global."

Teerã, como muitas capitais asiáticas, é muito poluída. O que pensa o senhor da luta contra o aquecimento global?


"EUA, Europa e China já poluíram 75% da superfície do planeta. Esses países têm de ser responsabilizados. De fato, até no Irã as fábricas de automóveis nos enganam com dados falsos. No Japão, a mesma coisa. Pode-se controlar a poluição. Tenho algumas ideias, mas não quero discutir o mérito delas nesse momento. O problema é sempre o mesmo: para garantir o próprio lucro, uns poucos sacrificam a grande maioria da população do planeta."

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