Por sua parte, a Zamanalwsl.net publicou vários supostos relatórios e fotos de uma fábrica de armas localizada na periferia da cidade de Tartus, no assim chamado Vale do Inferno. A instalação foi avaliada pelos EUA como a principal planta estatal síria de fabricação de armas não convencionais, incluindo químicas. Segundo o jornal árabe, o próprio presidente Bashar Assad teria autorizado a fabricação de mísseis iranianos avançados na Síria.
De acordo com The Washington Free Beacon, uma série de estudos realizados pelo Instituto de Pesquisas de Mídia no Oriente Médio (MEMRI, na sigla em inglês) demonstraram que "nesta fábrica são produzidos mísseis de longo alcance, assim como mísseis balísticos M600, que são, de fato, o análogo sírio do míssil iraniano Fateh-110".
Segundo o MEMRI, esta fábrica também tem uma planta na província ocidental de Hama, onde se encontra uma base militar russa e onde supostamente teriam trabalhado militares norte-coreanos, o que "demonstra" a suposta colaboração entre o Irã, a Rússia e a Coreia do Norte no Vale do Inferno.
Os especialistas entrevistados pela Sputnik Persa declararam que esta informação não corresponde à realidade e só visa "semear a discórdia" entre a Síria, o Irã e a Rússia, assim como inventar uma boa desculpa para permitir a invasão do país árabe.
Boris Dolgov, especialista do Centro de Estudos Árabes e Islâmicos do Instituto de Estudos Orientais da Academia das Ciências da Rússia, disse à Sputnik que isso se deve à "orientação geral" da propaganda da oposição radical síria. O analista mencionou que, anteriormente, a oposição acusou a Síria de usar armas químicas, "o que de fato era uma acusação absurda". Além disso, lembrou os vídeos "engraçados", em que os membros da organização Capacetes Brancos, também conhecida como Proteção Civil Síria, aparecem transportando civis feridos em um suposto ataque químico sem usar máscaras de gás.
"No entanto, isso serviu de pretexto para os EUA atacarem uma base da Força Aérea síria", afirmou Dolgov.
Além disso, a oposição radical acusou as autoridades sírias de construírem uma "prisão secreta", onde seriam executados cerca de cinquenta presos por dia. Mais uma vez, não conseguiram apresentar provas concretas sobre a existência da suposta prisão.
"Devemos levar em consideração tudo isso nestes momentos, já que tudo o que este portal publicou foram várias imagens de satélite de algumas instalações e nada mais", explicou. Ressaltou, ainda, que os comentários dos "especialistas" sírios sobre a fábrica secreta de mísseis não têm nada que ver com a realidade, uma vez que carecem de provas documentais.
O professor acrescentou que a aparição desta informação na mídia norte-americana só pode servir de pretexto para um novo ataque militar dos EUA contra o "a Síria de Bashar Assad". Além disso, é uma tentativa de estabelecer conexões entre a Rússia, o Irã, a Síria e a Coreia do Norte, apresentando a aliança como uma "encarnação do diabo" que quer atacar os EUA ou seus aliados europeus com mísseis.
"Não é mais do que um pretexto para os EUA manterem a política antirrussa, antissíria e anti-iraniana", concluiu Dolgov.
Por sua vez, o editor-chefe do jornal Iran Press, Emad Abshenass, afirmou, em uma entrevista à Sputnik, que a suposta atividade militar conjunta do Irã, Rússia e Coreia do Norte na Síria é uma total fantasia dos EUA e Israel. O analista afirmou que Washington e Tel Aviv costumam recorrer a esse tipo de truques para ter uma desculpa para interferir nos assuntos internos da Síria.
No entanto, sublinhou, Damasco tem o direito legítimo de desenvolver armas para reforçar seu sistema defensivo, e isso é algo que não viola as normas internacionais. Ao mesmo tempo, as declarações sobre a fabricação de mísseis por parte do Irã, Rússia e Coreia do Norte são "completamente absurdas", uma vez que, devido a serem projéteis de longo alcance, se estes países os quisessem fabricar, fá-lo-iam "em casa" e não em território de países terceiros. Como se isso não bastasse, a Síria não tem onde usar mísseis deste tipo.
O especialista afirmou que Israel e os EUA pretendem apresentar a Rússia, o Irã e a Coreia do Norte como uma "frente maléfica" inimiga.
"Não obstante, qualquer pessoa de bom-senso entende que, se a Coreia do Norte, por exemplo, pode usar esses mísseis de longo alcance contra os EUA, o Irã não precisaria deles para dissuadir Israel", disse Abshenass, referindo-se ao fato de que, caso haja um enfrentamento direto com Tel Aviv, Damasco só precisaria de mísseis de curto ou médio alcance.
O especialista afirmou que o Irã e a Rússia são os aliados-chave da Síria em sua luta contra o terrorismo e ressaltou que Washington e Tel Aviv tentam impedir, através da pressão política e mediática, os avanços militares do exército sírio e de seus aliados na região.
O Irã está sendo enganado.
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