Os Estados Unidos estão ganhando posições na América Latina com a queda forçada de governos progressistas, avalia o sociólogo e analista político norte-americano James Petras. “Trata-se de uma grande ofensiva que enfraquece a soberania da América Latina, é a integração regional que está em jogo.”
Em entrevista a Ariel Noyola Rodríguez, publicada no site da RT, o especialista em política externa dos EUA e América Latina afirmou que a prisão do ex-presidente Lula “poderia mudar a correlação de forças em todo o continente latino-americano”.
- “Uma vez que os Estados Unidos consigam controlar o Brasil de maneira definitiva, como já aconteceu com a Argentina sob a presidência de Mauricio Macri, então será muito mais fácil levar adiante a dominação de todo o continente”, apontou.
Para Petras, a condenação sem provas de Lula a nove anos e meio de prisão faz parte dessa ofensiva que, ao que se refere ao Brasil, teve sua primeira parte no impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.
- “No plano internacional, essa ofensiva significa a subordinação do Brasil aos mandos de uma potência imperial, e não me refiro somente aos EUA, mas também à União Europeia”, disse.
Segundo o analista, o período de governo da esquerda na região “foi uma tática usada pelos EUA para se reorganizar, acumular forças e, chegado o momento indicado, lançar um contra-ataque”, uma vez que os países não foram capazes de “desafiar abertamente os Estados Unidos”.
Ele acredita ainda que Washington pretende criar uma versão latino-americana da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) “para vencer qualquer tipo de resistência que ponha em questão sua hegemonia”. “Os Estados Unidos travam uma guerra de conquista contra a região”, destacou. ¹
Plano Atlanta: o golpe judicial-midiático na América Latina.
A conspiração internacional para derrubar os presidentes progressistas do continente com uso da mídia e do Judiciário.
- “Como não podemos ganhar desses comunistas pela via eleitoral, compartilho com vocês isto aqui.”
Com essas palavras agressivas um ex-presidente sul-americano iniciava a explicação de um plano conspiratório a outros ex-presidentes latino-americanos, em uma suíte do hotel Marriot, em Atlanta (EUA), no final de novembro de 2012.
A primeira etapa da conspiração seria iniciar uma campanha de desprestígio através dos meios de comunicação contra os presidentes progressistas e de esquerda da região para minar sua liderança. A pressão midiática levaria à segunda etapa: a instauração de processos judiciais para interromper o mandato dos governantes.
O Plano Atlanta resultaria nos chamados “golpes suaves” – “encobertos de julgamentos políticos precedidos por escândalos de corrupção, ou campanhas dirigidas a ventilar supostos comportamentos questionáveis da vida íntima dos líderes progressistas; incluindo, se fosse necessário, familiares, amigos ou pessoas próximas”.
Quem conta é Manolo Pichardo, deputado dominicano e atual presidente da Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina e Caribe (COPPAL), em um artigo publicado em março de 2016 no jornal Listín Diario, da República Dominicana, intitulado “El Plan Atlanta”, denominação que ele deu à trama continental.
Em entrevista exclusiva à Pravda.Ru, o político diz que presenciou a conversa “por acaso”. Não era o tipo de reunião que o agradava. Pichardo, dirigente do Partido da Libertação Dominicana, de centro-esquerda, estava acostumado a participar de encontros do Foro de São Paulo ou da própria COPPAL, mesmo antes de assumir sua presidência.
Graças à amizade com um ex-presidente da América Central, ele começou a frequentar fóruns organizados pela direita e centro-direita latino-americana, com a presença de lideranças a nível mundial e suporte de instituições como Global Peace Foundation, Conferencia Liderazgo Uruguay, Instituto Patria Soñada e Fundación Esquipulas.
O primeiro que participou foi realizado em 2011, em Brasília. Os debatedores, segundo ele, proclamavam “discursos servis” aos Estados Unidos e acusavam os governos latino-americanos de agirem com desconfiança injustificada em relação a Washington. Além disso, “louvava-se a liberdade dos mercados e a diminuição do Estado”. As palavras de Pichardo no encontro, criticando a desigualdade social e se referindo à crise estrutural do capitalismo, iam de encontro ao discurso dos outros participantes.
- “Lembro-me muito pouco do encontro de 2011 em Brasília, posso dizer que ali estava reunida a liderança continental que corresponde, em sua maioria, aos interesses dos setores conservadores do nosso continente, incluindo ex-presidentes. Eu, por exemplo, expus em uma mesa com dois ex-presidentes da região: um extremamente conservador e um social cristão de centro, de ideias moderadas”, recorda.
O outro evento ao qual compareceu foi o que originou a Missão Presidencial Latino-americana (MPL), conferência realizada entre 28 de novembro e 1º de dezembro de 2012 no hotel Marriot, na cidade de Atlanta, que reuniu ex-mandatários de diversos países e líderes de diferentes setores da América Latina e dos EUA. No final da conferência, foi lançada a Declaração de Atlanta, carta de compromisso assinada pelos ex-presidentes que participaram da 1ª Cúpula da MPL.
A Cúpula buscou dar “impulso a uma nova era de relações internacionais entre os Estados Unidos e a América Latina”, segundo o comunicado emitido à imprensa em 30 de novembro daquele ano. No mesmo documento, são citados como participantes da 1ª Cúpula da MPL alguns ex-presidentes de países da América Central e do Sul. O ex-presidente brasileiro José Sarney não participou da Cúpula, mas comunicou seu apoio.
Na Declaração de Atlanta os membros da MPL defendem o “estreitamente de laços” entre América Latina e EUA, “fortalecendo o comércio, os investimentos, o intercâmbio de experiências e tecnologia a longo prazo”.
A reunião privada em que foi exposto o Plano Atlanta ocorreu antes da assinatura da Declaração. Pichardo resolveu, anos depois, revelar o conteúdo da conspiração ao denunciá-la em fóruns internacionais e meios de comunicação latino-americanos.
- “De fato, nunca pensei que falaria sobre esse tema”, aponta. “A ideia de fazê-lo surge depois de conversar com alguns amigos e companheiros do meu partido que me convenceram que, pela gravidade do que havia sido revelado, era necessário denunciá-lo. Eu insistia que isso colocaria em apuros os que me convidaram, mas me insistiam que o pior que podia acontecer era o dano à região, a ruptura da ordem democrática e o retrocesso em matéria da institucionalidade que permitiu conquistas econômicas e sociais”, completa o ex-presidente do Parlamento Centro-americano (PARLACEN).
Envolvimento da mídia e de um juiz brasileiro.
Para conseguir implementar o Plano Atlanta, o ex-presidente sul-americano que explicou a trama a seus pares afirmou contar com a ajuda dos meios de comunicação, inclusive mencionando veículos brasileiros. Entretanto, perguntado pela reportagem, Pichardo diz não se lembrar exatamente quais foram citados.
Em seu artigo de 2016, o político dominicano afirma que também se mencionou “alguns nomes de indivíduos ligados às instituições judiciais da região comprometidos com a conspiração”. À Pravda.Ru, ele revela que um dos juízes citados é brasileiro, mas também não lembra seu nome.
- “Recordo que inclusive falou-se de um juiz com o qual se podia contar para a execução da trama. Mas não posso me lembrar de nomes, pois cheguei àquela reunião por acaso”, explica.
Lula: a “joia da coroa”.
Em seu artigo, Pichardo questiona se as quedas dos presidentes de Honduras, em 2009, e do Paraguai, em 2012, teriam servido de laboratório para futuras ações do Plano Atlanta em países de maior peso na América Latina.
- “Foram Manuel Zelaya e Fernando Lugo tubos de ensaio para chegar ao resto, aos [presidentes ou ex-presidentes] de países com maior peso econômico da região, até alcançar a ‘joia da coroa’, que é, sem discussão, Lula Da Silva, o líder mais influente, para com sua queda provocar o efeito dominó que parecem buscar?”
Ele conta a esta reportagem que, “conhecidos os detalhes da urdidura revelada ou concebida em Atlanta, é fácil deduzir que o que ocorre no Brasil e [em] outras partes da região, onde se persegue ou se destitui líderes progressistas no governo, é sua execução”. Segundo ele, tal operação conquistou êxito após os ensaios que foram os golpes em Honduras, com presença militar, e depois no Paraguai, mais aperfeiçoado, por “vias institucionais”.
- “Me parece que o empenho em [desestabilizar o] Brasil tem a ver com o peso de sua economia e sua influência na região e no mundo, não podemos esquecer que o gigante sul-americano é parte do BRICS, um esquema de cooperação que surge como expressão da perda de hegemonia ocidental e Lula, sem dúvida, construiu uma liderança que tem influenciado na região, uma liderança que promoveu esquemas de integração regionais que vão dando sentido à latino-americanidade, que, mais que um sentimento de pátria, é um projeto de independência que nos empurra para uma agenda própria que nos distancia de ser o quintal dos Estados Unidos. Lula, portanto, é um alvo.”²
A questão é muito, muito simples. Os "imperialistas" nada mais fizeram foi usar as fraquezas das esquerdas que se corromperam tanto ou mais que a direita. Assim que as esquerdas ganharam o poder não só não limparam a politica em relação a corrupção em todos os escalões como ainda a aumentaram. Estão colhendo o que plantaram só isso. O sitio e o imóvel no Guarujá é só a ponta do iceberg de anos e anos de improbidade.
ResponderExcluirLula é muito ganancioso. Ele não vai se contentar apenas com 9 milhões. Continuando as investigações, e achando ainda os outros milhões, talvez bilhões do Lula, veremos se os ainda defensores do nine fingers continuarão a apoia-los.
ExcluirOs manés tratam a coisa de maneira romântica. Acorda, bobalhão, quem está por trás de tudo isso é uma elite banqueira, que controla a Maçonaria, quer instalar um governo mundial, racista, excludente e escravocrata.
ExcluirBobalhão são aqueles que acham que resolveram tudo resumindo que somente a maçonaria e a elite banqueira que controlam tudo!
ExcluirNossa, como seria mais fácil resolver o mal do mundo se fosse somente, e simplesmente, isso!
Só isso??? O problema é que pelo lado romântico da convenção das cartilhas e livros de humanas, você cria terríveis dilemas infantis, e não explica certos fatos. Você está querendo inverter os papeis. Acredite, aceite o fato de que só o dinheiro faz poder!!! Sem ele nada se resolve, nada se conquista, não haveria corrupção e venda de 'almas'.
ExcluirBlá blá blá de tipico simplista brasileiro.
ExcluirQuerer convencer que, palavras suas, "quem está por trás de tudo isso é uma elite banqueira, que controla a Maçonaria, quer instalar um governo mundial, racista, excludente e escravocrata"
é querer simplificar a situação do mundo.
Há, se fosse assim tão simples combater o mal no mundo! Era somente enfrentar os banqueiros e a maçonaria ai tudo estaria resolvido. Mas a situação do mundo é muito mais complexa do que isso...
O mazoquismo e o analfabetismo politico e triste se vc tirar as gigantes empresas do campo economico o jogo nao evolui talvez quando esses criticos contra o Brasil possuirem 70 ou mais anos e tiverem bastante dinheiro acumulado pelos servicos prestados possam eles irem para baladas festas com a mulherada gastar esse dinheiro curtir adoidado.k
ResponderExcluir