Traduzido pelo coletivo da vila vudu
Hoje o presidente dos EUA Donald Trump falou (rascunho de transcrição) à Assembleia Geral da ONU.
O principal tema do discurso foi soberania. A palavra ocorre 18 vezes (!). Enfatizou os princípios de Westphalia.
Esperamos que todas as nações cumpram esses dois deveres soberanos centrais, respeitar o interesse do próprio povo e os direitos de todas as demais nações soberanas.
Todos os líderes devem pôr o próprio país em primeiro lugar, disse ele, e "o estado-nação continua a ser o melhor veículo para elevar a condição humana."
A mensagem central do discurso de Trump foi a soberania. Boa rima com a ênfase, pode-se dizer isolacionista, daquele "EUA em primeiro lugar" da campanha eleitoral.
A segunda parte do discurso começou com ameaças à soberania de vários países que a classe governante dos EUA detesta tradicionalmente.
O "eixo do mal" esse ano incluiu Coreia do Norte, Irã, Venezuela, Síria e Cuba:
Os EUA temos muita força e muita paciência, mas se formos forçados a nos defender ou a defender nossos aliados, não teremos escolha que não seja destruir totalmente a Coreia do Norte. O homem do foguete está em missão suicida, dele e do seu regime. Os EUA estamos prontos, dispostos e capazes, mas esperemos que não seja necessário."
De fato, os EUA, agindo em nome da ONU, destruíram totalmente a Coreia nos anos 1950. O presidente anterior dos EUA fez exatamente a mesma ameaça que Trump fez hoje:
O presidente Barack Obama deu aviso duro à Coreia do Norte na 3ª-feira, lembrando ao seu líder "errático" e "irresponsável" que o arsenal nuclear dos EUA podia "destruir" o país dele.
Os militares sul-coreanos soam igualmente beligerantes:
Fonte militar disse à agência de notícias Yonhap que todos os bairros de Pyongyang "serão completamente destruídos por mísseis balísticos e ogivas altamente explosivas" (...) A cidade, disse a fonte "será reduzida a cinzas e removida do mapa".
Trump chamou o governo sírio de "o regime criminoso de Bashar al Assad." O "problema na Venezuela", disse ele, é "que o socialismo foi fielmente implementado". Chamou o Irã de "estado-bandido completamente exaurido economicamente, cujos principais itens de exportação são violência, banhos de sangue e caos." Esqueceu de mencionar os pistaches.
O objetivo desse linguajar e das ameaças em geral é empurrar o outro lado para algum tipo de ação que possa ser usada como justificativa para a "retaliação". Mas nenhum dos países que Trump mencionou é dado àquele tipo de comportamento. Se reagirem, reagirão com calma.
Há essencialmente nada, nas ameaças de Trump, além da conversa de sempre de, no mínimo, os dois presidentes que o antecederam. Trump talvez seja doido, mas o discurso de hoje não dá qualquer indício de loucura.
Destacar o tema da soberania e o estado-nação na primeira parte foi o ponto no qual Trump realmente se distanciou e diferiu dos seus antecessores intervencionistas. Mas ainda é difícil avaliar se seria algo em que ele genuinamente crê.
blogdoalok
Mudam as moscas mas a porcaria é a mesma
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