Herança tóxica: quem continua guardando arma química da URSS? - Noticia Final

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quinta-feira, 5 de abril de 2018

Herança tóxica: quem continua guardando arma química da URSS?

Há 90 anos, as autoridades da União Soviética ratificaram o Protocolo de Genebra, proibindo o uso de armas químicas e bacteriológicas em guerras. Contudo, a produção destas armas não foi proibida. A partir de 1991, por todo o território das ex-repúblicas soviéticas começou a surgir um grande número de armazéns e fábricas químicas abandonadas.
Placas de aviso perto dos armazéns de armas químicas russas antes de serem destruídas


A Rússia começou a produzir armas químicas em 1915 como resposta simétrica à Alemanha que dispersava gases tóxicos ativamente nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial. No total, na Rússia foram construídas três fábricas e, em 1916, o exército do país já contava com 150 mil projéteis químicos, já que no fim do ano as fábricas do país produziram quase quatro mil toneladas de cloro líquido, cloropicrina, cloreto de sulfurila e fosgênio. Contudo, a Rússia não utilizou gases tóxicos por estes serem "caprichosos" demais. Geralmente, artilharia se mostrava mais eficaz.
Armazém de armas químicas russas (foto de arquivo)
Armazém de armas químicas russas (foto de arquivo)

Embora a Segunda Guerra Mundial tenha freado o progresso nesta área, nos anos da Guerra Fria, a URSS e os EUA acumularam enormes armazéns de substâncias tóxicas. Em 1990, no território da URSS acumularam-se aproximadamente 40 mil toneladas de armas químicas, 80% deste arsenal era constituído por gases nervosos, tais como sarin, soman, VX e outros. 

No período pós-soviético, todo o arsenal da Rússia era guardado em sete fábricas-arsenais bem protegidas. No dia 2 de maio de 1996, as autoridades do país resolveram acabar com a carga mortal. O então presidente, Boris Yeltsin, assinou a lei para destruição das armas químicas, que posteriormente foram organizadas em armazéns. Em alguns locais, foi necessário construir armazéns adicionais. Em setembro de 2017, o presidente atual, Vladimir Putin, ordenou destruir o último projétil químico da Rússia. A destruição do projétil com o gás VX foi transmitida ao vivo. O líder da Rússia frisou que o país cumpriu antecipadamente suas obrigações de destruir todas as suas armas químicas. 
Veneno esquecido
Foi Ahmet Uzumcu, diretor-geral da Organização para a Proibição de Armas Químicas, quem assinou o documento comprovador que a Rússia destruiu todos os armazéns de armas químicas. 
"Alguns tipos de substâncias tóxicas eram desenvolvidos e produzidos em uma fábrica da cidade de Nukus, Uzbequistão, na segunda metade do século XX", comentou à Sputnik o especialista militar, Igor Nikulin. 
"Em 1999, todos ou quase todos os armazéns foram destruídos por especialistas militares do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos […] Acredito que eles tenham levado consigo alguma parte deles."
De acordo com especialistas, nos anos soviéticos, armas químicas também eram desenvolvidas no Cazaquistão, bem como na Ucrânia e nos países bálticos. Após o colapso da URSS, todas as repúblicas do antigo campo soviético passaram a aderir à Convenção sobre as Armas Químicas, destruíram seus armazéns de armas químicas e fecharam ou reorientaram laboratórios e fábricas. Todas as ações foram controladas pela Organização para a Proibição de Armas Químicas.
Área aberta para guardar armas químicas russas antes de serem destruídas
Área aberta para guardar armas químicas russas antes de serem destruídas
Contudo, o processo de desarmamento químico nem sempre foi como deveria ser. A crise nas forças armadas das antigas repúblicas soviéticas, causada inclusive pela carência de financiamento, abriu brechas para que armas perigosas fossem guardadas de forma inadequada, correndo risco de "vazar" para outros países. Ou simplesmente, as autoridades se esqueceram delas.
Assim, em 2004, moradores do povoado de Toporivka, situado na Ucrânia, desenterraram por acaso uma caixa com projéteis de 76 mm. Especialistas estabeleceram se tratar de armas químicas com cianeto de hidrogênio mortal. Os projéteis foram destruídos em um polígono especial, porém, ninguém soube responder quem os enterrou e quantos "tesouros" ainda permanecem escondidos.
Em 2009, um armazém de armas químicas abandonado foi encontrado em um polígono do Cazaquistão. Segundo ecologistas locais, o polígono ainda pode esconder outras "surpresas". Contudo, dificilmente armas químicas podem vir a ser usadas em missões militares, pois quando são armazenadas em más condições, elas se tornam inúteis.

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