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sábado, 3 de novembro de 2018

Por que o Pentágono está a armar insetos?

por F. William Engdahl [*]


Há fortes indícios de que o Pentágono, através da DARPA, a sua agência de investigação e desenvolvimento, está a aperfeiçoar insetos geneticamente modificados que serão capazes de destruir culturas agrícolas de um possível inimigo. 
Esta denúncia foi negada pela DARPA, mas biólogos importantes lançaram o alarme sobre o que se está a passar com a nova tecnologia CRISPR "de alteração de genes" para transformar insetos em armas. Parece uma atualização no século XXI da praga de gafanhotos bíblica, só que possivelmente muito pior. 
A DARPA, a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa do Pentágono, está a financiar um programa como nome bizarro de "Insetos Aliados". O Dr. Blake Bextine da DARPA descreve o programa como "impulsionando um sistema natural e eficaz de duas fases a fim de transferir genes modificados para plantas: insetos vetores e vírus que eles transmitem para as plantas". A DARPA afirma que o programa é proporcionar "contra-medidas expansíveis, facilmente aplicáveis e generalizáveis contra potenciais ameaças naturais e artificiais para o abastecimento alimentar com o objetivo de proteger o sistema agrícola dos EUA ". Reparem na linguagem: expansíveis, facilmente aplicáveis… 

Ao abrigo do projeto da DARPA, serão introduzidos agentes de alteração genética ou vírus na população de insetos para influenciar diretamente a composição genética das culturas. A DARPA planeia usar cigarrinhas, moscas-brancas e pulgões para introduzir vírus selecionados nas culturas. Entre outras afirmações ambíguas, dizem que isso ajudará os agricultores a combater a "alteração climática". O que ninguém consegue responder – e nem o Pentágono nem a FDA dos EUA perguntam – é como esses vírus geneticamente modificados nos insetos interagem com outros micro-organismos no ambiente. Se as culturas estão a ser permanentemente inundadas por vírus geneticamente modificados, como é que isso poderá alterar a genética e os sistemas imunitários dos seres humanos que dependem das culturas? 

Alarme de guerra biológica 

Como a maior parte do atual abastecimento alimentar dos EUA está contaminado pelo Roundup tóxico e por outros herbicidas e pesticidas, juntamente com plantas geneticamente modificadas, podemos duvidar da honestidade das declarações do Pentágono quanto à preocupação com o atual sistema agrícola dos EUA. Um grupo de cientistas europeus publicou um artigo na edição de 5 de outubro da revista Science , cujo principal autor é o Dr. Guy Reeves do Instituto Max Planck para a Biologia Evolutiva, em Plön, na Alemanha. 

O artigo assinala que o programa "Insetos Aliados" da DARPA "pretende dispersar vírus infeciosos geneticamente modificados que foram trabalhados para alterar cromossomas dos cereais diretamente no terreno". Isto é conhecido como "herança horizontal", em oposição ao método vertical dominante da alteração dos OGM que faz modificações em laboratório em cromossomas de espécies para criar variedades de plantas OGM. As alterações genéticas às culturas serão realizadas por "dispersão através de insetos" em plena natureza . 

Os cientistas europeus assinalam que a DARPA não apresentou razões convincentes para o uso de insetos como um meio não controlado de dispersar vírus sintéticos no ambiente. Mais ainda, argumentam que o programa de Insetos Aliados poderá ser usado mais facilmente na guerra biológica do que utilizado na agricultura rotineira. "É muito mais fácil matar ou esterilizar uma planta, usando a alteração genética, do que torná-la resistente a herbicidas ou a insetos", segundo Guy Reeves, do Instituto Max Planck. 

O artigo da Science assinala que não tem havido debate científico, e muito menos supervisão, quanto à segurança destes métodos de alteração genética em terreno aberto, nem sequer se haverá alguns benefícios. O Departamento de Agricultura dos EUA rejeita liminarmente qualquer teste de saúde ou segurança das plantas ou insetos alterados geneticamente. "Por conseguinte, o programa pode ser encarado plenamente como uma tentativa de desenvolver agentes biológicos para fins hostis e suas formas de o aplicar, o que – a ser verdade – constituirá uma violação à Convenção de Armas Biológicas ". Até agora, já foram gastos US$27 milhões dos contribuintes em "Insetos Aliados". 

Uma tecnologia instável 

Embora não estejam disponíveis pormenores, é quase certo que o projeto Insetos Aliados, de modificação genética, com instrumentos CRISPR-Cas utiliza aquilo a que se chama "genética forçada". A genética forçada, que também está a ser fortemente financiada pela DARPA do Pentágono, com a alteração genética, pretende obrigar a que uma modificação genética se espalhe por toda uma população, sejam mosquitos ou possivelmente seres humanos, apenas em poucas gerações. 

O cientista que primeiro sugeriu desenvolver a alteração de genes numa genética forçada, o biólogo de Harvard Kevin Esvelt, alertou publicamente para o facto de que o desenvolvimento da alteração genética em conjunto com as tecnologias da genética forçada tem um potencial alarmante de correr mal. Assinala as muitas vezes que o CRISPR comete erros e a probabilidade de ocorrerem mutações protetoras, fazendo com que um gene benigno se torne agressivo. Sublinha: "Mesmo uns poucos organismos modificados poderão alterar irreversivelmente um ecossistema". Simulações computacionais da genética forçada feitas por Esvelt calcularam que um gene editado resultante "pode propagar-se a 99 por cento de uma população em apenas 10 gerações e persistir durante mais de 200 gerações . 

Apesar do que Bill Gates – um importante financiador da modificação genética – possa afirmar, a alteração genética não é uma tecnologia rigorosa, seja em que sentido for. Na China, cientistas usaram embriões humanos dados por doadores de embriões que não podiam resultar no nascimento de um ser vivo, para alterar um gene específico. Os resultados foram um total fracasso, quando as células testadas não apresentaram o pretendido material genético. O investigador chefe, Jungiu Huang declarou à Nature: "Foi por isso que parámos. Ainda pensamos que está demasiado imaturo ". 

Um laboratório de armas biológicas na Geórgia para Insetos Aliados? 

Haverá cientistas loucos na DARPA ou noutras organizações do governo dos EUA a preparar-se para disseminar novas formas letais de armas biológicas contra adversários como a Rússia, o atual maior produtor mundial de cereais e um país cujas culturas são isentas de OGM, segundo a lei? 

Uma série de notícias recentes nos media russos e ocidentais tem destacado um laboratório biológico de alta segurança, financiado pelo Pentágono , perto do aeroporto de Tíflis na Geórgia, adjacente à Rússia. Esse laboratório, o Centro de Investigação de Saúde Pública Richard G. Lugar, uma instalação de 350 milhões de dólares, segundo testemunhas oculares georgianas, foi construído segundo os padrões de segurança biológica nível III, ou seja, pode manipular tudo, com exceção de meia dúzia dos micróbios mais perigosos conhecidos, incluindo o antraz e as bactérias que provocam a peste bubónica. O Centro Lugar inclui cientistas do US Army Medical Research and Material Command . 

No início deste ano, o antigo ministro da Segurança do Estado da Geórgia, Igor Giorgadze, deu uma entrevista à imprensa em Moscovo, em que afirmou ter provas confirmando as experiências de risco desse Centro, no qual haviam morrido uma série de pessoas. Deu conhecimento dessas provas a autoridades russas relevantes . 

Tudo isto parece um capítulo do romance de ficção científica de Robert Crichton, de 1969, o Andromeda Strain , só que não é ficção. Os tribunais da União Europeia determinaram que a alteração genética deve ser regulamentada como qualquer outra forma de OGM, ou seja, organismos geneticamente modificados. Os EUA recusaram quaisquer regulamentações. Não é difícil acreditar que pessoas que rasgaram o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário e impuseram repetidas sanções a funcionários russos e à indústria russa estarão tentadas a lançar ou a ameaçar lançar uma nova arma biológica terrível que, através de milhares de milhões de insetos infetados por vírus geneticamente modificados, poderão destruir o cabaz alimentar vital da Rússia, tudo isto em nome da "paz mundial". 

Estará o Pentágono, através da DARPA, empenhado numa "utilização dupla", na investigação do desenvolvimento de uma arma biológica, sob a capa de progresso agrícola? Há quem diga: "Está, mas ninguém, no seu perfeito juízo, arriscará o que pode ser uma alteração irreversível do nosso ecossistema". Mas, como observou um biofísico, em relação aos OGM, há pessoas que não estão no seu perfeito juízo…"


Exército de insectos desenvolvido pelo Pentágono 

para destruir culturas de um país ou transmitir doenças letais: 


[*] Consultor de riscos e conferencista, licenciado em Política pela Universidade de Princeton e autor conceituado sobre petróleo e geopolítica, exclusivamente para a revista New Eastern Outlook. 

O original encontra-se em journal-neo.org/2018/10/29/why-is-pentagon-weaponizing-insects/ 


Tradução de Margarida Ferreira. 


Este artigo encontra-se em https://resistir.info/ .

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