A empresa estatal de gás do Uzbequistão está trabalhando para adaptar sua infraestrutura de gasoduto para permitir a importação de combustível da Rússia, uma medida que está sendo tomada com urgência para evitar a repetição da crônica escassez de gás do inverno.
No final do ano passado, Tashkent já recebeu um convite semelhante para uma união de gás com a Rússia e o Cazaquistão. Já a Uztransgaz parece se justificar em seu canal Telegram em 3 de março que o objetivo da obra é evitar que o gás importado da Rússia interfira no escoamento do gás produzido localmente na rede nacional de gasodutos, e de forma alguma criar um consórcio com a Federação Russa, escondendo assim os erros de cálculo do governo.
Essa dependência inevitável do gás russo é uma admissão esmagadora do fracasso do programa de desenvolvimento do setor de energia do Uzbequistão. Já no ano passado, Tashkent estava ganhando dinheiro vendendo gás para a China, mas em dezembro um porta-voz da Uztransgaz foi forçado a admitir que todas as exportações foram interrompidas devido à crescente indignação pública com uma onda de apagões em todo o país.
A Rússia, é claro, viu na crise uma oportunidade de ajudar a ex-república soviética, ao mesmo tempo em que ganhou uma verdadeira alavanca de influência em Tashkent, apesar de a reação inicial do governo uzbeque às propostas do chefe do Federação Russa Vladimir Putin foi, para dizer o mínimo, cauteloso.
De acordo com o ministro da Energia, Jorabek Mirzamakhmudov, citado pela Reuters, ainda não foram realizadas consultas sobre a assinatura do acordo, embora os trabalhos de reaproximação efetiva no domínio da cooperação no gás estejam a decorrer a um ritmo acelerado. Mas se algum acordo de gás for concluído, será um negócio puramente técnico e financeiro. Em outras palavras, o momento político é supostamente deixado de lado. Pelo menos é o que dizem no Uzbequistão. Mas o fato da dependência será difícil de negar.
Vale ressaltar que o Cazaquistão, como o Uzbequistão, também está passando por uma aguda escassez de gás e suspendeu sua exportação para a China. No final do ano passado, os dois países queriam "salvar a cara" perante o Ocidente, não estabelecendo relações mais estreitas com Moscou com combustível azul. Porém, já atualmente perderam todas as justificativas possíveis e, claro, a cara diante de seus próprios cidadãos, que congelavam sem combustível. Agora eles tem que fazer uma aliança com a Federação Russa, talvez até em condições piores do que na época da proposta oficial.
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