O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na reunião semanal com seus ministros
Para professor de Direito Internacional da FGV, guerra entre os dois países é inevitável
Enquanto as possibilidades de entrar em conflito com o Irã se dissipam, o premiê israelense parece considerar uma possível guerra contra o vizinho libanês. Segundo informações obtidas com exclusividade pelo jornal israelense Haaretz, Benjamin Netanyahu pretende atacar o Líbano caso o Hezbollah realize qualquer tipo de provocação contra Israel.
A mensagem foi transmitida às autoridades libanesas por meio de um diplomata ocidental que se encontrou com o premiê israelense há algumas semanas, conforme apurou o Haaretz. De acordo com um alto funcionário não identificado que teria participado da reunião, Netanyahu deixou claro que as Forças Armadas de Israel vão investir com força contra o Líbano se houver qualquer incidente com o Hezbollah.
“Naquilo que nos diz respeito, o governo libanês é responsável por tudo que acontece em sua jurisdição”, teria dito o primeiro-ministro israelense ao diplomata. Isso significa que Exército de Israel atacaria a infraestrutura do Líbano, incluindo usinas de energia, portos marítimos, edifícios públicos, ruas e avenidas sem distinguir alvos identificados com o Hezbollah.
O gabinete de Netanyahu se recusou a comentar sobre o assunto.
O Opera Mundi conversou com Salem Nasser, professor de Direito Internacional da Fundação Getúlio Vargas e especialista em Oriente Médio, sobre as relações políticas entre Israel e o Líbano a fim de compreender a possibilidade de um conflito entre os países.
“A guerra é inevitável”, afirmou ele. “Pois o governo israelense se recusa a aceitar a existência do Hezbollah, um de seus mais poderosos adversários na região”, acrescenta. O grupo libanês, que possui o apoio da grande maioria da população, foi responsável por expulsar os militares israelenses do sul do Líbano em 2000, encerrando uma ocupação de 18 anos, e por derrotá-los no conflito de 2006.
Nasser explica que Israel deseja manter uma área de influencia no país vizinho, mas encontra dificuldades por conta da presença do Hezbollah. “O governo de Tel Aviv quer esvaziar o sul do Líbano para voltar a ocupá-lo ou para deixar uma faixa de segurança nessa região fronteiriça. Por isso que no fim da guerra de 2006, o Hezbollah pediu para todos os libaneses voltarem às suas casas no sul do país. Para não dar espaço às forças israelenses."
Para o professor, a divulgação desta declaração de Netanyahu ao Haaretz indica que o governo israelense está considerando atacar o Líbano em um futuro próximo. “As autoridades israelenses podem considerar esse momento o ideal para uma vitória decisiva contra o Hezbollah, que está enfraquecido por conta do conflito na Síria”, explicou.
Um dos principais aliados do grupo libanês, o governo de Bashar al Assad foi responsável por acolher os refugiados libaneses e fornecer alimentos e outros itens básicos à população do país durante a guerra de 2006 contra Israel. “O premiê israelense pode estar pensando: ‘esse é o momento para a vitória decisiva’”, supõe Nasser.
O analista ainda alerta para a possibilidade das autoridades israelenses estarem divulgando essas informações com o intuito de influenciar a mídia internacional em sua abordagem do confronto iminente. "Israel tem a intenção de atacar o Líbano e agora está preparando a opinião publica internacional para acreditar que age em legítima defesa: ‘as Forças Armadas vão agir apenas no caso de uma provocação do Hezbollah’”, explica ele.
Opera Mundi
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