Com o pedido de reconhecimento na ONU como Estado não-membro, os palestinos demonstram que "não respeitam os acordos que assinam", criticou Israel
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu: ele ainda não decidiu o que fará caso o novo status palestino seja aprovado na ONU
Jerusalém – O pedido de reconhecimento da Palestina na ONU, que será votada na quinta-feira na Assembleia Geral, é, segundo Israel, uma "má ideia para travar o conflito" no Oriente Médio e servirá para os palestinos dizerem ao mundo que "não respeitam os acordos que assinam".
As declarações foram feitas nesta quarta-feira à Agência Efe por um dos porta-vozes do Ministério israelense de Relações Exteriores, Paul Hirschson, que considerou que "todo mundo" conhece o significado da votação.
"Se reconhecerem a Palestina, tudo será mais difícil. O mundo sabe e apesar disso, votará a favor. Esta é uma má ideia", afirmou ao fazer referência a pelo menos 140 países que decidirão o futuro do povo palestino.
Consultado pela Efe sobre o apoio da Espanha à iniciativa palestina – anunciado nesta quarta-feira -, o porta-voz israelense não quis fazer comentários sobre nenhum país em particular.
Neste sentido, Hirschson se limitou a reiterar a postura geral de seu governo com relação ao pedido, que representa uma "flagrante violação dos Acordos de Oslo", os pactos feitos entre 1993 e 1998 que deram vida à Autoridade Nacional Palestina (ANP) como entidade temporária e que fixaram que esse grupo deveria se transformar, num prazo de cinco anos, em um Estado independente.
"A pedra fundamental desses acordos, conceitual e contratual, é que os temas em disputa seriam tratados em uma mesa de negociações", afirmou antes de ressaltar que o pedido à ONU representa uma decisão unilateral não contemplada nos acordos.
"No lado israelense, não deixa espaço à confiança com relação aos acordos futuros porque a mensagem é que os palestinos não respeitam o que assinam", argumentou.
O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ainda não decidiu qual será sua resposta, que dependerá dos próximos passos de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina.
Neste sentido, Hirschson pediu para ver a "dupla mensagem" que Abbas e seus porta-vozes farão depois do reconhecimento com relação à Israel.
"Por um lado, dizem que negociarão e por outro, que nos processarão em tribunais internacionais. Qual das duas opções será que irão seguir?", questionou.
Desde o fracasso das negociações em setembro de 2010, o líder palestino condiciona o retorno ao diálogo a partir da cessação da construção dos assentamentos judaicos no território ocupado desde 1967, a fim de que a colonização não dilua a solução dos dois Estados.
Abbas não disse se este requisito seguirá em vigor depois do reconhecimento ou se, pelo contrário, será retirado, uma vez que a declaração da Assembleia inclui, segundo a última minuta, a capital de Jerusalém Oriental e as fronteiras de 1967 como os territórios palestinos.
Entre os israelenses, estima-se que a curto prazo o governo de Netanyahu ficará limitado na resposta que possa dar ao reconhecimento da Palestina pela realização das eleições antecipadas de Israel no dia 22 de janeiro.
"Por enquanto, se trata sem dúvida de um passo negativo, prejudicial para nossas aspirações de resolver os problemas, mas o verdadeiro desafio será do próximo governo", observou Hirschson.
Em sua opinião, com a nova condição "os palestinos ficarão tentados em seguir com o conflito ao invés de retormar o diálogo, ao abandonar a mesa de negociações rapidamente assim que surgirem as primeiras divergências, por isso que a votação de amanhã fará com que o conflito dure mais 30 anos".
"Nós também podemos começar a tomar decisões de forma unilateral", disse Hirschson.
Naval Brasil
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
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Israel: pedido palestino é uma má ideia para travar conflito
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