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domingo, 1 de setembro de 2013

A Síria de hoje vista pelos olhos de uma russa

Os combates entre as tropas governamentais e a oposição já duram na Síria há mais de 2 anos e meio. Nas áreas que agora são controladas pelos rebeldes, a vida mudou radicalmente. Lyudmila Polinina, que se mudou de Moscou para a cidade síria de Rakka, contou à Voz da Rússia no que se transformou em poucos meses essa pequena cidade simpática.

Lyudmila Polinina vive na Síria há mais de 25 anos. Ela veio pela primeira vez para este país em 1985, logo depois de ter casado com um sírio. A senhora recorda esse período com um especial carinho:

"Aqui se estava muito bem, era completamente seguro, tudo era barato, as pessoas eram boas. Se você disser que vem da Rússia, te ajudam no que puderem, havia um completo respeito".

Tudo mudou em março de 2013, quando a cidade de Rakka, situada a duzentos quilômetros de Aleppo, ficou sob controle das tropas da oposição.

"Tudo ficou mais caro, não há qualquer segurança, a água e a eletricidade são desligadas com frequência, por vezes durante vários dias, há bombardeamentos, tiroteios, uma autêntica guerra. Hoje houve explosões, rebentaram carros armadilhados. Não há autoridade".

Antes da guerra, Lyudmila Polinina gostava de passear durante horas pelas ruas da sua cidade, mas agora só sai de casa em caso de absoluta necessidade.

"Eu saio muito pouco, não me apetece, qualquer coisa pode acontecer, há vítimas. Houve um caso em que uma menina de treze ou catorze anos caminhava com os pais, mas os terroristas levaram simplesmente a criança e até hoje ninguém sabe onde ela está".

Só as fotos do álbum de família recordam a Lyudmila como eram antes as ruas de Rakka.

"Nós temos uma cidade bonita, verde, aconchegante. Ela não é grande, mas é tão bonita e eu gosto dela, mas agora está tudo sujo, há lixo amontoado e áreas destruídas".

Lyudmila conta que nos últimos tempos piorou a situação alimentar. Segundo descreveu, as cidades sob controle das autoridades sírias não vivem nesse caos.

"Há problemas com a falta de pão, ocorrem conflitos com mortos, pois não há polícia e as pessoas se defendem sozinhas. Mas é só na nossa cidade, nas outras cidades, mesmo que estejam destruídas, existe o poder do estado, aqui não existe".

Vários parentes sírios de Lyudmila já morreram vítimas de ataques terroristas. Depois disso, a senhora passou a ter muito medo pelos seus filhos mais velhos e receia mesmo falar dos filhos por telefone.

"A minha filha terminou a escola neste ano, mas os rapazes já são grandes. É melhor não falarmos deles porque há escutas por todo o lado".

Lyudmila Polinina recorda com tristeza o famoso sistema de educação sírio, do qual o país tanto se orgulhava. Dele não resta praticamente nada nas cidades conquistadas pela oposição.

"Durante este ano, metade das escolas não pode ter as aulas como normalmente, porque nas escolas viviam os refugiados oriundos de outras cidades e as escolas ficaram ocupadas. Muitos dos nossos parentes não tiveram exames no segundo semestre e foram obrigados a ir fazer em outros lugares. Eu não sei o que vai acontecer aqui em relação à educação".

Lyudmila se queixa que nas cidades controladas pelos revoltosos também não há assistência médica.

"O hospital fica aqui perto, mas está em poder dos revoltosos e eles estão lá. Eu não sei o que lá se passa quanto à assistência médica e aos medicamentos".

Lyudmila Polinina tem esperanças que os países ocidentais não bombardeiem a Síria.

"Eu penso que eles serão suficientemente espertos. Há pessoas que já entraram em pânico. Eu confio em Deus".

Na Síria vivem muitos russos. Alguns tentam regressar agora à Rússia, para longe da guerra. Outros, como Lyudmila Polinina, ficam, acreditando que a vida vai retomar o seu rumo normal.

Voz da Rússia

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