Em declarações acaloradas, o presidente Nicolás Maduro exigiu de seu colega colombiano, Juan Manuel Santos, nesta terça-feira, que pare "de se meter nos assuntos internos" da Venezuela, país que está sendo varrido por uma onda de protestos estudantis.
"Já chega, cacete! Já chega de se meterem nos assuntos internos da nossa Pátria! Os problemas dos venezuelanos devem ser resolvidos pelos venezuelanos", afirmou Maduro, que rejeitou as declarações de Santos, segundo as quais a Venezuela "deporta e maltrata" colombianos.
Nesta terça, além de convocar o diálogo na Venezuela e oferecer sua ajuda, também pediu que "se respeitem os direitos humanos dos colombianos residentes na Venezuela", destacando sua preocupação "com a recente deportação de compatriotas que denunciaram ter sido deportados sem justa causa".
"E vem Santos dizer que, na Venezuela, maltratam-se os colombianos, que meu governo os maltrata e os deporta", lamentou Maduro.
"O presidente Santos vai me dar lições de democracia, quando eu venho defender o direito à paz do povo da Venezuela (...) Novamente, o presidente Santos comete um erro ao se deixar levar por sua simpatia pela direita fascista da Venezuela", acrescentou o herdeiro político do falecido presidente Hugo Chávez.
Maduro já acusou o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, junto com os Estados Unidos, de ser um dos promotores das marchas opositoras que completam duas semanas na Venezuela e que o governo classifica de "golpe de Estado em desenvolvimento".
Nos últimos dias, a Venezuela foi palco de protestos contra o governo de Nicolás Maduro, liderados pela oposição e por grupos de estudantes que se queixam da insegurança, da inflação e da escassez de produtos no país.
Crise na Venezuela desencadeia 'batalha online'
Em meio à onda de protestos pró e contra o governo da Venezuela, cresce nas redes sociais uma "batalha virtual" sobre os rumos da política do país. O Twitter, em particular, entrou em clima de alta tensão desde que três manifestantes foram mortos, na semana passada, ao fim de um protesto da oposição.
O país já é, em geral, um importante polo de uso de Twitter. E, com poucas notícias sendo transmitidas a respeito do protesto nas principais emissoras de TV e rádio, muitos venezuelanos têm se voltado às redes sociais em busca de informações.
Na noite desta terça-feira, após a prisão do líder oposicionista Leopoldo López, diversas hashtags a favor e contra os protestos estavam entre os principais assuntos do momento no Twitter, como #ResistenciaVzla e #18FLeopoldoTeAcompano.
Algumas das hashtags mais populares entre a oposição estão em inglês (#prayforVenezuela e #sosVenezuela) e, até terça-feira desta semana, haviam sido tuitadas mais de 1,2 milhão de vezes; elas ganharam popularidade não apenas no país, mas também nos Estados Unidos, que abriga uma considerável colônia de expatriados venezuelanos.
Seguidores
A conta de Twitter de López (que se entregou à Guarda Nacional, em uma rendição acordada com o presidente Nicolás Maduro) é a que mais ganha seguidores no momento no país, segundo o site de análise de mídias sociais Socialbakers.
López tem popularizado a hashtag #lasalida (a saída), movimento que pede a renúncia de Maduro - o que levou muitos venezuelanos a acusarem-no de tentar promover um golpe de Estado.
O governo, bem como seus simpatizantes, também estão usando as redes sociais com grande intensidade, explica Billy Vaisberg, que coordena um site de monitoramento do uso do Twitter na Venezuela.
"É como uma batalha virtual", diz ele, entre simpatizantes de governo e oposição tentando fazer com que suas hashtags sejam as mais comentadas.
O ex-presidente Hugo Chávez, que inicialmente foi um crítico do Twitter, depois sucumbiu e se tornou um grande usuário da rede social, estimulando muitos venezuelanos a abrirem uma conta na rede.
Hoje, muitas autoridades venezuelanas passaram a adotar o Twitter - em vez de comunicados à imprensa - para anunciar notícias importantes. Uma das mais populares hashtags pró-governo é #tropa, usada para convocar aliados para uma variedade de causas simpáticas ao governo.
Na quarta-feira da semana passada, nas horas que se seguiram aos protestos estudantis em Caracas, havia relatos - confirmados pelo Twitter - de que algumas imagens específicas haviam sido bloqueadas na rede social, supostamente a pedido do governo.
Já o governo criticou usuários da rede por circularem imagens "falsas", depois de usuários terem postado fotos que alegavam terem tirados nas ruas da Venezuela, mas cuja origem foi rastreada a lugares como Egito, Grécia e Espanha.
Defesa Net/Terra
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