Síria: sofrimento do povo como pretexto para a guerra - Noticia Final

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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Síria: sofrimento do povo como pretexto para a guerra

A Síria está novamente sendo ameaçada com um ataque externo. O presidente dos Estados Unidos Barack Obama disse que não descarta a resolução da crise síria por meios militares.

Desta vez, o líder ocidental está preocupado com o "sofrimento do povo da Síria". E um atraso dos prazos estabelecidos de eliminação das armas químicas pode ser um fator agravante.

A crise humanitária na Síria causou novos desacordos no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os países ocidentais prepararam um projeto de resolução que, sob ameaça de sanções, exige, principalmente às autoridades sírias, conceder às organizações humanitárias acesso completo a Homs e outras cidades sitiadas.

Segundo o lado russo, o documento está divorciado da realidade. Em particular, Damasco conseguiu negociar com os rebeldes um cessar-fogo temporário na região de Homs. No entanto, tiros de militantes ouvem-se periodicamente, resultando na interrupção da evacuação de civis e da distribuição de ajuda humanitária. Esta é a situação objetiva, confirmada por representantes da ONU. Enquanto que o texto da resolução, que contém ameaças, só prejudica os esforços da comunidade internacional para resolver o conflito.

Como observou o ministro russo Serguei Lavrov, cria-se a impressão de que agora estão tentando usar o tema humanitário na Síria como antes usaram a situação das armas químicas, a fim de criar um pretexto para um cenário militar e provocar uma mudança de regime. A história já conhece tais exemplos, comenta o analista político Grigori Kosach:

“As diversas intervenções externas das décadas de 1990 e 2000 foram realizadas com slogans como “Defendamos os nossos correligionários!”, “Defendamos os nossos cidadãos!”, “Defendamos povos irmãos!”, e assim por diante. Naturalmente, tal como as armas químicas, a situação humanitária é também apenas um pretexto. E, se necessário, pode ser usada para uma intervenção externa nos assuntos internos sírios. Não é por acaso que hoje dizem não foram retiradas de Homs todas as pessoas que deveriam ter sido. Não é por acaso que dizem que algumas das pessoas que foram retiradas de Homs, não foram depois encontradas. Desta forma alude-se a que o lado do governo está se comportando de forma inadequada. Isto é apenas uma prova de que a situação humanitária pode ser usada – e com um alto grau de probabilidade – para realizar uma intervenção externa”.

Nestas circunstâncias, o presidente norte-americano Barack Obama lembrou mais uma vez ao mundo que se reserva o direito de usar a força militar no interesse da segurança nacional. Ora atualmente, em sua opinião, “o sofrimento do povo sírio é uma ameaça a tais aliados dos norte-americanos como Líbano e Jordânia”. Por eles, Obama está disposto a atacar a Síria.

Isto demonstra mais uma vez que os verdadeiros objetivos dos EUA não têm nem nunca tiveram a intenção de promover a resolução pacífica da situação no país árabe, acredita o analista político Serguei Mikheev:

“Desde o início, os norte-americanos não tinham a mínima vontade de resolver esta crise pacificamente. Eles simplesmente são obrigados a aceitar que a iniciativa da Rússia, apoiada pela China e pelo Irã, desviou a ameaça de invasão militar. Foi um fracasso seu, e eles consideram-no como tal. Mas eles não querem nenhuma resolução pacífica. Eles não precisam dela para nada. No entanto, não acho que os norte-americanos, num futuro próximo, se a situação continuar a evoluir como o está agora, estou falando da remoção de armas químicas e tudo o resto, estejam prontos para um verdadeiro ataque. Mas Obama decidiu indicar que eles não excluem nenhumas possibilidades”.

Israel, à luz do arrefecimento das relações com os Estados Unidos por causa da questão palestina, não aparece na lista de países cujos interesses os norte-americanos estão dispostos a defender. Mas Israel está pronto para se defender a si mesmo – a Damasco são dirigidos avisos sobre a tomada de medidas preventivas se armas químicas caírem nas mãos de grupos extremistas. Não que essas ameaças devam ser levadas a sério: o regime de Al-Assad é para Israel uma maior garantia de segurança do que não um novo governo desconhecido. Mas isso mostra que encontrar falhas na implementação dos planos de eliminação de armas químicas da Síria é bem possível caso haja tal desejo.

Atualmente, foram removidos da república cerca de 10% dos arsenais químicos a serem liquidados no exterior. Não foi possível cumprir os prazos estabelecidos pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e retirar todas as substâncias tóxicas até 5 de fevereiro. Mas os especialistas da missão conjunta da OPAQ e das Nações Unidas não estão com pressa de responsabilizar seja quem for por isso. Eles observam que o atraso foi causado por razões logísticas objetivas. O prazo final para a eliminação das armas químicas sírias foi estabelecido em 30 de junho.

Voz da Rússia 

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