Ucrânia: Região de Donetsk está à espera da federalização - Noticia Final

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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Ucrânia: Região de Donetsk está à espera da federalização

Donetsk, capital da mais importante região da Ucrânia, encontra-se à frente de protestos. Os habitantes deste território pró-russo exigem um referendo sobre o estatuto da região em condições de crescimento brusco de ânimos e ações neonazistas.
Só a federalização pode deter hoje a desintegração da Ucrânia. Mas as autoridades não legítimas em Kiev fazem-se de surdas em relação a esta ideia razoável e pragmática.

Na atual região de Donetsk vivem quase cinco milhões de pessoas, 75% das quais consideram russo como língua natal. Esta é a mais importante região industrial da Ucrânia, onde se encontram as maiores empresas mineiras, metalomecânicas, metalúrgicas e químicas. Principalmente à conta desta região vivem territórios ocidentais do país, cuja população, por mais estranho que pareça, sente frequentemente despreza arrogante ou até ódio em relação aos habitantes de Donbass. Os chamados verdadeiros patriotas ucranianos consideram os habitantes da região de Donetsk “agentes da Rússia” ou seja inimigos.
Infelizmente, seria em vão buscar racionalidade nestas divagações. Lá onde reina a exaltação não pode haver o bom senso. Mas, em certo grau, os nacionalistas ucranianos têm razão: a população da região tem atração para a pátria histórica. Isso é absolutamente evidente, porque este território entrou na composição da República Socialista Soviética da Ucrânia só depois da proclamação do poder soviético. Anteriormente, a região de Donetsk fazia parte do Império Russo.

Vladimir Kornilov, perito em assuntos políticos, considera que o leste da Ucrânia e, concretamente, a região de Donetsk diferem muito, se não em tudo, da parte ocidental do país:
“O mais triste para estadistas ucranianos de hoje é o fato deles terem tentado explicar durante muito tempo as diferenças entre os habitantes de Donbass e os habitantes da cidade vizinha de Rostov-no-Don, que na realidade são muito parecidos. À primeira vista, eles conseguiram explicar as diferenças. Mas agora, um habitante de Donetsk, olhando para um habitante da Ucrânia ocidental, entende que eles têm muito mais diferenças. São a língua, a religião, a interpretação da história e dos seus heróis e a opção geopolítica. Há duas Ucrânias diferentes que podem coexistir dificilmente no quadro de um Estado unitário”.

A região de Donetsk está povoada por pessoas fortes, acostumadas ao trabalho e a desfortúnios. Elas sabem e podem tomar decisões e é por isso, provavelmente, que os protestos ganharam aqui tal envergadura. Esta já é uma questão dos princípios, uma questão da opção moral, da atitude para com os antepassados e o seu futuro. A população russófona da região nunca irá aceitar Stepan Bandera e Roman Shukhevich como heróis da Ucrânia. Para eles, são traidores e verdugos, inclusive do povo ucraniano.
Contudo, a Ucrânia ocidental avança para o leste com bandeiras com imagens destas, digamos, personalidades históricas. O professor Alexander Danilov faz lembrar de que foi formada a Ucrânia soviética:

“São três ou até quatro territórios diferentes com sua história, tradições, línguas e culturas independentes. A Ucrânia central é uma região, a Ucrânia oriental, inclusive Donetsk, Zaporozhie, Carcóvia e Lugansk, é outra e a Crimeia é terceira. Há a Ucrânia ocidental, mas podem ser referidos ainda os rutenos, povo que há pouco entrou na composição do Estado ucraniano”.

Não é segredo que em forma atual a Ucrânia existiu apenas durante 23 anos, desde o momento da desintegração da URSS. Não se pode dizer que este foi o melhor período na vida de dezenas de milhões de pessoas que habitam aquele país. A gravíssima crise que deflagrou com a participação direta do Ocidente e revelou todos os pontos doentios do atual Estado ucraniano tem mostrado que ele é capaz de sobreviver só em condições da organização federativa, quando forem concedidas amplas competências a regiões. Mas Kiev não pode por enquanto entendê-lo.

UND2

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